Estrelado por Park In-hwan e Song Kang, “Navillera”, que é baseada em um webtoon de mesmo nome, chegou à Netflix na última segunda-feira (22) com os seus dois primeiros episódios – o segundo exibido na terça-feira (23). A produção é mais uma parceria entre a tvN com o serviço de streaming, desta vez focada em uma trama que se apoia na delicadeza do ballet para contar uma história sensível sobre a realização de sonhos.
Paralelamente, o personagem de Park In-hwan lembra um pouco Sa Mingi, personagem de Han Jin-Hee em “Record of Youth”, também da Netflix. Ambos têm em comum a busca pela realização de um sonho em uma idade mais avançada. A diferença fica por conta de Deok-chul, que é muito mais inseguro quanto a si, mas essa insegurança nunca o impede de dançar.
Já Chaerok, personagem de Song, é um jovem de 23 anos que vive sozinho após sua mãe morrer e o pai ser preso, tendo problemas para se sustentar financeiramente, procurando sempre um “bico” diferente para garantir um dinheiro no final do mês. Sua maior paixão é o ballet, e ele é excelente no que faz, mas uma lesão no joelho sempre o impede de alcançar o seu maior potencial.
Apesar dos dois personagens terem idades e problemas diferentes, ambos possuem duas similaridades: a paixão pelo ballet e a fragilidade. Os dois se sustentam em uma arte muito delicada para conseguir aflorar seus sentimentos. É com o ballet que eles se sentem livres e fortes. É justamente essa paixão que anula toda fragilidade que possuem e que deve os unir nos próximos episódios.
Kang e In-hwan possuem uma química em cena indiscutível. Song Kang tem entregado bons papéis ao longo de sua carreira e Chaerok pode se tornar um de seus destaques. Já Park In-hwan é muito carismático e consegue conquistar o espectador com um sorriso. Portanto, a relação entre pai-filho que devem desenvolver nos próximos episódios será um pilar fundamental para sustentar a trama.
É interessante que “Navillera” opta por umas decisões artísticas não muito convencionais para os k-dramas, principalmente no primeiro episódio. Os enquadramentos em planos mais abertos e câmeras muito estáticas, além do aspect ratio em 2.77:1 é o conjunto que chama mais atenção, aliado a uma fotografia bem urbana, com momentos muito específicos que puxam para outras cores além do cinza e tons mais frios.
A trilha-sonora mais pontual no primeiro episódio é uma decisão corajosa porque faz com que os atores se empenhem muito mais para entregar nas cenas que exigem mais emoção. Geralmente, quando a música é inserida em cena, ela a potencializa, contribuindo para causar sensibilidade ou qualquer outra emoção desejada ao espectador. Deste modo, o ator pode contar com o apoio da trilha-sonora, mas quando o único som que ouvimos é ambiente, o ator precisa ser competente o suficiente para entregar sozinho o que é necessário. Song Kang e Park In-hwan conseguem.
Infelizmente, no episódio seguinte, a trilha-sonora é muito mais presente, indo na contramão da proposta piloto. Isoladamente, o episódio funciona, mas enquanto um conjunto causa uma sensação de incômodo. A música – ou sua falta -, muitas vezes, contribui para a construção de um tom que, enquanto o primeiro episódio é muito mais sério e intimista, sua sequência é bem mais leve com uma pitada de humor. Espero que “Navillera” consiga nivelar o seu tom porque o drama pode se tornar uma montanha-russa caso não o tenha bem definido, resultando em um produto inconsistente.
Apesar desse problema, a trama é envolvente e os personagens possuem camadas muito interessantes para serem exploradas conforme o drama avançar, além de uma mensagem muito bonita sobre persistência. Com 12 episódios no total, “Navillera” é transmitido na Netflix sempre às segundas e terças-feiras.