Foi bom enquanto durou!
Os jogos Olímpicos de Tóquio, no Japão, chegaram ao fim e a gente não sabe como reagir… E agora, como viver sem virar a noite assistindo aos jogos emocionantes, como vai ser ficar sem a adrenalina de torcer por seus atletas preferidos, conhecer novas modalidades… Como vai ser não passar mais os dias sonolentos depois de ficar até tarde acompanhando tudo?
A cada quatro anos nossas telinhas e corações se enchem de ansiedade e orgulho.
O evento aconteceu cinco anos após a Rio 2016, que dominou o Rio de Janeiro. Dessa vez, os jogos Olímpicos que aconteceriam em 2020, tiveram que ser adiados em um ano por conta da pandemia de COVID 19 e isso ocorreu sob muitos questionamentos e dúvidas. Agora, a #Tokyo2020, acontecendo em 2021, desde o início dividiu opiniões e aflorou sentimentos controversos, mas e aí? Que lição tirar dos jogos mais silenciosos e vazios de todos os tempos?
O medo e a incerteza do que estaria por vir, além do receio das consequências de iniciar um evento, da proporção de uma Olimpíada, em meio aos números crescentes de casos no coração do Japão central, geraram revolta e boicote por parte do povo japonês e até mesmo de um dos maiores patrocinadores dos jogos: A Toyota. Faltando quatro dias para a abertura dos jogos, a empresa de origem japonesa se colocou contra o evento por conta da rejeição da população e anunciou que não associaria sua imagem aos jogos olímpicos, suspendendo as propagandas televisivas e em vídeo pela cidade. Mesmo sem retirar o patrocínio, a Toyota reduziu e muito seu envolvimento com o evento em prol do “bem-estar” diante dos seus consumidores.
Mais de 100 pessoas envolvidas no evento, entre atletas, voluntários e staffs de diferentes delegações testaram positivo antes mesmo do pontapé inicial, enquanto os casos confirmados da doença não paravam de subir no país, resultando em um estado de emergência. Até 6 de agosto, 358 pessoas (contratadas para trabalhar nos jogos) residentes e não residentes do Japão, testaram positivo, um número expressivo diante de todo o cuidado levado para participar dos jogos Olímpicos que exige testagem a cada 4 dias, como precaução.
Dias após a cerimônia de abertura, Tóquio atingiu a marca de mais de 3000 novos casos, um número chocante que reflete a preocupação da população. Enquanto cerca de 80% do público diretamente envolvido com o evento estaria com a vacinação em dia, apenas 30% ou menos da população total do Japão estaria “imune” às consequências graves da doença e o fato da discussão sobre os jogos serem uma bolha dentro da realidade do país, tomou ainda mais força.
Como nunca visto antes
O grande objetivo dos jogos é celebrar o esporte mundial, a união entre os povos e, assim, proporcionar momentos únicos de confraternização entre pessoas de diferentes culturas. As Olimpíadas servem justamente para isso: É celebração do esporte mundial, talvez um dos únicos momentos na vida em que há essa troca direta entre culturas, de forma saudável e alegre, vai muito além de rivalidades políticas, é superação.
Em 08 de Julho saiu a decisão de que os estádios não poderiam ter público, pela primeira vez na história dos jogos, claro que como forma de frear a nova onda de casos que assola o país desde Abril.
Apenas Miyagi, sede de alguns jogos de futebol, e Shizuoka, sede das provas de ciclismo, foram regiões com permissão para receber um número limitado de público, cerca de 10.000 pessoas, mas ainda assim somente pessoas credenciadas pudera acompanhar.
Embora o público não tenha tido a chance de viver os jogos pessoalmente, nas arquibancadas outros atletas faziam este papel gritando e torcendo por suas nações (alô ginástica artística batendo palma pra Rebeca Andrade ao som de Baile de Favela!!).
União das nações
Mesmo que as opiniões permaneçam divididas na reta final dos jogos (a cerimônia de encerramento acontece no próximo domingo, dia 08), não podemos negar que cada evento é um grande show.
O revezamento da tocha é um momento mais que especial que garante a participação de pessoas com uma relevância significativa para a comunidade local e leva os residentes às ruas para prestigiar a passagem, este ano sem público, mais simples e
Já sobre a abertura dos jogos, ainda mais neste momento complicado e difícil que estamos vivendo, é importante não deixar de falar acerca de tudo o que vem acontecendo desde o ano passado. Por isso, todo o esquema dos jogos de Tóquio foram repaginados e a abertura contou com homenagens prestadas a profissionais de saúde, que até mesmo participaram pessoalmente em algumas passagens.
Claro que não poderia faltar homenagens à atletas que não puderam participar dos jogos por conta da pandemia, também foram mostradas rotinas de treino dos atletas em casa e rolou até o show tecnológico que vimos, repleto de referências históricas e culturais importantes para mostrar ao mundo todo uma parte do Japão, uma parte do país que abraçará todos os outros por 15 dias
É emocionante em todos os sentidos ver as conquistas dos atletas que apostam tudo para aquele momento, conquistas inéditas, confraternização e união de povos. É empolgante, uma injeção de ânimo a cada 4 anos.
Cerimônia de Encerramento:
os mundos que compartilhamos
Tivemos inúmeras primeiras conquistas para o Brasil, mas também para diversos países. Para a Coreia, por exemplo, a conquista de Jun WoongTae com o bronze no pentatlo masculino, Yeo Seo-jeong como a primeira ginasta coreana a conseguir o feito da medalha, também de bronze, e o time misto de arqueiros com nomes importantes como os de Kim Je Deok e An Sa que conquistaram o ouro na modalidade, fizeram o coração bater mais forte.
As japonesas que dominaram por completo o pódio do skate park, sem contar os grandes guerreiros atletas de outros países da Ásia como a Hidilyn Diaz, que conquistou a primeira medalha de ouro da história para as Filipinas e como se já não fosse incrível conquistar o ouro, ela ainda bateu um recorde olímpico, levantando 127kg no levantamento de peso feminino para atletas de até 55kg.
Histórias de superação são as que mais trazem o gostinho olímpico, é o que torna os jogos olímpicos tão único. No encerramento dos jogos, a intenção foi justamente trazer esse sentimento de dever cumprido graças à cooperação, dedicação e apoio de todos, escrevendo novas histórias para si e suas nações.
De “Citius, Altius, Fortius” – “Mais rápido, Mais alto, Mais forte” para algo que reflete os novos tempos, até mesmo o lema oficial dos jogos ganhou uma repaginada, uma atenção especial e justa: “Citius, Altius, Fortius – Communis” – “Mais rápido, Mais alto, Mais forte – Juntos”. Afinal de contas, tem muita gente por trás dessas conquistas.
E tem mais por aí: 24 de Agosto começam os jogos Paralímpicos, não percam!
Relato de quem viveu a Rio 2016 e
Pyeongchang 2018
Nunca havia visto as ruas da cidade do Rio daquela forma, só quem participa de um evento como este entende a energia que contagia e inspira mesmo sem estar dentro do estádio. Parecia que pelo menos naqueles lugares o mundo todo se unia como em um só. Fazia ser possível qualquer coisa e torcer pelo Brasil se tornou a única coisa que importava.
O espírito olímpico pesava ainda mais em terras brasileiras, como se cada pedacinho da cidade respirasse Rio 2016, seja no bom sentido quanto no mais caótico dele.
Jamais esquecerei dos dias alegres e únicos que a Rio 2016 proporcionou, faz sentir falta dessa energia sempre! Ah, gente… Só quem viveu, sabe!
Já nos Jogos Olímpicos de Inverno em Pyeongchang, não tenho como comparar a vida dentro e fora dos jogos lá na Coreia, mas posso dizer que estar lá mudou tudo pra mim. Além do frio de -30°, pela primeira vez na vida, era bacana demais ver que os jogos levavam as pessoas para outros pontos além de Seul.
Os jogos nos permitem sonhar com novas possibilidades, novos recomeços e trazem essa ideia de tentar algo novo. Por aqui a gente ama os jogos Olímpicos e Paralímpicos. E vocês?