Amizades, sacrifícios, perrengues, sonhos e amor são palavras que resumem bem como foi o show realizado pelo NCT Dream na última segunda-feira (2), no Espaço Unimed, em São Paulo. São sentimentos conflitantes que tornam a experiência, no mínimo, inesquecível. Eu, Laura, sou muito fã do NCT há 8 anos, e essa foi minha terceira vez vendo o grupo ao vivo: duas vezes com o Dream e uma com o 127.  

Como num coração de mãe, eu não consigo escolher meu favorito, mas segunda-feira foi diferente para mim de alguma forma. Não sei se foi o fato de estar indo a São Paulo sozinha pela primeira vez ou por tudo ter acontecido tão rápido, mas esse show foi diferente, foi especial. Pude conversar com muitas pessoas legais e com histórias incríveis, desde as meninas de Campinas, interior de São Paulo, que pegaram excursão comigo e me acolheram como se já me conhecessem há muito tempo, até às meninas que conversei na fila, além das minhas outras companheiras do portal K4US, que finalmente pude conhecer pessoalmente. Todas colaboraram para que tudo fosse incrível.

Inclusive, minha amiga Júlia, com quem divido este texto sobre nossas percepções do show, foi comigo em busca de histórias das NCTzens que estavam esperando ansiosamente durante horas na fila pelos meninos. Ana Carolina (30), do Sul de Minas Gerais, Nctzen oficialmente há quatro anos, nos contou que na manhã do show teve que ficar 27 minutos presa no elevador do lugar onde estava hospedada, e que chegou a temer pela sua vida. Sério, nem imaginamos o desespero que ela e suas amigas sentiram. Que bom que deu tudo certo. Cautelosa e desconfiada como toda Mark biased é, Ana Carolina ainda nos contou que não viu nenhum spoiler do repertório do show antes, que seria tudo uma novidade. Mesmo que não tenhamos nos encontrado depois, esperamos que ela e suas amigas tenham aproveitado muito as surpresas preparadas pelo Dream. 

Continuando nossa caminhada pela fila (embaixo do sol a pino e tempo abafado típico de uma metrópole como São Paulo tem), ouvimos uma caixa de som de um vendedor ambulante tocando “Hello Future” para chamar atenção para seus refris e águas geladas. Entretanto, as vozes de Luana (24), Sabrina (18) e Graziele (16) se sobressaíam ao cantar a música a plenos pulmões, como se o próprio NCT Dream estivesse ali performando na rua Tagipuru, na Barra Funda.

Todas paulistas e aguardando desde às 22h30 da noite de domingo (1), as três fãs, que, assim como eu, veriam os artistas pela segunda vez, dividiram com a gente algumas de suas expectativas sobre o show e experiências no fandom. Graziele, fã desde 2018 e uma Haechan biased, nos explicou ansiosamente como quase caiu devido à altura de sua bota. Sua expectativa era ver a igualmente animada “GO”, um dos clássicos da discografia do grupo. Já Luana, determinada e sorridente como seu bias Chenle, relembra 2017, a época que ainda era difícil diferenciar os integrantes. “Antes eu confundia o Jaemin e o Chenle porque, quando foram me apresentar o NCT, falaram que o Jaemin era o mais bonito e, para mim, o Chenle era o mais bonito, então eu chamava ele de Nana por, tipo, quase um mês”, complementou ela, rindo de si mesma.

As três, junto de uma colega chamada Luiza (20), natural do Rio, fizeram amizade ali. Cada uma tinha uma numeração marcando a ordem em que dormiu na fila. Essa organização foi feita pelos próprios fãs para quando fossem entrar no show – Foto: Laura Araujo 

 Luana, vestida com roupas vermelhas e pretas como as utilizadas pelos integrantes no primeiro bloco do show, confidenciou que provavelmente iria chorar muito quando tocasse “Like We Just Met”, uma das músicas mais tristes do grupo. Em contraste, sua colega de fila Sabrina, fã desde 2020 e vestida de cores mais claras, contou que estava animada para “Poison”, uma das músicas mais sexys deles. Sua personalidade também batia com a de seu bias, o Haechan, já que em 2023 ela se vestiu de Michael Jackson para esperar o septeto no aeroporto, algo que pode soar engraçado agora, mas que para ela foi uma experiência nada agradável.

Ver tudo que nós e outros fãs passamos para estar lá nos fez refletir sobre a organização do evento. A fila em caracol no estacionamento do Espaço Unimed expôs os participantes a um calor intenso, que chegava a derreter a maquiagem e molhar a roupa de suor. Felizmente, os bombeiros estavam distribuindo água para amenizar a situação. No entanto, para as entrevistadas que se aventuraram na pista premium, os desafios pareceram continuar antes, durante e depois do concerto.

A segunda reflexão foi o clima de amizade que um fandom pode nos proporcionar e o amor genuíno dos fãs. Esse sentimento uniu todo mundo em um propósito, e nenhum perrengue ou mudança de temperatura da capital paulista foi capaz de nos abalar. Chorar, gritar e cantar a plenos pulmões em um show na companhia de novas e antigas amizades é muito bom e uma aventura que todo mundo deveria vivenciar pelo menos uma vez. 

Inclusive, acho importante pontuar que, embora o fandom NCTzen inclua tanto homens quanto mulheres, elas são maioria, então o show é um lugar confortável para que possam expressar todo seu amor pelo grupo. É muito injusto que, quando são homens fãs de futebol, chorando, fazendo tatuagens ou viajando longas distâncias para ver um jogo, eles são considerados “apaixonados”, enquanto  mulheres que demonstram sua paixão por algo são rotuladas como “histéricas, loucas e imaturas”. Não há idade para uma mulher ter uma paixão; seja aos 16, 30 ou 60 anos, ela tem o direito de expressar seu entusiasmo. Foi incrível poder me sentir livre e compartilhar minha euforia sem julgamentos.

VIVENDO O SONHO!

Após muitas voltas na fila e algumas mudanças no clima, finalmente chegou o início do show exatamente às 20h30. O VCR de “icantfeelanything” abriu esse momento, enquanto a bandeira do NCT pendia no palco, enchendo nossos corações de ansiedade. Ao final do vídeo, os meninos entraram com tudo ao som de “BOX”, nos deixando em êxtase puro ao presenciar a performance impecável. Nesse momento, eu, Júlia, já estava com o coração batendo em tons de verde limão e neon, mas a sequência deixou tudo ainda melhor, contando com “SOS” e a atemporal “GO”. Com uma mistura de nostalgia por ter acompanhado a trajetória dos meninos desde o “SM Rookies” e animação por poder estar vivendo aquele momento, meus gritos mais sinceros ecoaram por todo o Espaço Unimed. 

Logo em seguida, foi a hora das apresentações, com frases arriscadas em português, como o “te amo” de Jaemin e um fofo “olá, sou o Jisung Park” do maknae, fazendo o coração dos NCTzens derreter com sua distribuição de sorrisos e beijos. Os meninos também expressaram a saudade que sentiram do Brasil e esbanjaram muito carisma ao ouvir os coros gritando o nome de cada um. Porém, o momento de fofura deu espaço para a apresentação de “Poison”, mostrando o conceito sexy deles, e admitimos que a nossa pressão até caiu com o impacto. Mas logo nos recuperamos para cantar “Drippin” com todas as forças e sentir o coração bater no ritmo agitado do refrão, enquanto o NCT Dream entregava tudo no palco.

A setlist impecável também contou com a energia animada de hits como “Arcade”, “We Go Up” e “Yogurt Shake”, que nos levou a pular e surfar na onda de sorrisos que os meninos esbanjaram durante cada performance. Somada a essas lendas, tivemos “Skateboard”, que com certeza fez o Chorão que habita em nós falar mais alto enquanto cantávamos “달려 on my Skateboard” (“corro no meu skate”). “Pretzel (♡)”, trouxe toda a vibe da Ana Maria Braga ao cantar a receitinha de amor que a música tem. E ainda tivemos uma sensação de Natal antecipado ao som de “Walk With You”, da forma mais linda possível. 

Mas como nem tudo são flores, também confesso que algumas lágrimas rolaram ao som de “Rains in Heaven”, “Broken Melodies”, “Never Goodbye” e “Breathing”, que preencheram todo o lugar com emoções lindas, graças aos vocais suaves e poderosos de cada um, especialmente de Chenle e Haechan, que mostraram que tem gogó para sustentar todas as high notes. Além disso, também fomos atingidos por uma bomba de fofura com a adorável “Candy”, e é claro que a música teve um coro do começo ao fim. Para completar, a setlist também foi composta pelos hits “ANL”, servindo talento, “Better Than Gold”, que deixou tudo realmente melhor que ouro, “Hello Future” e “ISTJ”, verdadeiros ícones musicais. 

Ment, ou discurso final do show – Foto: Laura Araujo

Um outro ponto que vale muito ressaltar é que a ausência de Renjun foi sentida durante todo o evento. Me chamou atenção o imenso cuidado e carinho do fandom, que segurou vários cartazes fofos dedicados a ele e fazendo questão de incluí-lo em cada pequeno momento. Os meninos também mencionaram a falta que um dos vocalistas principais fez e prometeram retornar com o integrante em um próximo show. Então, estaremos esperando com toda a certeza. 

Partindo para o encerramento, percebemos muita emoção por parte dos membros enquanto apresentavam “Like We Just Met”. Depois, Chenle e Haechan agradeceram todo o amor do público, destacando a animação e a recepção em cada música. Junto dessa enxurrada de carinho, recebemos os mais doces elogios vindos de Jaemin, que, com um sorriso encantador, disse que achava todos ali presentes tão lindos. Mas não parou por aí, Jeno fez o meu coração até pular uma batida com o seu caloroso discurso final e um lindo “te amo”, que estampou um sorriso no rosto de todo mundo. Mark também não poupou palavras de afeto e esbanjou muito amor em sua despedida, dizendo que, assim como amamos o NCT Dream, eles também nos amam na mesma intensidade. Até parecia que eles não queriam ir embora, e nós também não queríamos, né? Com isso, ele nos prometeu que na próxima vez o NCT Dream faria dois shows. Olha que vamos cobrar, hein, Mark Lee! 

Viver o “THE DREAM SHOW 3: DREAM()SCAPE” foi uma experiência única e linda que construiu e reforçou laços de amizade durante toda a ansiosa espera para ver os meninos. Essa experiência tirou até a força das nossas cordas vocais, nos deixando completamente roucas. Poder estar naquele mar de amor que pulsa em verde neon foi um momento incomparável que fez valer cada perrengue para chegar até ali. Com toda a certeza, o NCT Dream nos fez sentir um amor gigantesco em cada segundo. Já estamos chorando ao som de “Rains in Heaven” pela milésima vez e ansiosos para a próxima vinda deles ao Brasil com o Renjun!