Em algum momento da sua jornada como fã da onda coreana, você vai esbarrar, ou já esbarrou, com o Epik High. Com 20 anos de carreira, não é de se estranhar que Tablo, Mithra Jin e DJ Tukutz sejam referência em lirismo e musicalidade para inúmeros idols e rappers, incluindo RM e SUGA do BTS. O grupo foi criado em 2001, quando o trio frequentava a cena underground do hip-hop coreano, no entanto, a estreia oficial só veio dois anos depois, em 2003, com o lançamento do álbum “Map Of The Human Soul” sob o selo da Woolim Entertainment. 

Naquela época, Seo Taiji & Boys já não eram mais um grupo, porém plantaram a semente do hip-hop na música popular coreana. Foi surfando nessa onda que no final da década de 1990 alguns grupos de hip-hop começaram a ganhar destaque na indústria, como 1TYM, Jinusean e o rapper Drunken Tiger JK. No entanto, mesmo com a criação de outros conjuntos e grupos que produziam o gênero, o hip-hop não era muito consumido dentro da Coreia. 

É nesse cenário de incertezas que o Epik High faz a sua estreia. Os primeiros dois anos do trio não foram fáceis. Os álbuns não vendiam tanto quanto gostariam e o grupo estava fadado ao fracasso. Com o lançamento de “Swan Songs” em 2005, Epik High experimentou uma virada em sua carreira. Era pra ser o último álbum do trio, já que eles não estavam indo tão bem nas paradas musicais. Contudo, o lançamento do single “Fly” (incluído no álbum) proporcionou que Tablo, Mithra Jin e DJ Tukutz experimentassem o gostinho do que viria ser uma carreira longa e consolidada. 

A faixa ganhou prêmio de Música do Ano no Melon Music Awards, principal premiação na Coreia do Sul. Se hoje assistimos Jay Park, Loco, Gray, pH-1 e vários outros rappers promoverem em shows musicais, em 2005 isso não era nada comum. Epik High mudou esse cenário ao ganhar o primeiro lugar em um programa de música com o single “Fly”. Na época, o trio venceu o grupo de k-pop TVXQ, que estava no auge de sua popularidade. Tablo contou a Vanity Fair que este momento ficou marcado na história do Epik High, pois foi a partir daí que “o hip-hop se tornou reconhecido em rede nacional”. 

Pavimentando o caminho 

Existe uma discussão muito assídua entre os fãs de k-pop sobre quem pavimentou o caminho para novos artistas passarem. Você provavelmente pode ter caído em um desses debates, uns falam que é o Seo Taiji & Boys pela criação do k-pop, outros dizem que 2NE1 fez muito para um grupo femino controlado pela YG, o BTS também é citado pelos seus feitos e conquistas, mas pouco se fala sobre o Epik High. 

Se hoje artistas como Jackson Wang, DPR LIVE, DPR IAN, aespa, BlackPink e BIBI puderam se apresentar no palco do Coachella, foi porque o Epik High fez isso antes. Na verdade, ouso dizer que se alguns grupos e artistas do hip-hop coreano podem se apresentar no ocidente, muito se deve ao trabalho e dedicação do Epik High em divulgar sua música nos Estados Unidos. Tablo, Mithra Jin e DJ Tukutz são os únicos artistas coreanos a serem convidados para se apresentar no Coachella três vezes (em 2020 a apresentação foi cancelada devido a pandemia).  

Epik High durante apresentação no Coachella em 2022.

Um outro feito do trio foi lançar um videoclipe na vertical, antes mesmo do tiktok ser uma febre em 2023. “Born Hater”, uma das faixas mais famosas do Epik High, ganhou um mv na vertical 8 anos (!!!!) atrás, em 2014. Em 2021 o grupo decidiu repetir o feito, agora que vídeos na vertical já estavam famosos, com o lançamento de “Rosario”, single que faz parte do álbum “Epik High Is Here (Part 1)”. 

Dificuldades e canetadas

Mas se engana quem pensa que as duas décadas do grupo foram apenas de sucesso e bonanza. Tablo foi vítima de fake news muito antes desse termo ser usado na grande mídia. O rapper foi acusado em 2011-12, em um fórum com cerca de 200 mil haters, de forjar sua graduação e mestrado na Universidade de Stanford. O momento foi crucial na carreira do trio, pois foi quando o Epik High estava em uma pausa temporária enquanto Mithra Jin e DJ Tukutz serviam o exército. O caso terminou com seis pessoas presas, mas foi um momento muito difícil da carreira de Tablo, pois atingiu em cheio sua saúde mental. 

Um bom rapper transforma sua ira em música e foi assim que Epik High fez. Algumas faixas como “Face ID”, “Born Hater” e “Don’t Hate Me” contam a fase sombria que o trio passou com os haters. 

Eu não deveria sorrir? Por que eu não deveria? 
Você disse que há alguma razão para odiar alguém? 
Por que tem milhares de razões para me odiar?
Todos gritam que tudo é minha culpa  

Don’t Hate Me

É a partir das vivências e questionamentos que o Epik High tem uma das discografias mais diversificadas da indústria musical. O grupo deixou de compor apenas hip-hop e de uns anos pra cá tem transitado entre o R&B, a música latina e o dance pop. Além disso, as letras das músicas falam sobre diversos assuntos, desde amor próprio e auto aceitação até questionamentos sobre a sociedade e tudo que está a sua volta. Sabemos que quando se trata de letra, o Epik High é inspiração para inúmeros artistas coreanos, não só pela genialidade, mas também por quebrar o estereótipo de que a música não pode falar sobre assuntos sérios. 

Duas décadas de uma carreira épica 

Bom, quando digo que o Epik High moldou o hip-hop sul coreano, não é porque eu sou fã dos caras. Mas sim porque, de um jeito ou de outro, eu caí em uma música deles e vi muito de outros artistas neles. Isso pode ter ficado um pouco confuso, mas o que quero dizer é que o trio que não era nada lá no início dos anos 2000, se tornou referência musical para muitos artistas. 

Os dedos mágicos do DJ Tukutz transformou o Epik High em um grupo capaz de transitar entre qualquer gênero. O que começou como hip-hop, hoje se transformou em uma potência que tem aberto espaço para muitos artistas, independentes ou não, experimentarem todos os tipos de músicas e ter o seu trabalho reconhecido. 20 anos de um grupo como o Epik High não caberiam neste texto, mas você pode experimentar um pouquinho do que são as duas décadas de grupo nos shows que o trio fará em agosto, no Brasil. 

Serviço – Epik High no Brasil

Rio de Janeiro
Data: 04/Agosto/2023 (Sexta-Feira)
Ingressos: aqui
Local: Vivo Rio (Endereço: Av. Infante Dom Henrique, 85 – Parque do Flamengo)
Horário de Início do Show: 21h00; Abertura da Casa: 19h00;
Classificação: maiores de 14 Anos podem entrar desacompanhados; Menores de 14 Anos somente com os pais ou responsável legal.

São Paulo
Data: 06/Agosto/2023 (Domingo)
Ingressos: aqui
Local: Vibra São Paulo (Endereço: Av. das Nações Unidas, 17955 – Vila Almeida)
Horário de Início do Show: 20h30; Abertura da Casa: 18:30;
Classificação: maiores de 14 Anos podem entrar desacompanhados; Menores de 14 Anos somente com os pais ou responsável legal.
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Texto por Ana Carol | Revisão por Fran | Equipe de Redação da K4US
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