Quando BTS chegou ao mercado fonográfico da Coreia do Sul, há 10 anos, três empresas dominavam: SM, YG e JYP Entertainment. O trio ditava tendências artísticas e nenhuma delas se aproximava ao que BTS apostava naquele ano. Entre os boygroups, por exemplo, SHINee trabalhava na ambiciosa e excelente trilogia “Misconceptions”; EXO lançava o seu primeiro álbum completo, “Wolf”; BIGBANG ainda colhia os frutos de “Alive”; e 2PM mostrava que o sexy ainda era um conceito interessante para ser explorado com o disco “Grown”.

Portanto, sem se apoiar em grandes empresas e ao apostar em conceitos que apenas grupos menores se arriscavam, a estreia do BTS acabou sendo tímida: em 2013, os discos “2 Cool 4 Skool” e “O!RUL8,2?” venderam apenas 55 mil cópias, um número muito distante da casa de milhões que qualquer lançamento do grupo chega atualmente. Já em 2014, os álbuns “Skool Luv Affair” e “DARK&WILD” quase chegaram a 200 mil cópias vendidas.

Em 2015, o cenário mudou. “The Most Beautiful Moment In Life – Part 1” vendeu sozinho mais de 200 mil unidades ‒ hoje, são 865 mil em todo o mundo. O disco simboliza um momento-chave na carreira do grupo ao finalmente mostrar o seu potencial comercial. Deste álbum em diante, inclusive, as vendas cresceram cada vez mais, incluindo trabalhos anteriores, tendo em vista que a Big Hit Music relançou todos os álbuns nos últimos anos.

Um BTS, muitas marcas

O pensamento do BTS enquanto marca foi tomar forma já em 2014, quando eles firmaram uma parceria com Lee Soon Gi e Park Jong Sung para o webtoon “We On: Be The Shield”. Infelizmente, a publicação oficial não está mais disponível, mas já naquela época dava indícios de que as webtoons se tornariam um produto importante não só para o BTS, como também para outros grupos dentro da mesma empresa, como o Tomorrow X Together e Enphyen.

Mais tarde, em 2017, o grupo chegou com o BT21, uma das sacadas mais geniais dos meninos. Koya, RJ, Shooky, Mang, Chimmy, Tata, Cooky e Van são personagens criados pelos próprios integrantes e surgiram, inicialmente, devido a uma parceria com a Line Friends para a criação de emojis. Entretanto, os bichinhos se tornaram uma verdadeira febre, com inúmeros produtos, como animações, videoclipes, jogo para celulares e parcerias com outras marcas.

Já no ano seguinte, o grupo formou sua primeira grande parceria em escala global com a LG. Os meninos foram os principais nomes à frente do smartphone G7 ThinQ, que posteriormente ganhou uma edição limitadíssima do grupo, com o logo impresso na traseira do celular. A parceria, entretanto, durou apenas um lançamento e não foi tão vindoura quanto com da Samsung, dois anos mais tarde.

Posteriormente, em 2019, o BTS voltou a solidificar seu nome por meio da própria Big Hit com o lançamento da webtoon “Save Me”, em parceria com a LICO, empresa subsidiária da Naver. Com mais de 56 milhões de visualizações, a produção resgata a série “The Most Beautiful Moment in Life”, que também foi continuada nos livros “The Notes”, ao dar continuidade ao Bangtan Universe (BU).

Já a parceria com a Samsung foi iniciada em 2020 e se mantém até a data da publicação deste artigo. Os meninos se tornaram o verdadeiro rosto da Samsung e estão à frente dos principais modelos lançados pela marca, como a linha S do Galaxy ‒ que possui uma edição especial do grupo ‒ os dobráveis Flip e Fold, e os fones Galaxy Buds. 

Agora, em 2023, o grupo deve avançar em outro mercado, o televisivo, com o k-drama “Youth”, que tem como base a webtoon “Save Me” e os livros “The Notes”. Sem data oficial, o k-drama foi anunciado em 2019 e tinha previsão de estreia já em 2020, mas quatro anos depois ainda seguimos sem muita certeza de quando a produção chegará às telinhas, porém com o trailer, é esperado que seu lançamento aconteça ainda este ano.

Vale destacar também que enquanto grupo, o BTS ainda teve (e tem!) outras muitas parcerias com marcas como Coca-Cola, McDonald’s, Funko Pop, Hyundai, Crocs, Snickers, Puma, Downy e Colgate. Já individualmente, há parcerias com a Calvin Klein (Jungkook), Valentino (Suga), Tiffany & Co (Jimin), Bottega Veneta (RM), Celine (V), Louis Vuitton (J-Hope), Dior (Jimin), NBA (Suga) e Maple Story (Jin).

Lucro de bilhões

A consequência de diversas marcas, vendas de discos e turnês mundiais gerou a movimentação de 41,8 trilhões de won, equivalente a R$ 125,9 bilhões, para a economia sul-coreana entre 2014 e 2023, segundo a Fortune (via Exame). Nunca um grupo de k-pop movimentou tanto dinheiro para o seu país como eles, por isso, inclusive, que em 2020 uma nova lei permitiu que artistas em ascensão pudessem adiar seu alistamento militar até os 30 anos.

A estimativa dos especialistas é que o país registre uma queda dessa movimentação até 2025, quando os sete integrantes devem retornar do serviço militar obrigatório. Mas, até lá, cada um deles ainda devem fazer um pouco de barulho na economia local e internacional com os lançamentos individuais e algumas turnês.

De Big Hit para Hybe

O lucro gerado pelo BTS foi tamanho que transformou a Big Hit Entertainment, agora Hybe Corporation, na principal potência do mercado fonográfico sul-coreano. Somente em 2020, por exemplo, a empresa adquiriu a KOZ Entertainment, do Zico, e a Pledis Entertainment, gravadora por trás de um dos maiores grupos de k-pop, o SEVENTEEN. Já em 2021, foi a vez a Source Music, que na época era responsável pelo GFRIEND.

As três compras foram estratégicas. As empresas eram pequenas, mas já tinham provado todo seu potencial no mercado, então tê-las sob um mesmo guarda-chuva foi uma decisão inteligente da Hybe. Assim, já naquela época era claro que a empresa entendia que não poderia depender exclusivamente do Bangtan – tanto que em 2019 debutou o Tomorrow X Together.

Graças ao BTS, a empresa também conseguiu ir além do mercado sul-coreano e asiático, com a compra da Ithaca Holdings, de Scooter Braun (responsável por Justin Bieber, Ariana Grande, Carly Rae Jepsen e muitos outros grandes nomes). Assim, uma nova divisão foi criada, a Hybe America, na qual Scotter, inclusive, se tornou CEO.

Portanto, com o grupo em pausa até 2025, a Hybe Corporation não precisa se preocupar tanto com lucros. Entre os principais nomes da indústria do k-pop e do pop norte-americano, a maioria está embaixo do seu guarda-chuva, mas é um fato: isso só foi possível graças e unicamente aos meninos à prova de balas. 

Texto po José | Revisão por Ana Carol | Equipe de Redação K4US
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