O Oscar 2024 ocorreu no último domingo (10) e fechou a temporada de premiações, consagrando-se como mais uma noite de celebrar e reconhecer os filmes que chamaram atenção de público e crítica no ano de 2023. Sempre é uma emoção torcer para nossos favoritos levarem a estatueta do careca de ouro para casa. Afinal, assistir filmes é um hobby muito comum entre as pessoas, quem nunca maratonou sua saga de filmes favorita? Ou se animou quando uma produção muito esperada chegou aos cinemas de sua cidade?

Eu particularmente sou uma grande apreciadora de cinema, sempre que posso boto um filminho e faço uma pipoca para acompanhar minha sessão, ou até mesmo corro para o cinema mais próximo para assistir um lançamento. E com certeza os k-idols não são diferentes. Não sei vocês, mas sempre fiquei curiosa para saber sobre os gostos musicais e cinematográficos dos artistas de k-pop, porque é uma forma de conhecer uma parte pessoal deles. Receber uma recomendação de um desses idols é quase como se um amigo seu te mostrasse algo novo. 

Por isso, e pelo clima deixado pela cerimônia do Oscar, decidi assistir a três recomendações feitas por k-idols e trazer minhas opiniões sobre eles para vocês. Fiz questão de escolher filmes que nunca havia assistido para a experiência ficar mais divertida. Além disso, há recomendações de diferentes gêneros. Quem sabe alguma dessas sugestões instigue seu interesse para procurar mais sobre! (ANÁLISES SEM SPOILERS) 

1-) O FANTÁSTICO SR. RAPOSO – RECOMENDADO POR VERNON (SEVENTEEN) 

(foto:reprodução)

Vernon é quase um cinéfilo assumido, e nunca perde a oportunidade de dividir com fãs suas indicações em suas redes sociais. “Parasita” (2019) e “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” (2022), ambos vencedores do Oscar de Melhor Filme em seus respectivos anos, são alguns de seus favoritos, e também são alguns de meus queridinhos. Então, minha expectativa estava alta quando ele disse em live que “O Fantástico Sr Raposo” (2009) era seu filme favorito dirigido por Wes Anderson, diretor também responsável por “O Grande Hotel Budapeste” (2014) e “Asteroid City” (2023).

O longa é uma adaptação do livro homônimo de Roald Dahl e conta a história do Sr Raposo (George Clooney), que possui questões existenciais pela sua dualidade como animal selvagem e pai de família. O elenco é composto por nomes estrelados como Meryl Streep e Willem Dafoe, e traz em 87 minutos de animação uma história cativante cheia de  reflexões sobre qual é nosso lugar no mundo e se devemos permanecer nas caixinhas que a sociedade faz questão de nos colocar. 

Tudo é muito característico de Anderson, como as cores e o humor excêntrico. O filme possui diversos personagens e cada um deles tem sua essência própria, seus questionamentos fazem referência a sua idade, suas crenças e como eles querem ser vistos pelo próximo. Suas espécies animais os diferenciam e se mostram ao longo do filme como suas maiores vantagens. Claro, para que o espectador entre na história é preciso mais que o trabalho de voz de dubladores famosos, é necessário também uma equipe por trás da animação e cenários, e nisso o filme brilha. 

Wes Anderson trabalhando com o boneco do Sr. Raposo (foto:reprodução)

A animação é linda e impressionante, ainda mais por que o recurso de stop motion está cada vez mais raro no cinema pela sua grande demanda de trabalho e alto custo. Eu me diverti muito assistindo a película, pois hoje, como adulta, pude me identificar com as questões existenciais tanto das personagens adolescentes quanto dos adultos. 

Acredito que se eu rever “O Fantástico Sr. Raposo” quando tiver minha própria família, terei outras percepções e isso é o que deixa a experiência de assistir filmes única, sempre depende do nosso momento de vida. Ademais, consigo ver o porque Vernon gosta tanto dele, visto que o idol sempre advoga para questões de saúde mental e autoestima. 

Recomendo muito para quem gosta de animações ou produções com aquele clima de Sessão da Tarde que só um filme que fala sobre temáticas familiares pode trazer. “O Fantástico Sr. Raposo” tem classificação livre e está disponível no Star+ e para aluguel na Amazon Prime.

2-) CLOSER: PERTO DEMAIS – RECOMENDADO POR NAYEON (TWICE) 

(foto:reprodução)

Nossa main vocal do TWICE também não esconde seu amor por filmes, principalmente por romances dramáticos. Inclusive, fiquei feliz e surpresa quando vi que entre seus favoritos estão filmes sáficos como “A criada” (2016), “Carol” (2015) e “Alguém avisa?” (2020) que são alguns dos favoritos para amantes de temática LGBTQIAP+. 

 Como uma fã de longas de romance, não podia escolher outro para assistir se não “Closer: perto demais” (2004) que sempre esteve na minha lista, e finalmente foi o momento de dar uma chance. A trama gira em torno de dois casais, formados por duas mulheres norte-americanas e dois homens britânicos, e como suas particularidades e diferenças culturais causam problemas como ciúmes, mentiras e obsessões em suas relações interpessoais. O elenco dispensa apresentações quando possui nomes como Natalie Portman, Jude Law, Julia Roberts e Clive Owen.

Nos 108 minutos de longa há uma tensão constante que permeia os personagens e seus diálogos vão ficando cada vez mais carregados de carga emocional, o que te prende para saber qual será a reação daquele personagem quando é confrontado com alguma problemática. 

Neste sentido, os conflitos são geralmente entre quatro paredes e falam sobre temáticas humanas como amor e sexo. É interessante, pois em cada uma dessas cenas é extraído o melhor de cada ator. Tal fato é mérito da direção de Mike Nichols, responsável também por “A primeira noite de um homem” (1967) e “Jogos de poder” (2007), que adaptou o roteiro de uma peça teatral. Isso denota como o elenco é a melhor parte dele, não a toa Natalie Portman levou o Globo de Ouro por melhor atriz coadjuvante, e Clive Owen foi premiado no BAFTA e foi indicação ao Oscar 2005 de Melhor Ator Coadjuvante pelo seu papel em “Closer”. 

Clive Owen e Natalie Portman (foto:reprodução)

Particularmente, eu não gostei de como as personagens femininas são descritas, quase como femme fatales que só estão lá para manipular e acabar com a vida dos protagonistas masculinos. É uma sensação de “Tadinhos, eles só estão nessa situação porque caíram na armadilha de uma mulher que não sabe o que quer da vida”. Por mais que isso esteja muito intrínseco ao plot do filme, não há como pensar anacronicamente visto que esse filme foi feito há mais de 20 anos, muita coisa mudou desde então. 

Ademais, me deixou um pouco desconfortável a forma como o tempo é transposto em tela, pois a história se passa em alguns anos do personagens e você só identifica que esse tempo passou pois é dito em diálogo, nada mais dá uma dica ao espectador sobre essa passagem temporal. Talvez somente os diferentes cabelos da personagem de Natalie Portman, mas não é sempre que ela está em tela para que nós possamos nos situar do ano e situação do quarteto principal. Assim, pode ser uma característica vinda do teatro, mas em adaptações é importante aquela regra do cinema de que mostrar é melhor que falar.

Entretanto, vejo o porque Nayeon parece gostar tanto de “Closer: Perto demais”, pois o romance é chave para toda a trama do longa e nos faz pensar sobre relações amorosas e como elas nos posicionam perante a sociedade, principalmente se você é mulher. Qual o peso que tanto o amor próprio e o amor romântico têm em nossas vidas? É o principal questionamento que permeia minha cabeça depois de ter assistido “Closer”. A classificação indicativa é 14 anos e o filme está disponível na Netflix. 

3-) A IDENTIDADE BOURNE- RECOMENDADO POR JUYEON (THE BOYZ) 

(foto:reprodução)

Juyeon, ou Juju como gosto carinhosamente de chamar, nunca escondeu ser fã da saga de filmes “Bourne”, em diversas entrevistas ele disse que ama os longas ou gostaria de viver no universo por trás do personagem principal Jason Bourne. Inclusive, em uma dessas entrevistas, ele disse que a saga “Bourne” e “Meia noite em Paris” (2011), de Woody Allen, são seus seus filmes favoritos. É engraçado ver a dualidade entre seus preferidos, visto que um é uma coletânea épica de ação e o outro é um filme bem água com açúcar de romance e ficção científica.

Não iria assistir todos os cinco filmes para fazer essa resenha então resolvi selecionar o primeiro, “A identidade Bourne” (2002) que foi dirigido por Doug Liman de “No limite do amanhã” (2014) e “Sr. e Sra. Smith” (2005), outros destaques do segmento de ação. A trama gira em torno de Jason Bourne (Matt Damon) que, após ser resgatado sem memória por um navio na Itália, descobre que possui diversas identidades e diferentes inimigos que correm contra o tempo para que ele não descubra quem realmente é e quem foi responsável por deixá-lo sozinho em mares europeus. 

Nos 119 minutos de filme, acompanhamos a fuga de Bourne enquanto ele tenta juntar o quebra cabeça de sua identidade, e nesse caminho ele encontra aliados e inimigos que tornam sua jornada mais complexa e perigosa. O filme foi revolucionário para o gênero na época de seu lançamento, levando a carreira de seu elenco a outro patamar. Filmes de espionagem com personagens mais humanos e falhos cresceu desde o lançamento de “Duro de matar” (1988) e “Missão Impossível” (1996), mas Bourne trouxe uma abordagem quase de road movie, ou filme de estrada, para o gênero.

Entretanto, assistir esse filme em 2024 me trouxe certo tédio, ainda mais quando passamos por uma mudança muito grande recentemente com lutas coreografadas que brilham em filmes de super herói como “Deadpool” e na saga de ação “John Wick”, por exemplo. Eu gosto que cada lugar do filme te situa bem de onde o personagem está, tanto geograficamente quanto em sua investigação, mas acaba parecendo estar lá para te fazer querer uma viagem para Europa que qualquer outra coisa. Outra falha é que Bourne não se lembra quem é e de suas habilidades, mas ao mesmo tempo parece o mestre dos magos que some aos olhos de profissionais da investigação.

Matt Damon como Jason Bourne (foto:reprodução)

O longa aposta em um romance entre Bourne e Marie (Franka Potente) que se junta a Jason em sua fuga, mas sua relação fica superficial por ter que dividir espaço com a ação e a parte de espionagem. Parece surgir para cumprir tabela, como se  Bourne precisasse de sua própria Bond girl, só que em uma versão estética rockeira alternativa. Não sei se a relação entre os personagens é melhor desenvolvida em outro filmes da saga, mas nesse achei que ficou muito corrido e poderia facilmente ser retirado do roteiro que não teria diferença. 

Mesmo com todas as minhas considerações, estou feliz de poder finalmente assistir esse que é considerado um filme base para fãs de ação, tenho certeza de que quem gosta do gênero vai ser transportado para essa era de filmes do começo dos anos 2000, então vale a pena ter essa experiência. Também me fez pensar que se o Juyeon gosta tanto desses filmes, por que não colocá-lo em um projeto de atuação parecido? Eu iria amar ver ele na estética agente secreto, por favor alguém faça isso acontecer! E, enquanto a gente aguarda o Juju ator, você pode assistir “A Identidade Bourne”, que possui classificação indicativa de 12 anos, na Amazon Prime, Telecine e no Star+.

Espero que algum dos filmes chame sua atenção e te deixe mais próximo de seu artista favorito. Para quem gosta de filmes e k-pop é sempre interessante procurar as listas do Letterboxd compiladas por fãs de indicações de longas feitos por idols. Meu novo passatempo é procurar nessas listas novas sugestões para minhas sessões pipoca!