A Mão e o Tamboril

Autoria: Jo Young e Jam San

Editora: Intrínseca

Páginas: 28

Gênero: Infantil

ISBN: 978-65-5560-208-1

Ano de lançamento: 2021

Plataformas atendidas: Livro; E-book

Sinopse: Era uma vez uma mãe que amava muito a filha e que jurou lhe dar tudo, até o Sol e a Lua. Ela a mimava de todas as formas, tornando-a completamente dependente e incapaz de agir por conta própria. Quando a mãe então implora pela ajuda da filha, a criança nada tem a oferecer, e as consequências dessa relação conflituosa são drásticas.

Confira a resenha de “A Mão e o Tamboril”, um dos livros do k-drama Tudo Bem Não Ser Normal, escrito por Ko Moon-young.

Atenção: contém spoilers sobre a história do livro.


Seguindo a linha de “A Criança Zumbi”, em “A Mão e o Tamboril” vemos uma história que, ainda que não traga elementos mais grotescos em suas ilustrações, entrega uma trama que perturba um pouco mais quando comparada às demais da coleção.

A história acompanha uma mãe e sua filha. A primeira faz tudo para a segunda. Quando a filha quer comer, a mãe a alimenta; quando a filha quer andar, a mãe a carrega e nesse contexto a criança cresce.  

a mao e o tamboril

Um dia, a mãe precisou descansar e pediu que a filha lhe trouxesse comida. A menina, no entanto, não podia fazer isso, pois nunca havia usado as mãos e, como consequência, elas haviam desaparecido. A mãe, então, pede que a filha a carregue, mas a garota também não desenvolveu as pernas pois sempre foi carregada. Ao invés disso, a única coisa que a filha possuía era uma grande boca.

Furiosa, a mãe gritou com a criança. A filha que ela havia criado com tanto cuidado não sabia fazer nada além de receber.

a mao e o tamboril

A mãe, então, passa a enxergar sua filha como um peixe, um tamboril, e a arremessa ao mar. Desde então, quando a ventania bate, é possível ouvir o choro de vários tamboris pedindo por suas mães.

Sombrio, né?

Foi o que pensei quando terminei de ler o livro.

Penso que a “Mão e o Tamboril” conversa muito bem com “A Criança Zumbi”. Trabalhando em cima da temática do relacionamento entre pais e filhos, cada história mostra uma extremidade dessa relação. Enquanto a segunda aborda a falta de afeto, a primeira nos traz o oposto: o excesso de zelo que incapacita a criança que é superprotegida.

Particularmente, me identifiquei bastante com a filha. Assim como ela, também cresci em um ambiente com bastante proteção. Isso dificultou meu desenvolvimento em diferentes aspectos por gerar, por incrível que pareça, muita insegurança. Que irônico, né? 

Além disso, o livro pode ser interpretado como uma mensagem aos pais que esperam filhos perfeitos ou os criam com essa expectativa. Isso não existe e traz impactos negativos para a criança futuramente. 

Por fim, o livro me trouxe outra inquietação: o que raios é um tamboril?

Segundo o Google, um tamboril é um peixe bentônico. Ou seja, ele vive em grandes profundezas. Como não caçam ativamente, não conseguem nadar muito bem e, por isso, não possuem uma estrutura hidrodinâmica como vemos na maioria dos peixes, o que torna seu formato bastante estranho. Contudo, ele possui uma grande boca. Exatamente como a filha, certo?