Tem alguns anos que a Coreia do Sul tira leite de uma vaquinha chamada webtoon e, na última sexta-feira (30.12), chegou a vez de “Island”, k-drama da TVING que reúne Cha Eun Woo, Kim Nam Gil, Lee Da He e Sung Joon. Com efeitos visuais competentes e uma ação desenfreada (mas muito empolgante), a produção tem potencial de entregar uma boa história de fantasia.

Com roteiro de Jang Yoon-mi, “Island” é baseado na obra de Yoon Inwan e Yang Kyung. Na trama, acompanharemos a jornada do misterioso matador de demônios Van (Kim Nam Gil), o padre exorcista Giovanni (Cha Eun Woo) e Woo Mi Ho (Lee Da Hee), uma mulher predestinada a ser a grande salvadora da humanidade, contra o poderoso Gungtan (Sung Joon), que ameaça destruir o mundo.

Vou ser sincero. Dei algumas folheadas na webtoon apenas após o lançamento do k-drama e me limitei apenas ao que foi adaptado até o momento. Parte da essência se mantém, tendo em vista que o roteiro de Jang Yoon-mi faz algumas alterações ‒ umas interessantes, outras nem tanto ‒ em relação ao material original. Alguns pontos-chave da história, inclusive, ainda estão lá, ao menos nestes dois primeiros episódios. 

O mais discrepante entre as duas obras, na verdade, é o visual dos demônios que, na TV, são bem menos interessantes se comparados ao que foi apresentado na webtoon. Na obra original, os demônios são bem mais assustadores, enquanto a versão optada para a TV parece ser mais um resultado de um orçamento limitado do que uma decisão criativa.

Falando em orçamento, é de bater palmas pelo o que conseguiram entregar. Oficialmente, não temos os valores do quando a TVING está investindo no k-drama, mas dá para perceber algumas limitações, como o uso de uma montagem recheada de cortes rápidos para que não seja necessário depender de alguns efeitos visuais mais custosos em algumas cenas.

Entre o trio de protagonistas, o mais interessante é Van, sem dúvidas. O passado triste e doloroso do menino pobre que é forçado a se transformar em um ser que não é humano e tão pouco um demônio é deveras interessante, principalmente por mostrar o quão cruel foi esse processo e o terrível resultado que isso proporcionou.

Woo Mi Ho conquista graças ao carisma de Lee Da Hee. Sua personagem talvez seja a que mais sofreu alterações na adaptação, ficando um pouco distante da versão original e sendo muito mais leve, porém é nítido que minimamente a essência da personagem se mantém.

Padre Johan, por sua vez, brilha muito mais pela presença do membro do ASTRO do que pelo texto do personagem nestes dois primeiros episódios. Sério. Por enquanto não há tantas camadas para o personagem, mas é inegável o quão cool é ver ele chegando de All Star, batina, brinquinho e fone de ouvido no meio da floresta. O TikTok está amando.

E Gungtan? Bem, quando a produção realmente mostrar o personagem eu te conto.

No fim, é sempre bem-vinda uma grande produção fora do eixo hollywoodiano que consiga entregar tão bem quanto “Island”. Sim, há alguns pontos questionáveis ‒ enquanto adaptação, vai de cada um, mas eu particularmente não paro de pensar no k-drama desde sexta-feira. Mal posso esperar pelo que está por vir.