Para os amantes da trilogia japonesa “Crows Zero”, ou k-dramas mais realistas e violentos como “My Name” e “The Glory”, é bem possível que “Weak Hero Class 1” entre com os dois pés no peito no seu Top10.

Um drama curtinho, de apenas 8 episódios, com um elenco e roteiro de peso, que vai te envolver em um ambiente escolar extremamente hostil, com protagonistas fortes e carismáticos. Tudo isso imerso em um subtexto complexo e sensível sobre amizade, lealdade e pertencimento na adolescência.

Intensa desde os primeiros minutos, a série produzida pela Wavve nos apresenta Yeon Si Eun (Park Ji Hoon), um estudante impecavelmente estudioso, 1º lugar nos rankings das provas de matemática e que vive calado no próprio mundo com seus fones de ouvido. No entanto, ele acaba virando alvo do grupo de delinquentes da sala ao não se sujeitar ao bullying vivido por seus colegas.

Interpretado por Park Ji Hoon, que foi escolhido justamente por sua brilhante performance no drama “At a Distance, Spring is Green”, vemos como as relações criadas ao longo da trama vão trazendo cor e expressividade ao personagem, tornando-o cada vez mais o seu completo oposto do início. Mas como nem tudo são flores, seu desenvolvimento positivo é proporcional ao número de problemas que ele tem que enfrentar, sempre escalando em dificuldade, obrigando-o a ir cada vez mais longe nos contra-ataques para defender a si mesmo e a seus companheiros, e, é nítido, fator que acaba instigando seu lado mais meticuloso e impiedoso.

O que nos leva aos personagens Ahn Soo Ho (Choi Hyun Wook) e Oh Beom Seok (Hong Kyung), dois colegas de turma de Si Eun que, por diferentes motivos acabam se juntando ao protagonista para enfrentar inimigos em comum, o que propicia o desenvolvimento de uma grande amizade.

Soo Ho, conhecido no colégio por seu treinamento anterior como lutador de MMA, possui o carisma despreocupado de quem sabe se virar em um embate e que, por isso, está fora do radar dos bullies. E apesar de sempre dormir em classe, demonstra um forte senso de responsabilidade ao carregar uma rotina exaustiva entre escola e trabalho no restaurante da família sem perder sua frequência escolar perfeita, uma promessa que fez para a avó.

E como um verdadeiro espírito livre não pede licença, Soo Ho consegue quebrar qualquer barreira de proximidade e apatia de Si Eun de formas inesperadas, sendo gratificante ver personalidades tão distintas convergirem a melhores amigos, entregando um respiro de ar puro e leveza à série, como a adolescência deles deveria ser.

Já Oh Beom Seok, ao contrário de Soo Ho, é um garoto tímido recém-transferido e que já vinha de uma rotina de violência escolar do colégio anterior. Filho adotado de um político bastante respeitado e rico, também sofre abuso físico e psicológico do padrasto, o que leva o garoto a um comportamento constante de querer se aproximar de outros alunos em “hierarquias mais altas” para se proteger.

Com uma excelente atuação de Hong Kyung, novas camadas necessárias são acrescentadas à história, sobre como a revolta de um ciclo de violência também pode levar alguém a repetir os mesmos comportamentos, até o clímax dos últimos episódios, quando Beom Seok chega a um nível de descontrole impossível de se voltar atrás, machucando até mesmo seus antigos amigos.

Até que ponto um follow no Instagram mudaria drasticamente os destinos dos protagonistas, não é mesmo?

E percebemos que Si Eun não só foi o motivo essencial para que aqueles três formassem de fato um grupo, mas que também funcionava como um elo entre personalidades que se chocavam. O que nos leva à premissa principal, pois a jornada desses personagens deveria destacar como a resiliência, inteligência e união podem transformar jovens considerados “fracos” em pessoas fortes e capazes de enfrentar os desafios da vida escolar em paralelo aos seus dramas pessoais e familiares. Mas que, na vida real, e principalmente em um momento tão suscetível de nossas vidas como a adolescência, nem sempre tomamos as melhores escolhas ou, dependendo do problema, sequer temos repertório suficiente para isso.

Inclusive, a série parece evidenciar que o papel dos pais/responsáveis e da escola poderia ser muito mais benéfico se fosse mais presente, além de que a quantidade de alunos de ensino médio praticando bullying está simplesmente alarmante nas escolas sul-coreanas, entre outros problemas.

Baseada na webtoon de mesmo nome, de Seopass and Kim Jin Seok, esse thriller no gênero Coming out age é um prequel da verdadeira história já publicada, trazendo a motivação e amadurecimento necessários que Si Eun precisará para embarcar em disputas e alianças mais complexas na escola para qual será transferido.

Muito se reciclou da obra original em caráter de personalidade e estilo, trocando apenas os nomes dos personagens e algumas adaptações necessárias pela mudança de formato, então é possível perceber uma grande fidelidade a webtoon e aos flashbacks que contextualizam o passado de Gray Yeon, nosso Si Eun.

Muito bem recebida pela crítica desde as exibições antecipadas em festivais de cinema em 2022 até o momento, a série rendeu dois prêmios de Best New Actor a Park Ji Hoon e outro de OTT Original (Produções originais lançadas diretamente na Internet, a exemplo dos streamings) à “Weak Hero Class 1”. O drama possui uma excelente avaliação nas plataformas de streaming, 9.6 atualmente no Viki, por exemplo, sendo elogiada por roteiro, música e seu talentoso elenco de jovens atores promissores, esse último sendo um grande acerto e mérito do próprio diretor Han Jun Hee.

Por conta disso, recentemente a Netflix Korea anunciou não só que o título vai fazer parte do seu catálogo, como lançou uma primeira foto teaser da segunda temporada, trazendo de volta nosso queridinho Park Ji Hoon acompanhado da escala de atores que farão parte do novo colégio: Goo Yoon Hwan, Choi Min Young, Yoo Su bin, Bae Na Ra, Lee Jae Min e Lee Jun Young.

Sem previsão de estreia por enquanto, temos apenas duas fotos, uma webtoon e um sonho. Traremos mais novidades de acordo com os anúncios.

“Weak Hero Class 1” está disponível atualmente nos streamings: iQIYI, Viki, Wavve e Prime Video.

Texto por Anna Nery | Revisão por Ana Carol | Equipe de Redação e Tradução da K4US www.k4us.com.br | Não retirar trechos ou texto na íntegra do site sem os devidos créditos.