“Love To Hate You” mal estreou na Netflix e já alcançou o top 10 de mais assistidos da plataforma. Com apenas 10 episódios, o k-drama estrelado por Kim Ok-bin e Yoo Teo narra a história de uma mulher que detesta homens e, consequentemente, de um homem que detesta mulheres, o enemies to lovers perfeito para os amantes de romance. 

Mi-ran (Kim Ok-bin) é uma advogada que gosta de fazer justiça com, literalmente, as próprias mãos. Amante de artes marciais e uma mulher super independente, ela odeia que os homens consigam ter maior vantagem na sociedade por, simplesmente, serem homens. Já Kang-ho (Yoo Teo) é um ator muito famoso na Coréia do Sul, que nunca se envolveu em uma polêmica. O motivo está ligado ao fato dele não se relacionar com o sexo oposto e achar que toda mulher é interesseira. 

Um belo dia, Mi-ran o encontra em um resort proferindo os piores dizeres machistas que um homem poderia dizer. Determinada a fazer com que a máscara dele caia para toda a nação, a advogada acaba indo trabalhar na firma que, por coincidência, defende Kang-ho. O que podemos esperar disso? Um relacionamento por contrato entre uma feminista e um misógino 🙂 

Brincadeiras à parte, Love To Hate You discute uma questão muito importante que eu não via há algum tempo nos dramas: machismo e misoginia. Ser mulher já é uma tarefa difícil em qualquer lugar do mundo, mas ser mulher na Coréia do Sul, com uma das sociedades mais patriarcais e machistas que existem, acredito, deve ser bem complicado. E bom, Love To Hate You conseguiu mostrar isso de uma forma leve e descontraída.

São várias as cenas que assistimos a Mi-ran sendo injustiçada ou sofrendo qualquer tipo de preconceito e comentários misóginos por ser mulher. Um exemplo disso foi o episódio  em que ela vai se candidatar à firma onde trabalha, todos os candidatos que competem com ela são homens. No entanto, a situação consegue ficar um pouco pior quando um dos gerentes da empresa fala que não contrata mulheres por elas terem que tirar licença maternidade e sofrerem com menstruação. Oi? Eu fiquei bem p* da vida quando assisti essa cena e isso me fez começar a ver o drama com um olhar diferente. 

Love To Hate You apesar de estar sendo amado por todes pela comédia romântica, muito boa por sinal, deixa uma pulga atrás da orelha para o telespectador. Questões como divórcio, o homem ter mais espaço no mercado de trabalho e relacionamento são discutidos de forma talvez até que imperceptível, mas que são a cereja do bolo para tornar o drama algo especial. 

Mi-ran é uma protagonista forte que em nenhum momento é salva pelo seu par romântico. Muito pelo contrário, ela salva ele e faz apontamentos onde podemos enxergar o lado de Kang-ho e assisti-lo  se tornar uma pessoa menos pior, que está aberto a mudar o comportamento misógino. 

Além disso, Love To Hate You levanta uma questão muito interessante sobre os locais e as pessoas que nos rodeiam. Mi-ran cresceu em uma família patriarcal e viu sua mãe ter que aguentar todo tipo de ofensa e gritaria vindo de seu pai, logo, aquele sentimento de revolta faz com que ela queira mudar o mundo. Já Kang-ho talvez tenha algo parecido, mas de forma reversa, visto que sua mãe sempre se relacionou com homens por dinheiro. 

Por isso o drama precisa ganhar mais visibilidade para além da sua comédia romântica. O enredo, junto da história e dos personagens cativantes torna “Love To Hate You” uma obra diferente das demais, justo pela sua abordagem crítica à sociedade patriarcal que ainda é tão enraizada no mundo. Mais um dia as feministas venceram com essa obra de arte. 

Texto por Ana Carol | Revisão por Fran Equipe de Redação da K4US
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