Deus está triste com esse tanto de remixes de k-pop que servem para “nada”. Brincadeiras à parte, 2023 está sendo marcado como o ano dos remixes para o gênero, em especial dos artistas da Hybe Entertainment, que a cada suspiro lança uma nova versão de uma música que ninguém pediu. Mas por que esses remixes são feitos?
Antes de tudo sobre o k-pop, é preciso começar na base. Você talvez tenha se perguntado o que é, de fato, um remix e, sem complicações, nada mais é do que uma remixagem de uma música já existente. Isso é uma prática antiga, da década de 1970, quando os DJs começaram a brincar com as canções a partir do momento que se tornou possível fazer sua pós-produção — antes, após uma música ser gravada, ela não sofria alterações por limites tecnológicos.
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O remix precisa mexer na música, oras, desestruturar elementos, “bagunçar” mesmo. O projeto iScream, da SM Entertainment, é famoso justamente por lançar remixes de músicas do extenso catálogo da empresa como “Spicy”, do aespa, e “Hot Sauce”, do NCT Dream. Ou então só trazer mais alguém para dar um incremento nos vocais.
O remix é uma das principais ferramentas das gravadoras para dar sobrevida para canções, em especial àquelas que acreditam ter muito potencial de render um pouco mais de lucro. Indo para o pop ocidental, por exemplo, há “Old Town Road”, de Lil Nas X, talvez o remix mais bem sucedido nos últimos 10 anos, por passar 17 semanas no topo da Billboard Hot 100, a principal contagem de músicas mais ouvidas dos Estados Unidos.
A canção de Lil ajuda, ainda, a entender outro ponto importante. Diferentes versões também contribuem na contagem de alguns charts, como a Billboard, que juntam todas variações da música como se fossem uma só, inclusive edições ao vivo. Por isso que o rapper fez tantos remixes de “Old Town Road”, inclusive com vocais do RM, do BTS.
O TikTok também entra como um dos culpados. Partindo dos fãs, vira e mexe tem um remix não-oficial que dá uma certa viralizada, como as versões em speed up. O hit “Cupid”, do FIFTY FIFTY, se tornou um sucesso não somente pelos versos em inglês, mas por edições de fãs que a tornaram mais rápida.
Não demorou muito para que as próprias gravadoras fizessem suas próprias versões speed up, que geralmente existem apenas dentro da plataforma, mas não deixa de ser uma saída inteligente para evitar que o viral do momento seja de uma conta fora do controle da empresa. A SM, por exemplo, fez isso com “Yogurt Shake”, do NCT Dream.
Outro ponto importante que torna o remix favorável a sua produção é a possibilidade apresentar um artista ao fandom do outro, fortalecendo ambos os nomes. Muitos fãs de Rina Sawayama ou Demi Lovato, por exemplo, não conheciam Le Seerafim ou até mesmo o k-pop se não fosse pelas parcerias. O mesmo vale ao contrário.
São justamente esses fatores que impulsionam a criação de remixes dentro do k-pop. Fora que o valor de produção, em sua maioria das vezes, é menor, tendo em vista que às vezes basta “acelerar” a música por conta da trend do momento ou contar com nomes menores por trás de cada nova versão. São raros os casos de ouvir, por exemplo, Rina ou Demi junto ao Le Sserafim.
Porém o que incomoda não é o número exagerado de remixes e versões, mas o fato de tudo morrer na praia. Nunca passa de um mero lançamento, o que faz parecer que não há qualquer comprometimento artístico com as obras. Elas não são verdadeiramente aproveitadas pelos artistas e sequer amplamente divulgadas para o público.
Só que não dá para negar que, apesar da grande maioria ficar dentro do fandom, os remixes garantem uma sobrevida — ainda muito pequena — a algumas canções. É uma estratégia um pouco desengonçada que talvez, daqui alguns anos, as gravadoras de k-pop consigam aplicar de forma que beneficie mais o artista e que o público, ou melhor dizendo, o fandom não se sinta frustrado.
Texto por José | Revisão por Fran | Equipe de Redação da K4US
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