“The Glory (A glória de uma nobre)” é certamente uma joia entre os c-dramas de época, que instiga o telespectador a devorar os episódios, com uma narrativa cheia de reviravoltas, atuações louváveis e grandes reflexões sobre o papel e a identidade da mulher seja na sociedade, seja na família. Afinal, pode a mulher ser o que ela quiser?

Baseado na web novel “重生之贵女难求 / The Reborn Noble Girl Is Hard to Find” de Qian Shan Cha Ke (千山茶客), que foi publicada pela primeira vez em 2012. O c-drama é produzido pela Tencent Video e está disponível na WeTV e no Viki.

ENREDO

Zhuang Han Yan (Chen Du Ling) teve uma vida difícil desde sempre, a família Zhuang acredita que ela seja a reencarnação de um demônio e a abandonaram numa vila rural onde a destratam, depois de um incidente, cansada e ansiando por um lar, ela retorna a capital em busca da sua origem.

Onde conhece o vice-ministro da Corte de Justiça Fu Yun Xi (Xin Yun Lai), um homem misterioso que desconfia dela desde sua chegada, sempre sondando seu passado e histórias. 

Como “o inimigo do meu inimigo é meu amigo”, Yun Xi se alia a Han Yan, que agora busca vingança de todos aqueles que a privaram de ter um lar, mas acaba presa num emaranhado jogo político. Será que ela conseguirá sua vingança e encontrar nos Fu o calor familiar que sempre desejou?


Imagem/reprodução: WeTV

OPINIÃO

“The Glory (A glória de uma nobre)” foi um destaque neste primeiro semestre do ano, pelo seu protagonismo ao longo da narrativa e principalmente por ter muitas peculiaridades. Um drama histórico que certamente você precisa ver, por isso, estou aqui para listar os motivos e o que torna esta obra tão marcante.

Para começar, o drama está absolutamente impecável. Com atuações louváveis, desde personagens secundários aos elenco principal, todos trazem vida a personagens complexos, em sua maioria bem desenvolvidos e claro, alguns carismáticos o suficiente pra termos empatia, já outros, odiosos em níveis inacreditáveis, que era impossível não pensar em pelo menos três xingamentos até quando mencionados rsrsrs.

Outros pontos da produção que se destacaram foram a fotografia, os figurinos e os acessórios, o drama conseguiu ambientar muito bem a dualidade da esperança e do desespero, com caracterizações muito bem planejadas que traziam toda a vivacidade, solidão, esperança e resiliência que o drama tanto apresenta. Sem falar é claro, na trilha sonora incrível, que se encaixa perfeitamente.

Antes de me aprofundar na narrativa, devo falar que o drama tem um enredo complexo e bastante denso, que evoca uma sensação constante de injustiça e desamparo, abusando de cenas com uma enorme carga dramática, podendo levar a algum desconforto. Afinal, a protagonista não tem um mísero segundo de paz, nem a Maria do bairro foi tão judiada 🤬

Com isso posso dizer que um dos pontos altos foram os desenvolvimentos dos personagens, aqui a inocência e a pureza foram representadas por personagens a dedo, enquanto os demais apresentavam a ambiguidade entre buscar sua própria felicidade ou a ambição do status de “ser bem sucedido”. Sempre apresentando lados diferentes dos personagens nos lembrando que o bem e o mal coexistem dentro de todos nós, afinal o que seríamos capazes de fazer sob extrema pressão?

Sobre o desenrolar da narrativa, simplesmente um espetáculo, ela consegue nos prender, nos incomodar, nos frustrar, nos questionar e mesmo assim, nos acolher, abordando temas tão complexos e familiares, de forma por vezes real, dolorida, e não deixando nada por explicar ou sem uma solução minimamente aceitável.

Imagem/reprodução: WeTV

Apesar de toda essa dualidade e pressão sobre o elenco, a química entre os protagonistas estava lá, desde os primeiros episódios, sendo palpável mesmo que inicialmente eles se assumissem apenas como “aliados”. Mas foi devastador, o quanto a narrativa não dava brecha para um maior desenvolvimento romântico desse casal maravilhoso.

Outra química que saltou aos olhos foi a de um possível romance sáfico entre a protagonista e a sua melhor amiga/aliada. Juro, que na minha cabeça as cenas delas juntas renderam mais momentos de casal que as dos reais protagonistas. Essa foto promocional acima fala mais de mil palavras simmmm!

Quanto às temáticas abordadas na obra, destaca-se a busca por um lar, mostrando as variações de percepções de um “lar”, seja ele a partir do sangue, seja a partir do afeto. Além de trazer as complexidades dos relacionamentos familiares, centrado nas lutas de poder, relações entre mãe e filhos, e a espetacularização da família nos meios sociais, no fim das contas, “o ser humano é um ser político”.

Imagem/reprodução: WeTV

Mas o que realmente tornou “The Glory (A glória de uma nobre)”, uma joia entre os c-dramas de época, é sem sombra de dúvida o protagonismo feminino, ao escolher contar e transmitir essa história a partir dos personagens femininos.

Assim, o drama assumiu como temática principal o papel e a identidade da mulher seja na sociedade, seja no seio familiar. Abordando como socialmente a mulher necessita da figura masculina como um validador de seu caráter e habilidades, bem como o do seu próprio status e conexões.

Além disso, a narrativa apresentou em diversos momentos a rivalidade feminina como força motriz dos desafios enfrentados pela protagonista e como a sororidade se faz necessária. Inclusive, no episódio 27, temos a seguinte fala:

Ao longo da história, as amizades dos homens sempre foram elogiadas. […] A amizade das mulheres também é valiosa.” – episódio 27

Demonstrando a importância dos laços femininos e o quão fortes as mulheres também podem ser unidas. Assim, a Han Yan prova que sim! A mulher pode ser aquilo que ela quiser!

Se você ficou interessado no c-drama, veja trailer abaixo e prepare-se para atuações incríveis, ambientação perfeita, um enredo cheio de jogos políticos muito bem elaborados, cenas de cortar o coração e muito protagonismo feminino!

10/10

The Glory (A glória de uma nobre)

Título original: 雁回时

Ano de lançamento: 2025

Direção: Yang Long

Roteirista(s): Cao Xiao Tian

Elenco: Chen Du Ling e Xin Yun Lai

Episódio(s): 30