Li um comentário na internet que dizia que se “The Good Bad Mother”, drama disponível na Netflix, fosse televisionado como uma novela brasileira, a atriz que interpreta a protagonista Young Soon (Ra Mi Ran) iria ser xingada nas ruas por causa da revolta popular contra a personagem. E, bom, eu não discordo dessa comparação e você vai entender o porquê.
The Good Bad Mother
Título original: 나쁜엄마
Ano de lançamento: 2023
Direção: Shim Na Yeon
Roteirista(s): Bae Se Young
Elenco: Ra Mi Ran, Lee Do Hyun, Ahn Eun Jin
Episódio(s): 14
ATENÇÃO! Esta resenha pode conter spoilers.
ENREDO
The Good Bad Mother conta a história de uma mãe que, ao perder o marido devido a um assassinato, precisa criar o filho sozinha. Com a intenção de seguir com a vida, ela se muda para um vilarejo no interior da Coreia do Sul e passa a cuidar de uma fazenda de porcos. A sua chegada causa alvoroço na vila, com protesto para a expulsão da mesma do local, mas o nascimento do seu filho faz as coisas mudarem de rumo.
Até este momento, The Good Bad Mother aparenta ser um drama normal, como qualquer outro que tem como pano de fundo um assassinato. Porém, não é assim que a banda toca nessa trama.
Young Soon busca justiça pela morte de seu marido. Por conta disso, ela acaba criando o filho Kang Ho (Lee Do Hyun) de forma muito rígida para se tornar um promotor que possa vingar a morte de seu pai. Devido a isso, Young Soon tem um comportamento quase que abusivo com o garoto, não o deixando ir às excursões da escola, regando a sua comida para que ele não fique sonolento e, em alguns momentos, batendo nele quando tira uma nota baixa. Ao contrário da personagem amorosa que assistimos nos dois primeiros episódios, a protagonista sofre uma mudança drástica em seu comportamento e é por isso que ela dividiria a opinião popular que eu comentei lá no início.
Devido ao comportamento agressivo da mãe, Kang Ho estuda e se forma em Direito, deixando sua paixão pela arte para trás. No meio desse processo, ele acaba desenvolvendo uma paixão por Mi Joo (Ahn Eun Jin), sua amiga de infância. Ao fazer a prova da ordem, um acidente acontece com os dois e ele acaba não concluindo o exame. Com isso, sua mãe fica furiosa e ele vai morar com Mi Joo em Seul até conseguir concluir sua missão. Porém, há uma mudança importante em seu comportamento.
Mi Joo trabalhou dia e noite para apoiar os estudos de Kang Ho para se tornar um promotor bem sucedido. Quando ele alcança o feito, sem mais nem menos, a abandona e vai seguir sua vida sozinho. No meio do processo, ele acaba se envolvendo com a filha do deputado Oh Tae Soo (Jung Woong In) e se alia ao empresário corrupto Woo Byeok (Choi Moo Sung), que matou o seu pai no passado. Mas a situação pode ficar pior: Kang Ho pede que Woo Byeok o adote como filho legítimo para que ele possa gerenciar a empresa do criminoso.
Kang Ho vive na capital sozinho sem qualquer tipo de contato com sua mãe. Ele volta ao vilarejo muitos anos depois para visitar Young Soon, mas o que era para ser uma festa agradável acaba se tornando um enterro. Kang Ho pede que a mãe assine o documento que autoriza a sua adoção. Ao voltar para a capital com a tarefa cumprida, Kang Ho sofre um acidente de carro e perde o movimento do pescoço para baixo e sua memória. Agora a sua mente volta a de uma criança com 7 anos de idade.
SOBRE CUIDADO
A primeira reação de Young Soon tem ao ver o filho sem mover os braços e as pernas e com a mentalidade de uma criança de 7 anos, é se desesperar. A mãe chora ao encontrar o filho naquela situação, mas o acolhe em sua casa e volta a cuidar dele como se fosse uma criança.
Essa parte de The Good Bad Mother mostra que, mesmo sendo uma mãe má, ainda tem muito amor e carinho dentro do coração de Young Soon. Ao saber do porque o filho não queria comer, ela fica devastada e começa a ter uma atitude diferente com ele. Eu diria que ela entendeu que o universo ou Deus ou sei lá quem estava dando uma segunda chance para consertar seus erros do passado.
Mais da metade da história assistimos a reconstrução do relacionamento e o cuidado entre Young Soon e Kang Ho. Agora como uma criança, Kang Ho tem que obedecer a mãe e aprender os afazeres da fazenda, mesmo querendo brincar com os gêmeos de Mi Joo que, por coincidência, volta para sua vida.
Ao mostrar o cotidiano tanto de Young Soon, quanto de Kang Ho, o drama se preocupa em contar um pouco da história das pessoas do vilarejo e o cuidado que elas têm com o jovem e sua mãe. O que antes era uma briga, tornou-se uma grande família que se apoia.
OPINIÃO
The Good Bad Mother me surpreendeu de forma assustadora com o comportamento abusivo da mãe, eu não estava esperando por aquilo. Mas a culpa foi toda minha por assistir um drama sem saber a sinopse ou ter visto qualquer tipo de edit no TikTok. O drama é daqueles que acontece uma tragédia atrás da outra. Quando você pensa que tudo vai se ajeitar, acontece alguma coisa e a situação ao invés de melhorar, piora. E é por conta disso que eu fiquei pensando muito sobre a vida, as relações que temos e o amanhã incerto. O drama realmente trás este tipo de reflexão profunda.
Porém eu preciso pontuar duas coisas aqui: a atuação dos atores e a construção dos personagens. Esse foi o primeiro trabalho com o Lee Do Hyun que eu assisti e estou completamente fascinada. O ator chamou atenção por conta de sua interpretação em “A Lição”, mas neste drama, meus amigos, ele está impecável. O querido atua só com um olhar, da para você saber quando ele está com uma mentalidade de criança e quando recuperou a memória com apenas u-m o-l-h-a-r. Outra pessoa que deve ser ovacionada aqui é a Ra Mi Ran, uma verdadeira dyva. Ela é conhecida por seu papel em Reply 1988, mas eu acompanho o trabalho da atriz há algum tempo e nunca a vi tão entregue a um personagem. Suas expressões faciais, o olhar para Kang Ho, as cenas em que ela se desespera, caraca, tudo perfeito. Se eu pudesse dar um Oscar de melhor atuação em qualquer gênero, com certeza, seria para ela.
O segundo ponto que devo destacar é a construção dos personagens. Você começa The Good Bad Mother odiando a Young Soon e no final está compadecendo da dor dela. Mas o grande destaque aqui vai para o Sam Sik (Yoo In So). No começo, eu não ia muito com a cara dele por ser um trambiqueiro. Porém, ele acaba se envolvendo com Kang Ho e toda sua história com a empresa corrupta e o deputado torna o personagem chave central para a ação e o mistério acontecer. Além disso, ele se destaca em vários momentos e é o principal responsável por nos entregar os momentos cômicos do drama.
E falando sobre mistério, investigação e ação, eu achei que toda a vingança planejada por Kang Ho aconteceu rápido demais. O drama possui 14 episódios e a trama policial se desenvolve com muita rapidez, se não prestar atenção, alguns pontos podem ficar soltos. No entanto, isso não impede de ser um excelente drama, muito pelo contrário, talvez essa rapidez fosse necessária para dar destaque a outros acontecimentos também importantes no vilarejo.
Bom, The Good Bad Mother me surpreendeu de uma forma positiva como nenhum outro drama lançado esse ano foi capaz de fazer. Chorei muito, ri muito e fiquei muito indignada com alguns personagens, mas a história foi fechada de uma forma apropriada e não deixou nenhuma ponta solta na trama, o que torna The Good Bad Mother um k-drama nota 10.
Texto por Ana Carol | Revisão por Fran | Equipe de Redação da K4US
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