Em maio de 2017, o grupo VIXX lançou o single “Shangri-la”, contando com seis músicas e tendo a faixa principal com o mesmo nome. A música e a performance ficaram ainda mais populares após a apresentação no MBC Gayo Daejejun no dia 31 de dezembro de 2017, fazendo com que o vídeo atingisse o primeiro lugar no Naver TV em diversas ocasiões.

O MV tem suas raízes na mitologia da Ásia Oriental, inspirado na fábula chinesa “The Peach Blossom Spring”, escrita por Tao Yuanming em 421 EC, durante a Dinastia Jin. A história fala a respeito de como um pescador navegou por um rio feito de pessegueiros florescendo, até chegar em uma gruta. Ao adentrar esse espaço, ele descobre um local etéreo, com pessoas e animais convivendo em pura harmonia. Esses indivíduos contam ao pescador que seus ancestrais encontraram aquele lugar ao fugir das instabilidades pertencentes à Dinastia Qin e ali permaneceram sem nenhum contato com o mundo externo. 

A partir disso, VIXX constrói “Shangri-la”, ou “Do Won Kyung”, que se refere a esse paraíso idílico, misturando partes da natureza, como flores e animais, em sua elaboração. Junto disso, percebemos a presença de elementos da tradição sul-coreana, como o gayageum tocado logo no início da música, a semelhança de algumas roupas ao hanbok e a referência a buchaechum, a dança coreana dos leques. 

Partindo para o MV, a presença de névoa e água em algumas cenas remete à ideia de um lugar onírico, conferindo um ar místico. Nesse contexto, é possível pensarque os membros realmente estão no “Shangri-la”, isto é, no paraíso, ou se estão apenas dentro de um sonho. Esse mundo dos sonhos aparece também diversas vezes na letra da música, em frases como: “eu quero cair nesse sonho”, “nessa imaginação que parece um sonho”, “dentro da fantasia espalhada nesse sonho”. 

Somado a isso, esse mundo fantasioso possui diversas cores, como o vermelho, que está atrelado a uma paixão intensa, o azul, que pode remeter aos sentimentos de melancolia e solidão em alguns momentos, e o branco, que possui uma ligação com a busca pela inocência. Essas cores, por sua vez, se conectam com o significado da música, que trata de uma paixão avassaladora, que embebeda o ser, da qual o indivíduo não pode viver sem. 

Outros elementos que marcam presença e remetem ao paraíso da fábula são as flores e os animais. Durante o desenvolvimento do MV, há uma grande presença de diversas flores, como orquídeas, flores de cerejeira, peônias, entre outras, que são mostradas despedaçadas em certos momentos, sugerindo a quebra da paixão e a dor causada por isso. As flores, por sua vez, se misturam aos tons de roxo, que, muitas vezes, é associado à magia, sendo possível construir um paralelo com o lugar da história.

De forma semelhante, vemos um veado e um pavão presentes, relembrando a harmonia existente entre os animais e os humanos no paraíso encontrado. O veado, na mitologia chinesa, representa longevidade e graça, enquanto o pavão representa a divindade e a beleza, também sendo associado a deusa da compaixão, Guan Yin. Dessa forma, o “Shangri-la” está permeado por criaturas ligadas ao divino e ao místico, e se misturam ao sonho mencionado na música. 

A lua também possui uma grande presença durante a construção do MV, elemento que pode estar atrelado a lenda de Chang’e. A deusa da lua presente na mitologia chinesa, que ao tomar a poção da imortalidade pertencente ao seu marido, Hou Yi, voou para a lua e foi separada de seu amor. Assim, o astro aparece como um símbolo dessa atmosfera romântica que se perde em meio a um sonho intoxicante que foi rompido. 

Sendo assim, o grupo constrói seu paraíso recheado de diferentes simbolismos da cultura da Ásia Oriental, transparecendo um lugar utópico, no qual precisam estar perto de um amor que preenche todo o seu ser, um sonho que nunca tem fim, em busca do “Shangri-la”. Não é à toa que possuem o apelido de “reis do conceito” (“concept kings”), né? 

Já colocaram esse hit na playlist?