Dangal é um filme indiano de 2016 e esta resenha é a continuação do nosso projeto “K4US pela Ásia”, onde falaremos sobre produções e entreterimento de outros países asiáticos. O projeto começou em fevereiro com a resenha de Gaya Sa Pelikula. Esperamos que gostem!

8/10

Dangal

Gênero: Biografia Esportiva, Drama

Ano de lançamento: 2016

Duração: 161 min.

Direção: Nitesh Tiwari

Roteirista(s): Nitesh Tiwari, Piyush Gupta, Shreyas Jain, Nikhil Meharotra

Estúdio: Aamir Khan Productions, Walt Disney Pictures India

Elenco: Aamir Khan, Fatima Sana Shaikh, Sanya Malhotra, Zaira Wasim, Suhani Bhatnagar, Aparshakti Khurana

Plataformas atendidas: Netflix


A HISTÓRIA

Dangal é um filme indiano baseado na história de Mahavir Singh Phogat, ex-lutador, que treinou suas filhas, as atuais Irmãs Phogat, as primeiras indianas a conquistarem reconhecimento mundial e medalhas de ouro em várias competições, como as Olimpíadas de Verão, por exemplo. O filme foca nas duas irmãs mais velhas, mas atualmente todas as seis Irmãs Phogat são lutadoras profissionais.

O filme se inicia em Haryana, na Índia, uma vila bem pequena e patriarcal. Lá conhecemos o patriarca da família Phogat, Mahavir Singh Phogat (Aamir Khan), que precisou largar sua carreira promissora na luta para sustentar sua família. Desde então, seu sonho é ter um filho homem para realizar o  que ele não pode alcançar. Porém, seus planos acabam dando errado quando ele se vê pai de seis filhas. 

Insatisfeito com o sonho que nunca pode conquistar, Mahavir se torna piada na vila por sempre ter pedido por um filho, mas sempre ter ganhado filhas. Um dia ele é chamado com urgência para casa, chegando lá ele encontra suas duas filhas mais velhas, Geeta (Zaira Wassin) e Babita (Suhani Bhatnagar), sua esposa e seu sobrinho argumentando com outra família, que acusa alguém de ter batido em seus dois filhos. Mahavir tenta amenizar a situação alegando que disciplinaria seu sobrinho, mas a família protesta afirmando que quem bateu em seus filhos foram Geeta e Babita e não o garoto.

Zaira Wassin e Suhani Bhatnagar em Dangal

Nesse momento, foi como se o mundo de Mahavir Phogat tivesse parado e ele percebe que não precisa de um filho homem para realizar seu sonho, ele podia realizá-lo com suas filhas. Assim,  decide começar a treiná-las. Entretanto, suas filhas são totalmente contra serem lutadoras, não só porque elas foram ensinadas em sua cultura que isso não era “coisa de garota”, como também por elas passarem a sofrer bullying das outras pessoas da vila.

A partir de então, muitos obstáculos e desentendimentos são enfrentados, não só na família como também por toda a vila. Será que Mahavir, Geeta e Babita se entenderão?

PERSONAGENS

Mahavir Singh Phogat (Aamir Khan)

O ex-lutador Mahavir é um homem bastante respeitado pela vila onde mora, todos reconhecem seu talento e o sonho que sacrificou para sustentar sua família. Porém, quando ele decide que fará de suas filhas mais velhas lutadoras, ninguém o leva a sério, afinal para eles lutar não é “coisa de mulher”, mas Mahavir não está nem aí para o que dizem e continua seu plano.

Geeta Phogat (Zaira Wassin e Fatima Sana Shaikh)

Geeta é a filha mais velha da família Phogat. Após ser chamada de feia por um garoto na escola, ela não pensou duas vezes e brigou com ele, defendendo a si e a sua irmã. Mal sabia a garota que sua vida mudaria completamente depois daquele dia e seu pai a treinaria para a luta e , apesar de ser totalmente contra isso, com o tempo Geeta começa a perceber a grande oportunidade que está diante dela.

Babita Kumari (Suhani Bhatnagar e Sanya Malhotra)

Babita é a segunda filha mais velha da família Phogat e sempre seguiu os passos de sua irmã mais velha, por isso quando as duas são ofendidas na escola ela não hesita em defender sua irmã também. Assim como Geeta, Babita também não deseja se tornar uma lutadora, mas ambas acabam seguindo os comandos do pai.

OPINIÃO

A premissa de Dangal é contar como o chefe de família Mahavir Phogat lutou contra tudo e todos para tornar suas filhas lutadoras profissionais, mas ele acaba ficando em segundo plano quando Geeta e Babita roubam a cena no momento em que batem nos garotos que as ofenderam. Não só uma história de superação e inspiração, a vida das Irmãs Phogat nos leva a refletir mais uma vez sobre como as mulheres lutaram e ainda precisam lutar para conquistarem seus espaços e o seu devido reconhecimento, ou seja, para conquistarem o mínimo.

E essa história se torna ainda mais significativa dado o contexto da sociedade indiana, que em sua maioria ainda é extremamente patriarcal. Porém, com sua magia, Dangal consegue quebrar suas barreiras geográficas e contar uma história universal, onde qualquer mulher, de qualquer lugar, consegue se identificar e se ver em algum momento nas protagonistas Geeta e Babita.

Zaira Wassin e Suhani Bhatnagar em Dangal

Para isso, Dangal acerta muito ao conseguir mostrar os conflitos de ideias que se passam na cabeça das meninas, uma vez que, a princípio, lutar é errado e ter um bom casamento era tudo o que uma mulher poderia querer, mas, ao mesmo tempo, lutar não faz tão mal assim, então por que é errado? Se eles podem, por que elas não podem? Quem decidiu o que elas não podem?

Assim, junto com elas, o telespectador percebe que a luta é a oportunidade de Geeta e Babita para um mundo de possibilidades que elas nunca puderam imaginar, e apesar do longo caminho que ambas tinham pela frente e todas as barreiras que elas precisariam quebrar, quando  experimentam a sensação de uma vitória em um ringue, rodeado por homens que jamais teriam concebido a ideia de que uma mulher consegue ganhar uma luta contra eles, nada mais seria capaz de pará-las. 

Zaira Wassin em Dangal

Geeta e Babita quebram todos os paradigmas da comunidade em que viviam e se tornam as primeiras indianas a serem medalhistas de ouro na luta profissional. Se tornando, com toda certeza, uma inspiração para todas as mulheres que ainda têm que lidar com os desafios de uma sociedade patriarcal e, principalmente, para as mulheres indianas que ainda vivem sem perspectivas.

Toda essa reflexão trazida por Dangal torna-se ainda mais memorável de se assistir quando somada à qualidade de produção do filme. Os sets são lindos e mostram a beleza do país e a forma como  é filmado faz com que quem assiste se sinta realmente dentro da história. E sendo um filme sobre luta, as cenas do esporte são incríveis de se assistir, a forma como as filmagens foram feitas permite que seja possível ver com clareza os movimentos dos lutadores, além de conseguir passar toda a tensão e adrenalina de uma luta ao vivo.É impossível não torcer e vibrar quando uma luta está acontecendo. 

Suhani Bhatnagar em Dangal

Outro detalhe que merece destaque é a trilha sonora. Para quem está acostumado com produções indianas, sabe que as músicas são uma marca registrada por serem, em sua maioria, dramáticas e sempre conseguirem ditar e passar o sentimento das cenas e do filme como um todo, não só na sua melodia e ritmo, mas nas letras também. E aqui não é diferente, o filme já começa com uma música forte, reflexo, talvez, da luta que Geeta, Babita e Mahavir terão pela frente e depois do primeiro refrão é impossível não cantarolar junto. 

Sendo um filme baseado em fatos reais, é difícil saber o que fez parte da realidade e o que é apenas ficção, mas é impossível negar a importância de ter uma história como a das Irmãs Phogat contada e disponível em uma plataforma grande como a Netflix.

Fatima Sana Shaikh e Sanya Malhotra em Dangal

Se você nunca assistiu a uma produção indiana, Dangal é uma ótima opção para começar, a história de Geeta e Babita com certeza irá te conquistar!

Texto por Letícia | Revisão por Fran | Equipe de Redação da K4US
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