Era 2016. Eu tinha 14 anos e fazia quase um ano que era fã de k-pop, então tudo era muito novo para mim. Foi nesse contexto que tive contato com um dos comebacks que mais me marcaram até hoje, o segundo full álbum do BTS, “Wings”. Assim, decidi fazer uma matéria sobre como mesmo depois de 7 anos, o álbum continua como um dos melhores e mais icônicos de toda a indústria do K-pop. Jamais vou esquecer a sensação daquele fatídico dia 9 de Outubro que vi o MV de “Blood, Sweat & Tears” pela primeira vez. Eu era apenas uma “adolescente esquisita” sentada no sofá da sala sendo apresentada a um novo mundo. 

A mudança de tom e o amadurecimento do BTS

Link Mv de “Blood, Sweat & Tears” (2016)

O BTS depois desse comeback entrou numa outra fase da carreira, foi uma mudança muito grande para apenas meses depois de “The Most Beautiful Moment In Life: Young Forever”, que finalizou a trilogia que falava sobre juventude e primeiros amores. Agora RM, Jin, Suga, J-Hope, Ji Min, V e Jung Kook eram todos oficialmente adultos. Os temas das músicas eram ainda mais profundos e os visuais eram mais maduros e até mesmo sensuais. Foi uma mudança que pegou todo o ARMY de surpresa. 

Integrantes da esquerda para a direita: Jung Kook, Ji Min, J-Hope, Jin, V, Suga e RM.

BTS e os solos em “Wings”

Entretanto, o MV e o álbum não foram as primeiras coisas que foram lançadas. As logos e os teasers dos integrantes foram o primeiro contato que tive com toda a era “Wings”. A partir do dia 4 de setembro de 2016, os short films individuais dos integrantes eram postados no youtube. O primeiro foi de Jung Kook com da música solo “Begin”, que trouxe uma estética sombria, artística e até fantasmagórica que preenche os menos de 3 minutos de vídeo e já mostravam para o que eles vieram no comeback.

Seguido dele, lançou “Lie” de Ji Min, “Stigma de V, “First love” de Suga, “Reflexion” de RM, “MAMA” de J-Hope e por fim “Awake” de Jin. Desta forma, cada short film funciona sozinho e conta visualmente um pouco sobre cada letra da música, mas também funciona no conceito grandioso que foi trabalhado por eles em vários MVs. Algo que até mesmo serviu de inspiração para “Save Me”, a webtoon do grupo. Então, ao fim de cada vídeo, uma nova logo é mostrada, o que indica que tudo aquilo foi pensado atentamente, nada estava lá por acaso. Os membros eram peças de um quebra-cabeça muito maior.

“Pego em uma mentira

Por favor, encontre o meu eu que era inocente

Eu não consigo me livrar dessa mentira

Por favor, traga de volta o meu sorriso”

Lie (Solo Ji Min)

As referências do Bangtan

Cada um deles traz referências que fãs mais perceptivos vão conectar com vídeos antigos, ou até mesmo com outras produções externas. Neste contexto, o livro “Demian” de Hermann Hesse, a escultura Pietá de Michelangelo e histórias bíblicas são apenas algumas das referências que estão tanto no MV do single “Blood, Sweat & Tears” quanto nos shorts films. Assim, era muito divertido a analisa das letras, ver as narrações dos vídeos, e criar teorias com os easter eggs. Algo que deixou a experiência mais imersiva e interessante. 

As letras das músicas solo também chamam muita atenção já que contavam um ponto de vista de cada integrante. Alguns desses temas são por exemplo: amor pela música, fama, amor próprio, problemas familiares, entre outros. Eles usaram seus eu-líricos musicais para trazer à tona inseguranças próprias. Como fã deles, e de música no geral, não tem como não admirar a coragem e entrega dos meninos. É por causa disso que mesmo depois de anos essas músicas ressoam tanto comigo, talvez até mais hoje em dia que sou adulta e perdi aquele espírito de “adolescente esquisita”. 

As B-sides do álbum

Mesmo que para mim os solos sejam o destaque do álbum, não tem como não falar das outras b-sides presentes. “Intro: Boy Meets Evil”, “Lost”, “ BTS Cypher 4”, “Am I Wrong”, “21st Century Girl”, “2!3!” e “Interlude: Wings” são faixas que até marcam, cada uma tendo uma importância diferente no fandom, trazendo sonoridades ecléticas como R&B, Trap, Hip Hop e eletrônico de uma forma coesa e que agrada públicos distintos. Destaque principalmente para “Intro: Boy Meets Evil” que foi o trailer oficial do comeback, trazendo a dança eletrizante e hipnotizante de J-Hope.

Link de “Intro: Boy Meets Evil” (2016), trailer oficial do comeback.

Por último, não tem como não falar de “Blood, Sweat & Tears”, além de um dos meus MVs favoritos é uma faixa que carrego com muito carinho. A música com diversas batidas que mudam a cada momento e levam a gente numa verdadeira montanha russa, é uma faixa chiclete que não tem como não ter vontade de dançar. Até minha mãe que não conhece muito de K-pop adora o BTS quando eu coloco o “wonhae mani mani” para ela ouvir. O vídeo dessa música também é maravilhoso e a cada vez assistida fico ainda mais boba com os detalhes, os figurinos e, é claro, a beleza dos membros. Todos estão no auge dela nesse vídeo.

O dance practice de “21st Century Girl” especial de Halloween (2016)

Celebração de um marco na indústria

Sou muito nostálgica e sensível quando falo desse álbum, pois marcou muito minha vida. Dessa forma, é incrível olhar para trás e ver onde o BTS chegou nesses 10 anos de carreira e saber que acompanhei o crescimento deles de perto. Portanto, se faz tempo que você não revisita “Wings” recomendo muito pegar seus fones de ouvido e viajar assim como eu faço. Se você ainda não conhece, não perca mais tempo e procure escutar esse que para mim é um dos álbuns mais icônicos da década. Você não vai se arrepender!

Texto por Laura Araujo | Revisão por Fran | Equipe de Redação da K4US | www.k4us.com.br |