Estados Unidos, Vietnã, Hong Kong, Austrália, Malásia, Rússia e Brasil. Esses são alguns dos países que conseguiram exportar seus artistas para o mercado fonográfico da Coreia do Sul, ressignificando o k-pop, mas reafirmando a vontade desejada de globalização por parte das empresas, tanto que anualmente há audições em alguns desses países. No Brasil, há 10 anos, houve uma audição da Pledis Entertainment, quando as audições presenciais ainda aconteciam com mais frequência, e não é que ela rendeu frutos?

Filha de pai japonês e mãe brasileira, Larissa Ayumi foi a única aprovada. Sete anos depois, no auge da pandemia do novo coronavírus, e dessa vez sob o selo da DR Music, ela estreou como Leia no BLACKSWAN, que também trouxe as integrantes senegalesa Fatou e as coreanas Youngheun e Judy, e se tornou a primeira brasileira a fazer parte de um grupo de k-pop. 

Já no segundo semestre de 2022, a brasileira Gabi também foi anunciada como nova integrante do grupo, junto de Sriya, da Índia. Ambas entraram por meio de uma audição global realizada ao longo de um ano. Atualmente, o grupo está em um hiatus não-oficializado após a saída de Youngheun e Judy, mas isso é assunto para outro dia.

Voltando para 2020, o brasileiro-coreano Victor Han já chamava atenção da mídia sul-coreana ao quebrar suas baquetas ao final de uma apresentação da banda AboutU, da qual fazia parte desde 2018, durante o Inkigayo em meados de outubro. No mesmo dia, ele foi expulso da banda e foi demitido da empresa Corona X Entertainment.

“Eu nunca tive intenção de largar a música. Seja lá o que eu venha a fazer no futuro; um outro tipo de trabalho ou mesmo uma nova carreira, nunca serei capaz de largar a música. Aquele foi um momento devastador na minha vida, mas eu tentei me manter positivo. Aquele era o momento da verdade onde descobri o começo da minha liberdade. E aí eu fiz o que mais gosto; tocar bateria e me expressar livremente na frente das pessoas”.

VICTOR HAN PARA K4US SEMANAS APÓS O OCORRIDO

O episódio resultou em um processo contra Victor que determinou o fim de seu canal do YouTube, proibindo redes sociais e aparições em canais de TV e rádio. Durante os últimos dois anos, os advogados de Victor chegaram a reverter a decisão, mas as redes e YouTube do artista voltaram a ficar fora do ar. A batalha na justiça corre até o momento da publicação deste artigo.

Outro brasileiro que também está a frente de um grupo de k-pop é Raphael. Ele foi anunciado nas últimas semanas como um dos novos membros do grupo Dustin. O brasileiro é responsável pelo vocal e rap do grupo formado por ele e outros sete membros.

Nos bastidores

A chegada de brasileiros no k-pop também está acontecendo nos bastidores da indústria. A cantora e compositora Isa Guerra no final de 2022 entrou para o time de compositores do EP “Acid Angel from Asia <ACESS>”, do grupo tripleS. Ela foi uma das compositoras de “Dimension” ao lado de BADD e San Yoon.

“Uma das sensações mais legais que eu já vivi! Sendo fã de k-pop há muito tempo, foi mágico ver o resultado final com a letra em coreano e nas vozes das integrantes. Eu realmente me emocionei demais. Também foi muito divertido poder ver as características de cada pessoa que participou do projeto se misturando. Elas foram incríveis na entrega e interpretação. Nunca vou me esquecer do momento em que ouvi a música pronta pela primeira vez”.

ISA GUERRA EM ENTREVISTA PARA K4US

Além de Isa, o duo Tropkillaz também representou o Brasil no k-pop ao co-produzir “AY-YO”, do NCT 127. No Instagram, a dupla comemorou a parceria com uma foto ao lado dos demais envolvidos na canção. “Para música não existem fronteiras. Coreia, Brasil, EUA e Haiti, todos juntos!”, afirmaram na publicação.

Isa enxerga a inserção de brasileiros no k-pop de forma bastante positiva e acredita que o gênero encanta justamente por ser aberto a abraçar outros gêneros completamente diferentes.

“Acho que o k-pop, além de música, entrega tudo. Desde a música, ao conceito, aos clipes extremamente bem produzidos… Tudo isso chama muita atenção. Também, o gênero abraça certas coisas que em outro estilo seria considerado ‘estranho’ ou não cabível, mas que no Kpop consegue ficar extremamente viciante e descolado. A liberdade criativa é muito grande e isso faz com que seja divertido de consumir e criar. Tudo é possível. É um universo realmente muito completo e fascinante”.

ISA GUERRA EM ENTREVISTA PARA K4US