9/10

Juvenile Justice

Título original: 소년심판

Ano de lançamento: 2022

Direção: Hong Jong Chan

Duração: 600

Episódio(s): 10

Gênero: Drama; Policial

Plataformas atendidas: Netflix

Juvenile Justice é um k-drama da Netflix que só com seu trailer já chocou muitos espectadores. Com o objetivo de emocionar e impactar, cada episódio retrata um caso criminal envolvendo menores infratores, mostrando desde a investigação do caso até o julgamento.

PERSONAGENS

Shin Eun-seok, interpretada por Kim Hye-soo (Hiena e Signal), é uma juíza fria, fechada e inteiramente dedicada ao seu trabalho. Odeia interações entre colegas de trabalho, contar sobre sua vida pessoal e mais importante: odeia jovens infratores. Por esse motivo, decide entrar para a Vara da Criança e Juventude, a fim de dar um julgamento certeiro e correto, para sempre favorecer as vítimas. Por trás do escudo de mulher durona e sem expressão, ela demonstra se importar com as pessoas de sua convivência social e é carinhosa à sua maneira. 

Resenha: Juvenile Justice | Netflix

Cha Tae-joo, vivido por Kim Mu-yeol (Rastros de um Sequestro e Intrusa), é um juiz passional que sempre acompanha os menores infratores que julgou, a fim de ajudá-los a ter um futuro melhor. Ele faz por amor à profissão e por enxergar que muitos jovens cometem crimes por serem vítimas de uma sociedade preconceituosa e desigual. Diferente de sua colega de trabalho, a juíza Shin, Tae-joo sente a necessidade de interagir com as pessoas e saber suas histórias a fim de conhecê-las profundamente.

Resenha: Juvenile Justice | Netflix

Mesmo tão opostos, o que há em comum entre esses dois juízes é o que os torna a dupla perfeita para investigar os casos que recebem. Ambos possuem passados dolorosos que construíram quem são hoje e cada um tem seus motivos (mesmo que bem divergentes) para querer justiça de forma justa e seguindo a lei.

OPNIÃO

Juvenile Justice, definitivamente, não é um drama para quem quer espairecer e apenas se distrair. Cada episódio tem um caso bastante pesado, desde assassinatos a abuso sexual envolvendo menores de idade. Esses menores podem ser tanto os infratores, quanto as vítimas, o que torna a história ainda mais densa.

Para quem gosta de assistir documentários e séries sobre criminologia irá se interessar bastante pelo k-drama, pois a premissa é mostrar desde quando os juízes recebem o caso até quando os criminosos são julgados. O processo de investigação da juíza Shin e do juiz Tae-joo é o que prende o espectador e, principalmente, emociona. Se houve um episódio que eu não chorei, não me lembro.

Porém, não é só a emoção da tristeza que a história transmite. Também senti muita raiva, pois mostra o lado da Justiça que não dá certo. Nesses casos, os atores souberam muito bem representar o sentimento da aflição em saber os verdadeiros culpados e não poder decidir com o coração ou a lógica. Muitas vezes as provas e até mesmo a lei não são o suficiente para dar um julgamento socialmente dito como justo.

Resenha: Juvenile Justice | Netflix

Algo que senti muita falta foi uma parte mais psicológica para as investigações. Claramente, a maioria dos jovens infratores possuía transtornos de personalidade antissocial, esquizotípica, narcisista e etc. Isso significa que as crianças e adolescentes retratados que cometeram crimes, possivelmente eram esquizofrênicos, psicopatas, narcisistas ou bipolares.

Por outro lado, entendo que o k-drama é focado no aspecto jurídico e não policial nem médico, então acho coerente não ter nenhum aprofundamento nesse tipo de assunto. Além de que, geralmente, quando filmes ou séries procuram retratar pessoas com esses tipos de transtornos, tendem a ser pejorativas, estereotipadas e até mesmo demonizadas.

Somado a todos esses pontos, Juvenile Justice também tece visões críticas acerca de diversas questões sociais que podem ser pouco debatidas, como por exemplo a maioridade penal e criminalização de menores infratores. Há também reflexões sobre o espaço que esses jovens têm na sociedade: o sentimento de raiva e tristeza pelos crimes dá lugar à compreensão da realidade de que muitas crianças e adolescentes não são criados com afetividade e respeito, tampouco recebem uma base de moralidade. Às vezes a moralidade nem cabe em suas vidas tão sofridas pela falta de apoio e dinheiro.

Também me impressionou bastante ver a força de Shin Eun-seok e Cha Tae-joo em lidarem com situações que alfinetavam cada vez mais suas memórias do passado. Foi emocionante acompanhar e torcer para que ambos superassem seus respectivos traumas e também compreender por quê agiam da forma que agiam e o motivo de serem tão diferentes, ao mesmo tempo que parceiros.

Dito isto, recomendo Juvenile Justice de olhos fechados pela trama e, principalmente, atuação de outros nomes de respeito como Lee Jung-eun (Parasita e Para Sempre Camélia), Kim Joo-hun (Tudo Bem Não Ser Normal e Melodia da Esperança) e Yoo Jae-myung (Vincenzo e Itaewon Class).