Aos poucos, os brasileiros estão cada vez mais dentro da indústria de k-pop. Em grupos, temos as brasileiras Leia e Gabi no BLACKSWAN e o brasileiro Raphael no Dustin. Já nos bastidores, neste ano pudemos ouvir “AY-YO”, do NCT 127, que contou com uma co-produção do duo Tropkillaz, e no ano passado ouvimos “Dimension”, do promissor tripleS, que conta com composição de Isa Guerra.
Isa, que também é cantora e já possui canções incríveis lançadas, sempre foi apaixonada por música. Os pais colocavam músicas para ela ouvir quando ainda estava na barriga de sua mãe e quanto mais crescia, mais apaixonada se tornava. Por volta dos 15 anos, conheceu o k-pop e conta com exclusividade para a K4US como seu trabalho foi parar na Coreia do Sul. Confira a entrevista abaixo.
Isa, para começarmos, queria entender: como começou o seu interesse por música? Os seus familiares te ajudaram a se apaixonar por música ou teve algum artista que “virou a chavinha” e te fez perceber que já estava apaixonada?
Eu comecei a me interessar por música muito nova. Meus pais contam que colocavam CDs pra tocar desde quando eu estava na barriga da minha mãe e que eu só parava quieta se ligassem a TV em algum canal de música. Eu ficava hipnotizada. Na minha casa, apesar de ninguém além de mim seguir carreira artística, todos sempre tiveram o costume de consumir diferentes estilos musicais. Isso me incentivou muito e criou uma base pra eu explorar esse interesse desde nova. Quando aprendi a escrever, dei um autógrafo pra minha mãe e desde sempre falava que iria trabalhar com música quando crescesse.
E seu caminho até se tornar cantora e compositora. Como que tudo aconteceu? Se tornar musicista foi algo que você sempre sonhou em ser ou você tinha outros planos?
Eu sempre tive certeza que seguiria esse caminho. Como o interesse pela música surgiu muito cedo na minha vida, eu cresci pensando em como faria isso acontecer. Sempre fui bem focada nesse objetivo. Quando criança, quando ia em algum bar ou restaurante com meus pais que tinham música ao vivo, eu pedia pra subir e cantar. Comecei a tocar violão por volta dos meus 8 anos de idade e postava vídeos na internet durante a minha adolescência. Tudo isso fiz pensando que fazia parte da minha evolução e caminhada até esse sonho que nasceu junto comigo. Pessoas próximas já me perguntaram muitas vezes se eu não tinha um plano B, já que é um ramo extremamente incerto e complicado. Eu sempre respondia que o plano B só iria me desfocar do A. Eu não iria parar até o plano A dar certo.
Todo bom artista tem suas grandes inspirações. Quem te inspira? Tem algum artista, dentro ou fora do k-pop, que te serve muito como uma espécie de modelo a ser seguido?
Sempre aprendo com vários artistas diferentes, dentro e fora do k-pop. Conheci o k-pop com mais ou menos 15/16 anos de idade e isso despertou um senso de disciplina e dedicação muito grande em mim. Ver o quanto os grupos que eu amo se dedicam e se esforçam é algo que me inspira até hoje. Mas eu ouço de tudo e sempre tive várias fases ao longo da minha vida em relação a música. Até hoje tenho. Desde Linkin Park a Lady Gaga, Jão a Marília Mendonça, ACDC a BIGBANG e BTS… Acho que essa mistura me faz aprender um pouco com cada artista e ajuda a expandir minha criatividade cada vez mais.
Agora vamos falar de TripleS? Algo que estou muito curioso em saber é: como que rolou esse convite? Foi algo para atender uma demanda da empresa do trio?
Eu tive a oportunidade através do meu cowriter, que disse que havia um novo girlgroup buscando músicas pro seu debut. Nós fizemos a música baseada nas referências de estilo musical do grupo e tivemos a sorte de gostarem do que fizemos. Foi realmente muito incrível o processo de ver “Dimension” ganhando vida.
E como é para você ser artistas como o TripleS dando vida às suas composições? Deve ser bem louco ouvir uma composição sua ganhando vida em um idioma completamente diferente do seu.
É uma das sensações mais legais que eu já vivi! Sendo fã de k-pop há muito tempo, foi mágico ver o resultado final com a letra em coreano e nas vozes das integrantes. Eu realmente me emocionei demais. Também foi muito divertido poder ver as características de cada pessoa que participou do projeto se misturando. Elas foram incríveis na entrega e interpretação. Nunca vou me esquecer do momento em que ouvi a música pronta pela primeira vez.
Nesses últimos anos, tem ficado um pouco mais evidente a inserção de brasileiros no mercado fonográfico da Coreia do Sul. Recentemente tivemos, por exemplo, o duo Tropkillaz em uma coprodução do NCT 127, e não podemos esquecer também de Leia, do BLACKSWAN, e o baterista Victor Han. Como você enxerga essa chegada dos brasileiros neste mercado?
O k-pop é muito versátil e abraça diferentes estilos. A gente percebe que além dos próprios coreanos, existem pessoas do mundo todo nesse mercado. Acho que isso contribui bastante pra diversidade na sonoridade. Eu fico muito animada com a chegada de mais brasileiros, principalmente sabendo que temos uma das maiores fanbases de k-pop no mundo. Gêneros do Brasil, como funk e bossa nova, são muito encontrados nas músicas e acredito que com mais brasileiros chegando a gente possa tornar isso ainda mais presente.
A inserção dos brasileiros no k-pop acredito ser quase que um passo natural de um gênero tão globalizado como esse. Devem existir inúmeros brasileiros que sonham, de alguma forma, trabalhar com o k-pop. Por que você acha que o k-pop encanta tanto ao ponto de pessoas do outro lado do mundo quererem viver disso?
Acho que o k-pop, além de música, entrega TUDO. Desde a música, ao conceito, aos clipes extremamente bem produzidos… Tudo isso chama muita atenção. Também, o gênero abraça certas coisas que em outro estilo seria considerado “estranho” ou não cabível, mas que no k-pop consegue ficar extremamente viciante e descolado. A liberdade criativa é muito grande e isso faz com que seja divertido de consumir e criar. Tudo é possível. É um universo realmente muito completo e fascinante.
Para finalizar, fala pra gente um pouco da sua nova música, “Meu Godê”.
“Meu Godê” é o meu segundo lançamento do ano e eu tô muito animada pra colocar ela no mundo. Eu escrevi um pedaço dela exatamente um ano atrás e decidi completar a música pra lançar esse ano.
É sobre um amor incerto, que está no início, mas que faz bem. Eu sempre gostei mais de dias fechados do que de dias ensolarados. Acho que eles traduzem como eu me sinto por dentro, talvez. Um céu cinza, com chuva e tempestade fazem com que eu me sinta energizada e acolhida. A letra fala sobre alguém que me remete a mesma sensação de dias assim, que são os meus preferidos.