Não são muitas. Na verdade, a primeira vez que eu fiquei sabendo de alguma festa só de K-pop no Rio foi esse ano mesmo, e mesmo não sendo a pessoa mais baladeira do mundo (não tenho vocação para passar horas de pé) eu não poderia perder a oportunidade de ouvir minhas músicas favoritas em uma casa de festas, com outros k-poppers maiores de 18 anos.
De lá para cá, fui em duas. A primeira edição da All the K!, que já tem bastante tempo, e a KPlay, que aconteceu em maio. É louco chegar numa festa de K-Pop. Claro que já dá pra reconhecer de longe o público alvo, e não faltaram blusinhas de grupos nem cabelos coloridos em nenhuma das duas festas.
Na KPlay, quem comprou ingresso com antecedência ganhou um card, e as fotos eram completamente aleatórias, de idols de diversos grupos. Céus, me impressiona como k-popper AMA um card! Exatamente como ocorre em encontros de Kpop, a festa inteira foi permeada por momentos em que gente aleatória aparecia pra perguntar qual era o seu card, e tentar trocar. Imagina só, um monte de kpoppers, todos maiores de idade, a maioria já levemente alcoolizados, loucos para trocar cards. Só k-popper mesmo.
A K4US até fez algo parecido na última FAMØUS + K-NOW: em parceria com a Lojjang, foram distribuídas polaroids dos grupos atualmente mais populares para os 100 primeiros da fila e a animação da galera em receber os brindes era evidente.
Sobre a All the K!, preciso destacar que – além de uma festa – foi um espetáculo. Bem literalmente mesmo. O palco era livre, então quem soubesse a coreografia e quisesse subir pra dançar, subia. Não teve momento de tédio. Se você não conhecesse a música, ou se as pernas doloridas pedissem uma folga, lá estava o palco para você se divertir com um show de dança. E teve cada show! Todo tipo de conceito, desde super cute, até muito muito sexy. Teve momentos em que o “grupo” no palco eram um desses que nem dá pra contar os membros, de tantos que são, e outros em que o espetáculo foi de dança solo. Sem dúvidas só o palco já valeu o valor do ingresso, que não foi caro. Mais uma vez, a festa me lembrou um encontro de K-pop, numa clássica brincadeira de random play dance.
O sucesso da festa foi tanto que, só no Rio de Janeiro, já aconteceram duas edições e caminhamos para a terceira, que acontece em Novembro. Ah, e tem isso: a All The K! é uma festa que rola num esquema de turnê e já passou por cidades como Curitiba, Presidente Prudente e Goiânia. Ela é organizada pela produtora JW8 – responsável também pelas vindas de NU’EST e Boyfriend ao Brasil – e, além do nosso amado K-Popinho, inclui também uma pista secundária com música ocidental.
2017 parece que tem sido O ano para o K-Pop no Brasil. Já tivemos eventos envolvendo 6 grupos diferentes, um ainda por vir e outro para repetir a visita em terras brasileiras (ALOU BLANC7). Mas além do universo de fansigns e shows, esse segmento de baladas de K-Pop cresceu de forma visível. Aqui no Rio de Janeiro, especificamente, já aconteciam algumas festas mas de forma esporádica, na maioria das vezes matinês, que permitem que pessoas de todas as idades possam curtir seu estilo de música favorito.
Esse é o caso da K-Now, festa organizada pela Meet K-Pop RJ, que acontece desde 2015. Douglas Passos, um dos organizadores da festa, contou que começou a organizá-la quando ainda tinha 17 anos e isso, somado ao numeroso grupo de k-poppers menores de idade, fez com que optassem por uma festa matinê e assim permaneceu até 2017. Nesse ano aconteceu a primeira edição +18 da festa, refletindo que a geração de jovens k-poppers vem crescendo e adquirindo novos hábitos. “A partir de um momento que eu fui ficando mais velho, eu fui amadurecendo junto com essa mesma geração de amigos e fãs [de K-Pop], fui vendo por resposta do público que eles não tinham mais aquele grande interesse em uma festinha diurna e gostariam de aproveitar a noite, ainda mais por conta de bebidas alcoólicas”, conta Douglas. Confirmando isso, Natália Antunes, estudante e frequentadora de festas de K-Pop, confessa no alto de sua sinceridade: “prefiro festas a noite porque posso beber e beijar na boca”. Com isso, a Meet K-Pop RJ vem se dividindo entre edições +18 e matinês da K-Now, abrangendo o público como um todo.
Para Larissa Yumi, as matinês são a melhor opção, já que as festas costumam acontecer em locais distantes de onde mora. Ainda assim, ela confirma que a diferença entre festas a noite ou a tarde não é muito relevante: “em geral eu acho as duas opções boas, o público K-Pop é muito acolhedor não importa a idade, então eu não me importo muito”, comenta sobre a diferença entre os públicos de ambas as festas. Ela conta ainda que sempre vai preparada, com um dinheirinho a mais, para comprar produtos nas lojinhas que algumas dessas festas convida para vender durante o evento. É o que acontece na K-Party, onde, além da música, os frequentadores são atraídos por lojinhas de roupas, polaroids, acessórios e até álbums de K-Pop. Sobre isso, Marcus Garcia, organizador da festa, explica alguns dos motivos: “nem todo mundo consegue comprar o que gosta pela internet, e ter lojinhas no evento é essencial para caracterizar mais ainda como um ambiente k-popper”. A K-Party, matinê que acontece na Zona Norte do Rio, esteve em uma pequena pausa, mas Marcus garante que os frequentadores e novos interessados já podem esperar por seu retorno.
“O que tem aí hoje?” Perguntou um cara para uns amigos e eu. “K-Pop. É tipo pop americano, só que em coreano”, respondeu Igor, um dos meus amigos. “Ah sim, acho que vou ficar aqui mesmo então”, respondeu o desconhecido. Foi essa cena que abriu a noite de estreia da FAMØUS + K-NOW, união de duas festas cariocas de K-Pop que rolou no dia 16 de setembro em uma das mais consagradas casas de festas do Rio de Janeiro, a Fosfobox. A K4US esteve no evento, fazendo a cobertura pelo instagram e testemunhou uma casa LOTADA — em dia de Rock in Rio e um dia antes do fansign do B.I.G — tanto de k-poppers quanto de curiosos e pessoas que só queriam curtir uma festa no sábado à noite. A FAMØUS é uma festa que tradicionalmente já tem uma pista dedicada a música ocidental, o que pode ajudar a presença de pessoas que não tenham familiaridade com a música coreana. Segundo Kayk Menezes, DJ da festa, essa é mesmo a intenção do evento: “muitos k-poppers tem amigos que não gostam muito de K-Pop e se recusariam em ir em uma festa só com o gênero, então demos essa diversificada, para agradar todo mundo. É uma forma de dizer “Ok, vocês gostam de K-Pop? Vem! Não gosta? Pode vir tambem!””.
O público k-popper, em si, já não é tão exigente com esse tipo de coisa. “Dependendo da playlist eu me contento com uma festa only K-Pop. Mas creio que as opções de pistas duplas funcionam bastante”, conta Victor Costa. Particularmente, nós da K4US passamos muito mais tempo na pista principal, dedicada ao K-Pop, onde a galera não ficava parada em nenhuma música, mesmo que fosse desde os hits mais fofos como os do Twice até as batidas mais pesadas de BTS. Isso também porque a pista de música ocidental estava tão lotada que mal dava para chegar lá. Talvez por isso também o DJ tenha tocado, no meio de umas “Gashina” e “All Night”, uma bela “Sua Cara”, agitando e fazendo a pista inteira cantar junto.
PS: O cara do diálogo ali em cima realmente ficou lá na festa!
Depois de uma tour pelas festas k-poppeiras do Rio de Janeiro, a gente chega a conclusão de que não importa a idade, k-popper vai ser sempre k-popper. Vai continuar surtando por causa de cards, trocando figurinhas e aprendendo as coreografias. As noitadas de K-pop são como os encontros, só que de madrugada: a única diferença é um pouquinho de álcool envolvido.
Para quem se interessou, aqui vai um calendariozinho das próximas festas de K-Pop no Rio de Janeiro:
06/10 Famøus + K-Now ♆ Halloween ♆
14/10 Asian Party
18/11 All The K!
19/11 K-Party
(Texto por: Bea)