Título: 꽃보다 남자 / Boys Over Flowers / Meninos antes de flores
Produção: KBS2
Gênero: Drama / Comédia romântica
Ano de lançamento: 2009
Direção: Jeon Ki Sang
Roteirista(s): Yoon Ji Ryun
Elenco: Lee MinHo, Ku HyeSun, Kim Hyun Joong, Kim Bum, Kim Joon
Episódio(s): 25
Plataformas atendidas: Netflix e Viki
Geum JanDi vem de uma família pobre, dona de uma loja de lavagem a seco. Um dia, ela visita a escola Shinwa, escola de prestígio onde somente a elite estuda, com o objetivo de fazer uma entrega e salva a vida de um aluno que estava prestes a cometer suicídio por conta do bullying que sofria. JanDi recebe uma bolsa de estudos dada a atletas do time de natação para frequentar a escola como recompensa por seu ato heroico. Lá, ela conhece o notório F4, grupo dos meninos mais populares e poderosos da escola, composto por Go JunPyo; o líder do F4 e herdeiro do grupo Shinhwa, Yoon JiHoo; neto de um ex-presidente da Coréia, So YiJung; um ceramista habilidoso que vem de uma família dona do maior museu de arte do país e Song WooBin; cuja família administra a maior empresa de construção do país. Sua vida na escola começa de forma terrível, já que ela não consegue se encaixar devido ao seu status e depois piora quando ela é rotulada como o novo alvo do F4. (Sinopse retirada do site MyDramaList/adaptado)
‘Boys Over Flowers’ é, sem dúvidas, um dos dramas mais famosos da República da Coreia. Ao longo dos anos, se perpetuou como um dos que mais atraem adeptos ao mundo dos K-dramas, afinal, é bem comum conversar com dorameiros que dizem ter sido este seu primeiro contato com as demais produções sul coreanas. Muitas pessoas começaram a se interessar mais por kpop ou outros aspectos culturais por conta da série, que é um grande marco da onda hallyu.
É uma adaptação da primeira temporada do mangá ‘Hana Yori Dango’, concluído em 2003, e, além da versão coreana lançada em 2009, há outras três: A taiwanesa Meteor Garden, com duas temporadas (2001 e 2002), a japonesa, com três releituras, Hana Yori Dango (2005), Hana Yori Dango Returns (2007) e Hana Nochi Hare (2018), e a chinesa que também carrega o nome de ‘Meteor Garden’, esta produzida com exclusividade pela NETFLIX em 2018. Cada versão carrega os aspectos culturais de seus respectivos países, o que fica evidente quando se assiste à cada uma delas. É impressionante notar como, a mesma história, pode ter diferentes leituras de acordo com a forma como é mostrada.
Com 25 episódios de cerca de uma hora de duração cada, a série do canal KBS 2 produzida pelo Group8 que emplacou outros sucessos como Playful Kiss, My ID is Gangnam Beauty e My 7 First Kisses, contou com uma audiência de pontuação alta e é considerada, por diversos artigos acadêmicos e livros que discorrem sobre a onda Hallyu, como a série que deu o pontapé inicial para a dispersão das novelas coreanas pelo mundo e sabemos bem que foi um grande marco na vida dos atores.
Entre 2009 e 2010, anos de exibição e repercussão inicial, BOF ganhou inúmeros prêmios e, em 2015, chegou a receber mais um, desta vez do portal SOOMPI, por conta do impacto que a série teve ao longo dos anos. Em 2017, foi lançada a versão para teatro musical da série, com SungMin do Super Junior, ChangSub do BTOB, Ken do VIXX, Min do MissA e entre outros.
Confira mais informações sobre o musical aqui
HISTÓRIA
Geum JanDi (Ku HyeSun) é uma jovem corajosa e destemida que não leva desaforo para casa e sabe bem quem é. Depois de salvar a vida de um garoto que estava prestes a cometer suicídio no terraço da escola da elite coreana, a Shinwa High School, JanDi ganha uma bolsa de estudos voltada para atletas da equipe de natação e se torna o novo alvo do grupo popular do colégio, o F4. Este domina a escola e nem adianta tentar defender os alvos que recebem o tão temido “cartão vermelho”. Quem os defende também se torna alvo de bullying, e quem se volta contra eles sofre as consequências. Foi assim que JanDi se viu numa situação totalmente conflitante de uma hora para outra.
Esse famigerado grupo é composto por quatro garotos herdeiros de grandes empresas e negócios da Coreia do Sul e isso os faz sentirem que são intocáveis. Go JunPyo (Lee MinHo), famoso por seu cabelinho encaracolado, é herdeiro do Grupo Shinwa, que investe em diversas áreas, domina o mercado nacional, tem um reconhecimento internacional considerável e, sim, também comanda a escola de mesmo nome. Yoon JiHoo (Kim HyunJoong) é neto do antigo presidente da Coreia, órfão, dono do Centro de Arte SooAm, de um time de baseball e de um time de futebol da Europa. Super talentoso, ele é tido como o mais charmoso dos quatro. So YiJung (Kim Bum) é um artista único, especializado em arte em cerâmica. Dizem que suas mãos são um dom divino que ele recebeu. Além de ter fama por suas aptidões, sua família é dona de um dos museus mais grandiosos e famosos da Coreia. Por último, mas não menos importante, Song WooBin (Kim Joon) é herdeiro da Construtora Il Sim, empresa tradicional que coordena empreendimentos de vários setores há mais de 50 anos.
Como se já não fosse pesado lidar com a rotina da escola nova, dos empregos que ela tem (ela tem, pelo menos, dois empregooos!! – corre aqui, julius!) e a cobrança dos pais por ser a irmã mais velha, JanDi agora precisa se manter firme para combater e não se abalar com o bullying que tem sofrido e ensinar uma lição ao grupo de herdeiros. Mil acasos a levam a se apaixonar pelo jeito doce de JiHoon e, quando menos espera, JunPyo descobre ter se apaixonado por ela, mas não sabe lidar bem com o que sente ( ai ai ai…).
Entre idas e vindas, revelações e reviravoltas, a série mostra como JanDi lida com as diferentes situações, escancara uma realidade cruel e mostra como cada um dos personagens lida com as desigualdades, aborda assuntos do cotidiano dos jovens nessa transição da escola para a “vida adulta”, além de trabalhar o crescimento de um amor improvável.
PERSONAGENS
Geum JanDi (Ku HyeSun)
JanDi é uma menina batalhadora, fiel, amiga, teimosa, divertida, forte (podia ficar milênios falando dela) que mora com os pais e o irmão mais novo. Sem grandes ambições, ela dá duro nos trabalhos de meio período e ajuda com as entregas da pequena loja de lavagem a seco de seus pais. Aprendeu a ter responsabilidades e amadureceu bem mais cedo que a maioria das garotas da sua idade. Seu sonho é poder seguir fazendo o que gosta: nadar.
Sem medo de ser quem é, JanDi traz muitos questionamentos e nos faz analisar nosso próprio círculo de amizades. Ela entra em contato com uma realidade muito diferente da dela e não só aprende a lidar com as diferenças, como também faz os outros (alguns, pelo menos) abrirem sua mente e enxergarem que, fora da caixinha em que foram criados, há muito mais do que pensam e conhecem. Ela e GaEul, sua melhor amiga, dividem os momentos felizes e tristes e representam a grande amizade que precisamos no nosso dia a dia.
Go JunPyo (Lee MinHo)
É o líder do F4 e um dos personagens mais mimados que já vi em todos os dramas que conheço. Tem uma irmã mais velha que mora fora do país e, aparentemente, é a única pessoa a quem JunPyo admira e respeita profundamente além da governanta que o criou. Foi criado pela governanta e os empregados da casa, já que seus pais nunca tinham tempo para dedicar a ele. Suas marcas registradas são o cabelo ondulado e a falta de delicadeza e cuidado com os outros. Apesar disso, por trás dessa personalidade difícil, JunPyo esconde um garoto frágil, dono de um coração muito bom.
Ele foi criado (pelos pais) recebendo tudo o que queria como forma de compensação pelo distanciamento dos seus pais, então não aprendeu a lidar com suas emoções, muito menos a saber o que é certo ou errado quando se trata de convívio com os demais. É com JanDi que essa realidade começa a mudar. Pela primeira vez, alguém o contraria e mostra que ele não pode fazer o que quer, quando quer e da forma que preferir. Com o tempo, o garoto mimado e sexista dá lugar ao homem de negócios que entende o que é empatia e lida com suas responsabilidades.
Yoon JiHoo (Kim HyunJoong)
Yoon JiHoo é o mais introvertido e sensível dos quatro integrantes do F4. Ele é sobrevivente do acidente de carro que matou seus pais quando tinha apenas cinco anos de idade. O trauma fez com que ele se afastasse de todo mundo e evitasse se abrir para as pessoas. JiHoo cresceu sozinho mesmo sendo neto do antigo presidente da Coreia do Sul. Vive um conflito constante por estar longe de seu primeiro amor, a amiga que esteve com ele desde criança e com quem ele se sente confortável e sem medo de se abrir. Depois de conhecer JanDi, Jihoo sente que tem mais alguém em quem confiar e, aos poucos, começa a confundir o que sente por ela.
So LeeJung (Kim Bum)
LeeJung é o mulherengo do grupo. Conseguiu fama e reconhecimento mundial muito cedo por conta de seu dom com cerâmica. Tudo o que ele faz chama a atenção. Vive em conflito com seu pai pelas constantes traições que este comete contra sua mãe e está sempre a procura de seu grande amor, mas nunca se apega a ninguém. Esta questão fica ainda mais sensível para ele no momento em que algo envolvendo seu passado vem à tona.
Song WooBin (Kim Joon)
WooBin é, sem dúvidas, o mais afetuoso de todos do grupinho. Ele vê o F4 como um grupo de amigos que cresceram juntos, antes de qualquer coisa. Sua família tem envolvimento com a máfia de diversos países e administra bares e boates famosas pela capital, além de ser dona de muitos negócios na China. Por este motivo, conhece gente à beça e sabe se portar em qualquer situação.
É um grande defensor e conselheiro de seus amigos, então quando JanDi se aproxima e se torna importante para os meninos, ele a toma como amiga e a defende com unhas e dentes.
Confira o elenco completo – aqui –
TRILHA SONORA
Almost Paaaaradiiiiise!
Impossível não ficar com a música de abertura na cabeça, não é mesmo?
A trilha sonora de uma produção audiovisual tem mesmo o intuito de ajudar a imprimir uma personalidade a mais às cenas, aos personagens e ao próprio produto. A OST de ‘Boys Over Flowers’ contou com grandes nomes, como o grupo SS501, SHINee (um dos primeiros hits deles!!), o girlgroup KARA, T-MaX e muitos outros nomes da música coreana.
Foram lançados cinco álbuns: Boys Over Flowers OST, Boys Over Flowers OST Part 2, Boys Over Flowers OST – F4 Special Edition, Boys Over Flowers OST – F4 Vol.2 Special Edition e Boys Over Flowers OST Best Collection contendo músicas originais, acústicos e novas versões. Acreditem ou não, ainda é possível encontrar cópias perdidas da OST a venda na internet e em lojas por Myeongdong.
As músicas que mais ficam na cabeça de quem assiste à série são:
‘Paradise’ do T-MaX – tema de abertura
‘Because I’m Stupid’ do SS501 – cenas emocionantes
‘Stand By Me’ do SHINee – Cenas mais animadas
Quer entrar no clima se BOF e ouvir a playlist completinha? Então aperte o play:
O IMPACTO DE “BOYS OVER FLOWERS” NO TURISMO
Que a série faz parte da lista de dramas clássicos todo mundo sabe, mas o impacto que ela tem para o Turismo até os dias de hoje é algo discutido, inclusive, em pesquisas acadêmicas. O pouco comentado, mas muito forte, Turismo Cinematográfico é um ponto alto na Coreia, mais especificamente na capital, e para quem curte e se interessa em conhecer as locações das séries que assistem, BOF é uma preciosidade imensa.
Falando como alguém que conheceu mais e se encantou pela Coreia por meio dos dramas, digo com tranquilidade que o sonho de conhecer e ver de perto o lugar onde as cenas icônicas foram gravadas é algo real e indescritível. Infelizmente, alguns lugares não existem mais, outros foram reformados, mas ainda é possível encontrar roteiros focados em dramas que contemplam BOF.
Um exemplo é o mural mostrado na cena em que JanDi bate no date de Gaeul.
A street art é bem valorizada por lá e a locação da foto é um mural que ficava em Hongdae. O mais bacana é que as artes exibidas nos murais foram feitas por alunos do curso de Belas Artes da faculdade das redondezas. Eles decidiram criar uma galeria de arte a céu aberto, onde poderiam expor sua arte ao redor da universidade.
E a escolha desse lugar é incrível, porque além de ser um bairro jovem, Hongdae é um lugar onde cada um se permite ser quem é, muito a cara de JanDi mesmo. A foto acima foi tirada no final de 2016 (a série é de 2009, então ele já existia há tempos) e no início de 2018 eles já não estavam mais lá, acredito que tenha sido fruto da revitalização na área.
A Namsan Tower foi ainda mais procurada depois do estouro do drama no exterior e se tornou tão referência que é impossível não associar um ao outro. Três anos depois, foi eleito o ponto turístico principal de Seul e o mais visitado por turistas estrangeiros. Há diversos tours com roteiros inspirados nas gravações dos dramas.
A fotografia da novela eterniza as locações utilizadas, sabe muito bem aproveitar os locais e o visual não só de Seul, mas também das cidades estrangeiras, como Macau e Nova Caledonia, utilizadas como locações também. Há informações que provam o aumento do fluxo de pessoas indo exatamente aos pontos mostrados no drama após o lançamento dele.
CRÍTICA E OPINIÃO
A dualidade de Boys Over Flowers – Amor e Ódio.
Mesmo sendo um clássico, ‘Boys Over Flowers’ divide opiniões. Há quem ame, há quem odeie, há quem ame e odeie ao mesmo tempo, mas é importante destacar que ele fez parte do grande estouro da nova onda Hallyu.
É instigante, intrigante, nos faz rir, chorar, passar raiva (muita raiva em alguns -vários- momentos), nos faz questionar muitas coisas e, para a geração de jovens questionadores, se torna um drama pesado e um tanto problemático quando focamos, apenas, nos pontos mais sensíveis da trama.
Sendo assim, esta análise crítica está dividida em dois momentos: são pontuados os aspectos que podem ser considerados negativos e os pontos positivos da novela como um todo. Então espero que vocês leiam e dividam com a gente o que acham também!
‘Boys Over Flowers’ ou ‘Boys Before Flowers’ é um drama icônico e é importante assistirmos apontando e ponderando tópicos importantes: a época de lançamento, o fato de ser uma adaptação de uma história com uma expressividade cultural grande e, também, analisarmos comportamentos impressos na sociedade naquele período, há coisas que antes eram “”” aceitas””” e atualmente não.
A trama gira em torno do clichê do garoto rico que se apaixona pela menina pobre e a família (nesse caso a megera da mãe dele) não concorda. Afinal de contas, ele precisa casar com alguém que dê algum retorno à empresa familiar e pipipi popopo, como se a condição financeira de alguém e um casamento arranjado por negócios como moeda de troca fosse definir quem ela é. Ou seja, não permitem que alguém de fora da bolha deles sinta-se incluído, tratam os outros como descartáveis de acordo com seu status na sociedade.
É interessante ver que muitas questões passadas no drama, que foi lançado lá em 2009, hoje são altamente criticadas, não são aceitas como admissíveis e trazem tantas reflexões (que bom!). Há cenas fortes de bullying, agressões e comportamentos vexatórios em diversos episódios, sem contar o relacionamento abusivo entre JunPyo e JanDi, a falta de responsabilidade emocional de LeeJung e, nossa, a pressão psicológica que a mãe de JunPyo faz sobre ele e fez sobre a irmã, o que o pai de Lee Jung fez com ele e a mãe e o que o avô de JiHoo fez ao abandoná-lo no momento que ele mais precisou, são situações que geram muita aversão ou, até mesmo, gatilho em algumas pessoas. Para os personagens, foram situações que geraram cicatrizes profundas em cada um e é complicado demais sentir a solidão que eles vivem em muitos momentos. Muitos aspectos que construíram suas personalidades são produtos de traumas da infância.
O F4, liderado por JunPyo, parece que realmente não tem mais nada com o que se preocupar além de escolher quem eles vão humilhar na próxima vez, e isso foi a causa da tentativa de suicídio do menino salvo por JanDi logo no início do drama. Ela passa a ser alvo da raiva e pura vontade de demonstrar poder (cara, que poder é esse que eles acham que têm?! Um monte de adolescente inconsequente e mimado?) primeiro por conta dos mandos e desmandos de Go JunPyo e, depois, quando JunPyo percebeu (graças à JanDi) que o que ele fazia era bem, bem errado, e se apaixona por ela, a menina passa a sofrer bullying por receber atenção demais do grupo popular (nem faz sentido, né?). Bizarro é que todo mundo sabe das coisas que eles fazem e nada acontece por eles serem ricos e influentes.
JanDi, coitada, passa por poucas e boas na escola e parece que a maioria das pessoas que se envolve com ela é interesseira e oportunista. Nem preciso falar de Oh MinJi que entra na vida de JanDi por interesse, se faz de melhor amiga e, na primeira oportunidade, a trai e mostra sua real intenção.
Isso mostra bem como a vida escolar pode ser difícil por motivos que nem se consegue compreender. Diria que o ensino médio é uma das fases mais difíceis da vida. Este momento de transição é extremamente complicado de lidar, é um carrossel de emoções e a gente ainda tem que lidar com os dramas dos outros também.
Parafraseando as “frases de velho” que criticava tanto, mas hoje entendo que são muito verdade, “a maturidade e o tempo nos fazem ver as coisas por outros pontos de vista”. Queria poder dizer que é assim com todo mundo, mas espero que cada um encontre uma forma de fugir desses momentos ruins e encontrem um amigo com quem dividir suas alegrias e momentos, como a JanDi tem com GaEul e, de certa forma, com JiHoo. Falando por experiência própria, a atitude de JanDi de nunca abaixar a cabeça e bater de frente, conviver numa realidade totalmente diferente sem perder sua essência, foi o que fez a diferença para o que começa a acontecer tempos depois: a redenção e arrependimento do F4.
Não estou defendendo que violência se combata com violência, mas muitas vezes quem comete bullying não espera que seu alvo vá retribuir/se impor ou não tem ideia do quanto o que eles fazem machuca os outros. A série mostra muitas etapas desse processo de diferentes pontos de vista. No caso do JunPyo, que era o pior deles, fica evidente que ele não tinha a real noção do ser humano horrível que era e o choque que ele sente quando cai na real é uma coisa que precisa ser levada em conta. É muito bom ver que os questionamentos de hoje, sobre sexismo e machismo, podem evitar que os garotos não reproduzam as mesmas atitudes futuramente.
Me lembra um pouco do que acontece no anime ‘Koe No Katachi – A voz do Silêncio’.
Falando em bullying, se você já foi ou é vítima de bullying, saiba que não está sozinho. Denuncie, busque alguém em quem você confie e fale. Busque ajuda de profissionais e lembre sempre que sua vida importa e MUITO! Este assunto é de extrema importância e não foi à toa que a UNICEF lançou um estudo que diz que metade dos adolescentes do mundo sofrem bullying na escola e iniciou a campanha #EndViolence, defendida e representada pelo grupo sul coreano BTS.
Em vários momentos são mostrados comportamentos extremamente machistas e constantes abusos psicológicos. JanDi é cerceada do seu direito de fala, do seu jeito de ser, muitas vezes de escolha, afinal sua mãe a obriga a continuar estudando naquela escola e convivendo com as pessoas que a fazem sofrer. É compreensível que os pais dela queiram o melhor para ela, tendo em vista que um diploma da escola Shinhwa pode abrir muitas portas para a garota no futuro, mas as coisas que a menina passa não são nada “de boa” de aguentar.
É difícil analisar a situação e ver os privilégios que os outros têm normalmente. A começar pela estrutura da escola, dos recursos que eles dispõem, dá pra ficar vendo as críticas sociais ali em muitas cenas, mesmo que este tópico ainda não fosse comum nos dramas da época. Ao longo de toda a série, a consciência de classe é tocada em situações chave.
Ela ainda precisa ajudar no sustento da família por conta dos problemas que o pai dela arruma e, em muitos momentos, sua capacidade intelectual é posta em cheque. Os homens nessa série dão um show de machismo, na realidade. Chega a incomodar a forma como tratam as mulheres como se fossem seus “donos” e pudessem mandar e desmandar no que querem. Inclusive, fizemos um post sobre o machismo na Coreia e como isso é mostrado em diversos dramas, incluindo BOF. Vale a pena conferir!
Além disso, o seriado mostra, também, a vida dos jovens na fase de transição do Ensino Médio para a faculdade, o desenvolvimento deles na adolescência, a exposição à realidades diferentes, o amadurecimento deles diante dos conflitos, e como a amizade e o amor podem ser a válvula de escape para os momentos sofridos que vivem, como isso tudo constrói quem eles são e ajudam a definir quem serão no futuro.
Por isso é fácil se identificar com os personagens, em especial com a protagonista. Ao longo da série, JanDi passa por diversas situações difíceis, passa por momentos felizes, momentos de realização e questionamentos internos e amadurece muito nesse período. A adolescência é uma fase bem conflitante e estressante, cheia de descobertas, e é possível identificar isso na série. JunPyo, mesmo sem ter tido a atenção dos pais, assim que teve a oportunidade de conhecer o calor da família de JanDi, se permitiu libertar seu lado bom e aí vem mais um ponto: Nada, nem ninguém, é totalmente ruim.
Cada um deles representa uma parte de nós em algum momento da vida (não necessariamente no sentido literal). Todos sentimos raiva e ficamos confusos com nossos próprios sentimentos até que, em algum momento, crescemos e precisamos tomar decisões. Não é fácil, mas é bom saber que temos amigos e pessoas em quem confiar ao nosso lado e é mais gratificante ainda alcançar nossos objetivos.
Embora seja carregado de clichês e assuntos delicados, Boys Over Flowers encanta por saber dosar comédia, romance, doses de maldade e questões polêmicas. Mescla os clichês com reviravoltas, somando a isso uma trilha sonora boa e imagens lindíssimas. É típico das novelas que facilmente agradam pessoas de diversas faixas etárias. Minha mãe, por exemplo, é fascinada e viciada no romance agridoce de BOF. Ela destaca muito isso: como a série consegue ser leve, mas ainda assim mostrar os fardos pesados da vida. Aliás, também falamos sobre isso em um post recente .
O mais bacana da série, e diria que isso é o que prende os telespectadores, em especial os mais velhos, é a forma como a equipe conseguiu contar uma história sem grandes furos e passar aspectos culturais marcantes de forma sutil, mas eficaz. Eles conseguiram transmitir com naturalidade a diferença de vivência entre os personagens, mas também como cada um lida com isso, além de trazer uma certa evolução dos personagens principais e coadjuvantes ao longo dos anos.
Uma das cenas que representa aspectos culturais marcantes de forma sutil, mas bem bacana de ver, é o momento em que JunPyo, na casa de JanDi, aprende a fazer pratos típicos, como kimchi, e não se pode deixar de citar a cena de JanDi ensinando JunPyo a cozinhar lámen. Transmite uma atmosfera familiar muito bonita de ver e desperta a curiosidade pela culinária coreana.
Embora haja muita discussão sobre os aspectos polêmicos mostrados na série, vale muito à pena assistir e acompanhar a história da radiante Geum JanDi aproveitando a vida, dando a volta por cima, confiando em seus instintos, no amor, no poder das amizades, descobrindo sua vocação e indo atrás de seus sonhos. Ela não é o destaque só por ser a protagonista.
Falando nisso, ainda que o foco seja no relacionamento de JanDi e JunPyo, os personagens secundários ganham um certo protagonismo também. Mesmo que de forma superficial, conhecemos suas histórias e acaba que não fica maçante e repetitivo. Há pontos negativos, mas muitos positivos também. É inesquecível, emocionante, intrigante… Tudo o que se espera de um clássico dos dramas.
E vocês, o que acham de Boys Over Flowers?
Texto por Giu | Revisão por Savi | Equipe de redação da K4US
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