“Cherry Magic” é um sucesso no Japão. O mangá de Yu Toyota tem uma série BL e até mesmo um filme live-action estrelados por Eiji Akaso e Keita Machida que são muito amados pelo público, então quando uma versão tailandesa foi anunciada todo mundo se perguntou:  será tão boa quanto a primeira versão?

A nova adaptação segue à risca a base do mangá. Ao completar 30 anos sendo virgem, Achi (New Thitipoom) ganha o poder de ler as mentes das pessoas ao tocá-las e acaba descobrindo que um dos seus colegas de trabalho, Karan (Tawan Vihokratana), é apaixonado por ele quando o toca sem querer em um elevador lotado.

Um dos principais acertos da nova versão é se preocupar em tornar toda a fantasia menos água com açúcar. Há muito espaço para todas as breguices e clichês que o gênero pede e amamos, mas a produção tenta ao máximo tornar seus personagens críveis, em especial Achi.

O Achi de New é menos otimista, de certa forma, e menos explosivamente alegre que o Adachi de Eiji. Não que um seja melhor que o outro – até porque são propostas muito diferentes -, mas a releitura de New para o personagem torna ele mais relacionável ao espectador, fazendo com que todos os seus problemas sejam próximos da realidade mesmo que a base de seu plot seja ler mentes ao completar 30 anos virgem.

Em contrapartida, Karan, interpretado por Tay, é praticamente o Kurosawa de Keita Machida. Ambas as versões do personagem caminham de mãos dadas, já que os dois são a personalização do homem perfeito. E aqui, assim como na primeira versão, suas “falhas” são minúsculas o suficiente para não torná-lo mais palpável com a realidade.

A química entre New e Tay em “Cherry Magic” é inegável, tanto que este é o segundo casal de ficção que vivem juntos. É um deleite vê-los em tela e conseguir sentir suas preocupações e, principalmente, todo o carinho que um sente pelo outro. Fofos demais!

Inclusive, diferente da primeira adaptação, nesta aqui o casal protagonista realmente se comporta como um casal. Enquanto a versão japonesa guarda o beijo dos protagonistas – que não acontece, na real – para o último episódio e os pequenos empecilhos se tornam facilmente grandes problemas, aqui o romance consegue ser desenvolvido com o pé no chão e um casal maduro suficiente para conversar e se resolver.

A maturidade dos personagens é um dos pontos mais interessantes da nova versão. É tudo, digamos, adulto, o que faz com que Jinta, interpretado por Panachai, seja um personagem totalmente fora do tom.  Quase nada em Jinta é atraente o suficiente para fisgar o espectador, já que suas tramas são extremamente infantilizadas, tendo em vista que maturidade não é seu forte.

Para a primeira versão, toda a caricatice do personagem, lá interpretado por Kodai Asaka, funciona porque Adachi também é assumidamente caricato. Já aqui todas as caras e bocas exageradas de Jinta ficam sobrando, principalmente quando Panachai divide tela com qualquer um dos atores, fazendo parecer que ele esteja totalmente fora do tom – e olha que o Achi de New tem seus momentos pontualmente caricatos. 

Outro ponto certeiro de “Cherry Magic” é sua regionalização. O roteiro sempre usa elementos da cultura tailandesa em prol da narrativa, como no quarto episódio, quando o Songkran, celebração do Ano Novo Budista, quase impede que Karan consiga chegar até a casa de New.

Sei que ambas as adaptações têm o mangá como base, mas é muito interessante ver que as duas conseguem seguir caminhos muito únicos ao mesmo tempo que buscam ao máximo manter a essência da obra de Toyota.

Só que a versão tailandesa conseguiu terminar com um saldo mais positivo por conseguir trabalhar melhor seus personagens e enredo por ter a sua disposição 12 episódios de 50 minutos, ao contrário do primeiro live-action que conta apenas com oito episódios de meia hora. Assim, a nova versão de “Cherry Magic” pode expandir tramas e criar novas narrativas em prol do desenvolvimento de seus personagens, tornando a experiência mais rica e divertida ao espectador.