Uma antologia, protagoniza pela queridinha IU, de tirar o fôlego e mexer com os sentimentos mais estranhos. Isso mesmo, confira nossa resenha para Persona, K-drama da Netflix, aqui na K4US!

9/10

Persona

Título original: Pereusona/페르소나

Ano de lançamento: 2019

Episódio(s): 4 episódios entre 17-27 minutos, aproximadamente

Gênero: Antologia, Drama

Produção: NETFLIX

O que uma filha frustrada, uma namorada hipster, uma amiga fiel e uma ex-namorada têm em comum? Todas são IU e, ao mesmo tempo, não são. Nossa Ji Eun consegue criar 4 personagens completamente diferentes nesta antologia e impressiona com a versatilidade da atuação. E ainda que seu trabalho roube a cena, não tem como deixar de mencionar o roteiro de cada curta: insanos! Com uma estranheza que pode incomodar pelos finais vagos e diferentes interpretações que os episódios podem ter. Enfim, obrigada por tudo, Netflix, seguimos amando Ji Eun com todas as nossas forças!

Antes de começar, aqui vai um guia bem pequeno sobre essa resenha:

Como são 4 histórias diferentes, tentei organizar o melhor possível, conforme o roteirinho abaixo:

  1. Jogo do amor (personagens e história);
  2. Conquistadora (personagens e história);
  3. Será que beijar é crime? (personagens e história);
  4. Andando à noite (personagens e história).

1º – JOGO DO AMOR

PERSONAGENS

Resenha Persona Netflix
IU (Lee Ji Eun/ IU)

A filha que assiste à partida de tênis entre sua professora de inglês e seu pai. Ela não quer que os dois se casem.

Resenha Persona Netflix
Bae Donna

A professora de inglês da IU.

Resenha Persona Netflix
Pai (Kim Tae Hoon)

A HISTÓRIA

Resenha Persona Netflix

O primeiro curta metragem da série apresenta a intensa partida de tênis entre IU e sua professor de inglês (Bae Doona). O jogo, em questão, é motivado pela aposta que as duas fazem antes de começarem a disputar: IU, que não quer que seu pai se case com Doona, sugere que, caso ganhe, a professora deverá desistir do casamento. Doona, em contrapartida, propõe que IU desista do pai e, ainda, se case com o namorado estrangeiro. 

Resenha Persona Netflix
IU pistola depois de errar no jogo

Tem início, então, uma partida cheia de tensão entre as duas e esse aspecto da trama é bastante explorado por meio de diferentes recursos: uma sequência extensa que varia entre closes nos rostos das personagens, suados, concentrados ou frustrados (algo bastante comum para nossa IU), os gemidos típicos de um jogo de tênis e cenas em câmera lenta que capturam a constante movimentação das duas. 

Resenha Persona Netflix
Doona tirando um sarro básico da IU

2º – CONQUISTADORA

PERSONAGENS

Resenha Persona Netflix
Eun (Lee Ji Eun/IU)

A misteriosa professora de yoga.

Resenha Persona Netflix
Baek Jeong U (Park Hae Soo)

O namorado inseguro.

A HISTÓRIA

Resenha Persona Netflix
UÉ, ESSE LUGAR ME LEMBRA UMA COISINHA, VEJA AQUI

O segundo curta metragem de Persona (e, pessoalmente, meu preferido) retrata a tarde do casal Eun (IU), uma misteriosa professora de yoga, e seu namorado, Baek Jeong U (Park Hae Soo). Os dois se encontram após Eun voltar de uma viagem feita com os amigos e, enquanto ela comenta brevemente sobre isso, Jeong U se mostra cada vez mais inseguro e o curta trabalha esse sentimento colocando o namorado dentro uma sala branca, sua cabeça, onde ele reproduz, de forma simbólica, parte das coisas que Eun fala durante o dia. 

Resenha Persona Netflix
Resenha Persona Netflix

3º – SERÁ QUE BEIJAR É CRIME?

PERSONAGENS

Resenha Persona Netflix
Han Na (Lee Ji Eun/IU)

A amiga de Hye Bok que, preocupada com ela, vai à casa da garota para descobrir o que aconteceu com a jovem.

Resenha Persona Netflix
Hye Bok (Shim Dal Gi)

A garota que some da escola durante dias, sem avisar ninguém. 

A HISTÓRIA

Resenha Persona Netflix

No terceiro curta metragem de Persona, IU é uma colegial que vai atrás de sua amiga, Hye Bok (Shim Dal Gi) quando esta desaparece da escola por alguns dias. Além disso, Han Na sabe que o pai de sua amiga é um homem autoritário e machista, o que, juntamente do fato que Hye Bok não atender seu celular, constrói o início do curta: Han Na parada em frente à porta da casa de Hye Bok. 

No decorrer da trama, Han Na descobre que Hye Bok teve os cabelos cortados grosseiramente pelo pai quando este descobriu que a garota beijou alguém. A partir daí, as duas começam a planejar diferentes formas de vingança contra o tratamento do pai de Hye Bok.

4º – ANDANDO À NOITE

PERSONAGENS

IU (Lee Ji Eun/IU)
Resenha Persona Netflix
Namorado da IU

A HISTÓRIA (ATENÇÃO: MENÇÕES DE SUICÍDIO)

O último conto desta antologia usa do preto e branco para trabalhar com um tema bastante comum à sociedade sul-coreana: o suicídio.

Em Andando à Noite, o casal da história se encontra durante os sonhos do namorado, momento em que a personagem de IU conversa com o rapaz sobre o passado dos dois.

Significativamente melancólico, o curta, seguindo o estilo da antologia, trabalha com bastante simbolismo, como a utilização de cenas que ficam mais escuras quando o namorado está mais triste, por exemplo.

OPINIÃO

Persona não é fácil. 

Me peguei quebrando a cabeça para entender algumas coisas sobre cada curta metragem e, de cara, já posso te dar o seguinte conselho: não estranhe a estranheza. Se acostume, porque ela vai te acompanhar durante todos os 4 episódios. 

É incrível como uma antologia tão pequena consegue compactar tanta complexidade, em que cada detalhe da trama, mesmo quando ela tem menos de 20 minutos, contribui para diferentes interpretações sobre a história. 

Jogo do Amor me foi o mais sugestivo dos quatro. Vi bastante gente trabalhando com interpretações que trazem os arquétipos primordiais de Carl Jung (Persona, Sombra, Anima, Animus e Self) ou, ainda, o complexo de Electra trabalhado por Freud. Faz bastante sentido interpretar o episódio por esse caminho, é o que fica mais evidente quando se analisa o conjunto (nome da antologia + o fato da personagem da IU não querer que o pai se case). 

No entanto, minha interpretação do curta gravita em torno da sexualidade. A construção de uma tensão crescente entre as duas personagens me pareceu o oposto da rivalidade e da repulsa. Muito pelo contrário, o uso dos gemidos, da frustração e do confronto funcionaram como um meio de demonstrar desejo reprimido e a última cena do curta, a troca entre Doona e IU, com as mãos que se afastam lentamente, pintaram na minha cabeça um cenário extremamente sugestivo. 

Conquistadora foi meu curta preferido. Ele é estranho, o mais estranho dos quatro, trabalhando a insegurança de Jeong U com muito simbolismo, o colocando dentro de uma sala branca, em que ele reflete angustiadamente sobre seu relacionamento e, principalmente, sobre a fidelidade de sua namorada, a razão pela qual Jeong U encerrou um noivado anteriormente. 

A trama vai de 0 à 100 em 27 minutos. A insegurança de Jeong U aumenta seguindo o ritmo da crescente indiferença de Eun, até o clímax do conto: o momento em que Eun pede uma prova de amor de seu namorado e, a partir daí, o curta atinge um novo patamar de estranheza e o seu final me deixou com uma sensação de Manifesto Feminista, explorando o quanto um homem pode se sentir inseguro quando encontra uma mulher segura de si. 

Será que Beijar é Crime? é a mistura da comédia com a tragédia, além de ser o curta menos estranho dos quatro, abordando de forma direta o machismo e suas implicações por meio da figura do pai de Hye Sok e o relacionamento abusivo entre eles. 

É estranho pensar como um tema assim foi trabalhado com aspectos de humor, mas funcionou. Toda vez que um plano de vingança falhava, Han Na e Hye Sok surgiam com uma estratégia ainda mais criativa e a amizade das duas é meu ponto preferido de toda a trama. 

Andando à Noite é o último curta metragem de Persona e, após o uso da realidade concreta em Será que Beijar é Crime?, aqui se tem o retorno do simbolismo característico da antologia. A fotografia trabalha aliada à temática pesada do conto, que traz a solidão e o suicídio como seus aspectos centrais, e constrói o episódio mais triste dos quatro, por isso assista com cuidado. 

Por fim, o ponto mais alto de Persona foi, com toda certeza, a atuação da nossa fada IU. Não deve ser fácil criar quatro pessoas diferentes e trabalhar em cima de roteiros tão subjetivos e complexos como os da antologia. 

Além disso, eu amo quando ela rompe com a obsessão que a Coreia e o mundo, no geral, tem com a imagem de uma IU fofa e inocente.  

MENÇÃO HONROSA

Han Na

Todo mundo merece uma amiga como ela!

Gostou da resenha? Então corre na Neflix para conferir essa aclamação em formato de antologia e comenta em nossas redes sociais o que acharam!


Texto por Fran| Revisão Sisi| Equipe de redação da K4US

www.k4us.com.br | Não remover sem os devidos créditos.