As diferenças entre a banda e os artistas de K-Pop são das mais notáveis, e os integrantes dividiram um pouco desse universo em uma entrevista exclusiva com a K4US.


Nem só de K-Pop se faz a música coreana. Apesar da diversidade musical presente sob o guarda-chuva da música pop, outros gêneros passam a ganhar a atenção do público graças à visibilidade internacional conquistada pela música coreana. E, assim como o K-Pop, o K-Hip Hop e o K-R&B vem ganhando o mundo, com o K-Indie não é diferente. Representado pela banda Triss, o gênero chega ao Brasil para uma turnê por São Paulo e Brasília, mas antes disso, eles trocaram uma ideia com a K4US.

Tendo a música como foco principal, Daisy, HyunDeuk, YoungKwon e MinKyu revelaram como é viver a cena alternativa da Coreia, longe da formação de grupos idols, proibição de relacionamentos amorosos e todo o glamour que a fama pode proporcionar aos músicos. Confira abaixo a entrevista na íntegra!

 

Na ordem: HyunDeuk, YoungKwon, MinKyu e Daisy

 

Primeiramente, gostaríamos que vocês soubessem que estamos super felizes de ver uma banda se interessando pelo público brasileiro. Estamos ansiosos pela turnê e queremos que os leitores os conheçam melhor, então poderiam se apresentar para eles?

Daisy: 26 anos / synthesizer (Teclado)

HyunDeuk: Vocalista e compositor. 34 anos e vou me casar este ano. Obrigado pelas felicitações.

YoungKwon: 28 anos, baterista

MinKyu: 30 anos, guitarra e baixo

 

Vocês poderiam explicar o nome da banda e como decidiram por ele?

HyunDeuk: Eu pensei em muitos nomes, mas fazer o nome da banda é a coisa mais difícil do mundo. TRISS, o personagem principal do jogo que eu gostava na época, coincidiu com o conceito da música que estava compondo na época, e foi criada como TRISS.

Daisy: Pensamos em muitos muitos nomes, mas não tinha muito significado. Então decidimos por um nome feminino que soava bem.

Como a Triss funciona? Vocês escrevem as próprias músicas? Como é o processo de criação? 

HyunDeuk: As músicas da TRISS geralmente começam no meu smartphone. Quando surge uma inspiração, gravo no smartphone e assim que tiver tempo para compor, vou ao estúdio. Geralmente, leva cerca de duas semanas porque tenho que trabalhar para sobreviver. Infelizmente, a maior parte dos sentimentos, das ideias que eu registrei neles é esquecida. Se ainda restar alguma ideia ou inspiração, eu me sento na frente de um piano ou de um violão, faço ajustes com a minha voz e começo a compor. Geralmente após 7 ~ 8 horas, atinjo de 80 a 90% da composição da música com os arranjos instrumentais e então, junto com os membros, vamos adicionando as ideias e performances e a demo final é concluída.

O último álbum da banda é dito como ele é influenciado por ficção científica. É algo que podemos ver na identidade visual e até mesmo ao ouvir as músicas. Como vocês chegaram neste conceito? 

HyunDeuk: Eu pessoalmente gosto de filmes de ficção científica dos anos 80 e 90. Naquela época, os filmes eram um pouco bregas, mas eram feitos imaginando como seria o futuro. Então tem um charme estranho que não é passado nem futuro. Eu estava interessado em um instrumento chamado synthesizer (Teclado) por um longo tempo, e eu estava fazendo várias composições experimentais, mas quando eu o peguei, percebi que era muito semelhante à atmosfera dos filmes de ficção científica dos anos 80 e 90. Eu pensei que seria uma boa ideia para o conceito, então decidi fazer o vídeo e design de álbum como um filme de ficção científica.

 

A Triss se autointitula uma banda de synthpop. O que fez vocês entrarem em um gênero tão específico e  quais foram suas inspirações dentro deste estilo de música? 

HyunDeuk: Eu trabalhei como guitarrista em várias bandas de rock por 10 anos até formar a TRISS. Durante esse tempo, percebi que gostava de compor mais do que tocar e me interessei por sintetizadores, procurando maneiras de expressar minha imaginação de forma mais ampla com a guitarra. Logo, eu rapidamente entrei no sintetizador e fiz synthpop. Eu acho que os sintetizadores têm um espectro da música mais amplo que as guitarras. Dependendo de suas habilidades, algumas pessoas não têm som que não consigam sintetizar. Se compararmos com a pintura, é como fazer o esboço e traços com guitarra e piano e pintar com o sintetizador (teclado). O sintetizador como um instrumento musical, dá muita inspiração.

Vocês tem muitos vídeos de performances, mais do que MV’s com história e produção visual. Que tipo de vídeo promocional a banda prefere gravar e por que?

Daisy: Normalmente, o estilo geral é moldado pelo estilo do vídeo que se ajusta ao conceito e ritmo da música. Mas às vezes queremos incluir uma mensagem especial. Por exemplo, o Time Is Now, o vídeo mais recente da Triss, queríamos incluir uma mensagem crítica: “Você pode comprar tudo com dinheiro”.

 

Vocês tem algum tipo de ritual para se preparar antes de shows? 

MinKyu: Um bom descanso e preparação antes da apresentação

Daisy: Nada muito especial. Fico quietinha aguardando no camarim e quando tiver muita gente no camarim vou para um Café.

HyunDeuk: Normalmente o tempo de espera e preparação são longos, por isso tento descansar ou até tirar um cochilo.

O público brasileiro é muito mais acostumado com a ideia de idols coreanos e bandas com idols, que normalmente são montadas por uma empresa. Como a banda Triss se formou? Desde quando vocês se conhecem? 

Daisy: Triss foi formado inicialmente pelo HyunDeok, MinKyu e YoungKwon em 2016 e em 2018 entrei como membro synth. Mas já nos conhecíamos e tocávamos juntos há mais tempo.

HyunDeuk: YoungKwon e Daisy conheci quando formamos Triss. MinKyu já conhecia há muito tempo, porque tocávamos guitarra e baixo em outra banda. A primeira vez que nos encontramos foi num site de comunidade da internet “Mule”, onde vários músicos se reuniam. Na época, eu e um outro colega colocamos um anúncio procurando membro e apareceu o MinKyu. O YoungKwon foi apresentado por um amigo, quando estávamos formando a banda Triss e o baterista não podia mais participar. No início achei ele muito esquisitão, mas isso desapareceu assim que vi a sua habilidade com a bateria. Daisy era bartender do bar de música ao vivo em que eu, MinKyu e YoungKwon tocávamos. Ela era uma das poucas pessoas que torcia pela banda Triss e 1 ano depois entrou para a banda.

É a sua primeira vez no Brasil? Como você se sentiu quando soube que viria fazer turnê do outro lado do mundo e o que você espera dos shows?

MinKyu: Tenho algumas preocupações, mas também estou ansioso com as expectativas sobre novo desafio e experiência.

Daisy: Viagem para o Brasil é primeira vez para todos os membros. Na verdade quando foi decidido o show no Brasil, quase 40 horas de viagem me deixou muito preocupada, mas quanto mais nos preparamos para um bom show, mais vai ser recompensado a viagem longa.

YoungKwon: Eu conheço o Brasil como um país com muita alegria e paixão. É o meu primeiro show no Brasil, mas espero que seja uma performance alegre, de modo que nem pareça ser a primeira vez.

HyunDeuk: Eu morei na América do Sul quando eu era estudante da escola primária. Eu morei no Panamá por 5 anos e na Colômbia por cerca de 1 ano. O Brasil tem uma língua e cultura diferentes, mas é empolgante e excitante estar de volta em 17 anos ao continente onde passei minha infância. Meu pai ainda mora no Paraguai. Espero poder revê-lo depois de muito tempo.

 

Vocês já tiveram algum tipo de contato com a cultura brasileira?

MinKyu: Gosto do futebol. Brasil foi campeão na Copa da Coreia e gosto dos jogadores Neymar, Gabriel Jesus e Lucas Moura.

Daisy: Acho que não tem um coreano que não conheça Samba de Janeiro.

Sabemos que ser um idol de K-Pop é uma das mais populares ambições profissionais entre a juventude sul-coreana. Vocês consideraram seguir esse caminho em algum momento, ao invés de buscar seus sonhos através de uma banda independente?

Daisy: Nenhum de nós pensamos a respeito.

MinKyu: Eu pessoalmente não gosto muito de fama. Nesse sentido, banda indie parece se encaixar melhor para mim.

HyunDeuk: Na nossa época, o K-Pop não era tão famoso. K-Pop seleciona os jovens muito talentosos e bonitos e durante muito tempo são submetidos ao treinamento árduo e investimento grande, para produzir o resultado de alta qualidade. Nós não conseguimos fazer o mesmo mas fazemos o que gostamos.

No momento em que a música pop coreana está prosperando, vocês veem o K-Pop como um aliado que promove outros gêneros coreanos ou algum tipo de rival que torna difícil para outros gêneros ganharem atenção? 

Daisy: Assim como pop, existem várias subdivisões no mainstream de K-Pop. K-Pop também tem diversidade de gêneros e musicalidade, mas é verdade que nossa música não é muito familiar. Achamos que essa peculiaridade pode ser positivo. Também queremos nos assemelhar ao sucesso do K-Pop.

MinKyu: Eu acho que ajuda. Música é música, não gênero.

HyunDeuk: Eu acho que também ajuda. Graças à popularidade do K-pop, a TRISS por ser uma banda coreana, fãs no exterior deixam as suas mensagens em nossas redes sociais. Com o K-pop, aumentou muito o interesse global pela Coreia, acho que é nosso papel tocar outra boa música além do K-pop.

A música é o trabalho oficial de vocês? Como vocês souberam que queriam tentar uma carreira na música? Vocês receberam apoio da família e amigos durante essa decisão?

Daisy: Professores de inglês e bartenders, temos trabalhos bem diferentes. Ao invés de decidir qual deles é a ocupação principal, tentamos sempre o máximo possível ter uma paixão justa em tudo que fazemos. A família não opõe, mas apoia o que fazemos. Na verdade, não sei quando a paciência da família vai acabar.

MinKyu: É meu trabalho oficial. Meus pais gostavam de música, então eu comecei naturalmente desde a minha infância. Meu sonho era me tornar roqueiro. Estou feliz por ter alcançado o meu sonho.

HyeonDeuk: Músico é o principal trabalho no meu coração. Na realidade, passo mais tempo como professor de inglês para ganhar dinheiro. Como todas as coisas, o trabalho de um músico é difícil de obter sucesso sem o apoio da família. Felizmente, toda a minha família me incentivou a ser um músico, que eu amava desde criança.

Quem foram suas inspirações para músicas ao longo dos anos? 

MinKyu: As pessoas da minha família, amigos, colegas e namorada.

Daisy: Mark Foster.

HyunDeuk: Eu costumo me inspirar principalmente em acontecimentos, fenômenos sociais, conflitos internos, ideais e filosofias ao invés de pessoas. Se existe uma pessoa, parece ser a esposa.

Existem outras bandas independentes que vocês gostariam de nos indicar? 

Daisy: Rock’N Roll Radio, Decadent e Fun City.

HyunDeuk: Rock’N Roll Radio, Fun City, Kimoxavi e N0xxi, que também são artistas da UniqueTunes.

Qual é o talento especial que torna a Triss diferente das outras bandas? 

MinKyu: Dá para sentir muita energia em lives.

HyunDeuk: Damos muitas risadas e somos positivos.

 

✨ TOP3 dos integrantes ✨

 


Agradecemos à disponibilidade da Triss em responder nossas perguntas e o auxílio prestado pelas empresas envolvidas na vinda da banda ao Brasil: UniqueTunes, Hanmaum e Chimera

Entrevista por Bea | Equipe de redação da K4US
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