Desde que a primeira versão de “Produce” foi ao ar, lembro de ter ficado encantado pela ideia de um reality show de sobrevivência formar um grupo de k-pop com membros de empresas distintas, o que soou bem revolucionário para mim. O encanto, entretanto, foi momentâneo e nunca cheguei a realmente acompanhar qualquer variante do “Produce” ou até mesmo outros realitys com formatos mais distintos, mas isso mudou com a chegada de “Boys Planet”, que não pensei duas vezes em dar uma chance.
Logo no primeiro episódio, tive um gostinho de tudo o que um reality desse porte poderia me proporcionar: episódios longos, um melodrama para segurar o público e uns 20 queridos – entre os 98 – que muito provavelmente teriam mais destaque ao longo do programa, seja por serem os mais talentosos entre o grupo, seja pelos próprios interesses da emissora. O que, sendo bem sincero, não é um problema para mim.
Sabe quando você assina um termo de condições e afirma estar ciente de tudo? Dar play em um reality como “Boys Planet”, é praticamente isso. Ou você aceita que o seu querido em algum momento pode ser afetado pela edição do programa ou desiste do reality show. O problema é que mesmo assinando esse termo fictício, é difícil não se envolver com os participantes que, no fim das contas, são meros personagens de uma grande história não-roteirizada contada ao longo de 12 episódios.
Essa história tem seus grandes protagonistas que independeram da Mnet, como Sung Han Bin, que desde o início do reality show permaneceu em primeiro lugar nas votações e, surpreendentemente, terminou em 2º lugar. E, também, de protagonistas em potencial que puderam ou não ser usados pela própria emissora para alavancar o programa. Neste caso, estou falando de Lee Hoe Taek, nosso querido Hui, do Pentagon.
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Os primeiros episódios ‒ em especial até na primeira missão ‒ se apoiaram muito no cantor por conta de toda a narrativa de uma nova chance que foi dada a ele com o reality. Apesar de haver outros trainees que também fazem ou fizeram parte de outros grupos, ele foi tratado como o grande veterano, inclusive pelos próprios participantes, porém sua narrativa não teve continuidade pela Mnet. Assim, depois que o programa ganhou público, a emissora sequer se preocupou em trazer uma nova história ao trainee.
De certa forma, a decisão foi certeira porque são muitos personagens para poucos episódios, então é necessário ter essa rotatividade de protagonistas e inclusive de antagonistas. Oras, se não há conflito interno, o entretenimento cai um pouco por terra já que a superação dos participantes não é muito suficiente. É maldoso criar vilões, eu sei, mas será que um reality show de sobrevivência sem qualquer conflito daria certo?
No entanto, nada mais maldoso do que a criação de vilões é ver grandes talentos perdendo missões pelo sistema de votação de público e, consequentemente, serem eliminados. Sem citar nomes para não parecer que estou defendendo um ou outro participante, é frustrante ver como alguns competidores são desfavorecidos pelo favoritismo do público. Os próprios meninos se surpreendiam com alguns resultados das missões, mas é, infelizmente, assim que um reality desse tipo se move: sem o público, ele não existe.
Mas foi justamente esse público que coroou Zhang Hao em primeiro lugar no line-up final. É simplesmente histórico ver pela primeira vez um participante global, em especial um chinês, vencer o primeiro lugar, ainda mais se levarmos em consideração todo o histórico da Coreia do Sul com membros chineses em grupos de k-pop. Então apesar de algumas injustiças cometidas pelo público ao longo dos 12 episódios, a vitória de Zhang Hao é uma grande compensação.
Na verdade, toda a line-up é perfeita. Alguns dos meus queridos não conseguiram entrar, não vou mentir, mas é inegável que Zhang Hao, Sung Han Bin, Seok Matthew, Ricky, Park Gun Wook, Kim Tae Rae, Kim Gyu Vin, Kim Ji Woong e Han Yu Jin têm tudo para ser um grupo incrível para dar início a quinta geração de k-pop ‒ se é que eles serão responsáveis pela mudança, mas isso aqui é assunto para outro dia.
No final, “Boys Planet” pode sim parecer uma experiência frustrante porque é muito difícil não se apegar em alguns participantes e sentir que houveram injustiças – mas isso é extremamente pessoal, o que foi injusto para mim, não foi para você e assim vai. Porém, foi uma jornada incrível que apresentou artistas espetaculares. Não vejo a hora de ZEROBASEONE mostrar a que veio e estou ansioso para saber o futuro de quem não conseguiu almejar o tão sonhado debut (por enquanto).