A primeira parte de “Se a vida te der tangerinas” chegou na Netflix na última sexta-feira (07) emocionando com sua história envolvente e encantadora. O k-drama, que será lançado em quatro partes ao longo do mês de março, acompanha um jovem casal através das décadas de suas vidas. Além disso, seu título “Se a vida te der tangerinas” faz um trocadilho com a famosa expressão “se a vida te der limões, faça uma limonada”, ao substituir os limões da expressão pela tangerina, fruta amplamente produzida na Ilha de Jeju, onde se passa a história.
Contando com o diretor Kim Won Suk dos sucessos “Signal” (20216) e “My Mister” (2018), a roteirista Im Sang Choon dos queridos “Lutando Pelo Meu Caminho” (2017) e “Para Sempre Camélia” (2019), os astros IU de “Hotel Del Luna” (2019) e “Moon Lovers” (2016) e Park Bo Gum de “Record Of Youth” (2020) e “Replay 1988” (2015), esta obra tem tudo para ser o k-drama queridinho de 2025.

“Se a vida te der tangerinas” conta a história de Ae Soon (IU) e Gwan Shik (Park Bo Gum), suas dificuldades, alegrias e tristezas ao longo de suas vidas. Enquanto Ae Soon é uma jovem espirituosa e sonhadora, Gwan Shik é calado e observador, sempre ao lado de Ae Soon em seus altos e baixos. Um detalhe que faz toda a diferença nesse k-drama é a sua narrativa não linear, que ajuda a acentuar o agridoce da vida retratada na tela.
Tendo como pano de fundo a Ilha de Jeju nos anos 1960 em diante, “Se a vida te der tangerinas” mostra a vida pobre e rotineira de seus moradores, focando a princípio nas haenyeo, “as mulheres do mar”, que pescam frutos do mar sem equipamentos de mergulho, além de acompanhar o desenrolar da vida de Ae Soon e as transformações na ilha ao longo dos anos.
Historicamente esse período da Coreia do Sul foi bastante conturbado, com muitos conflitos internos e externos, que refletiram direta e indiretamente na vida de sua população. A própria Ilha de Jeju foi marcada por muitos altos e baixos, como o fatídico Massacre de Jeju, até se tornar o que é hoje: um dos principais pontos turísticos da Coreia do Sul. E apesar de esse não ser o foco principal da história, essas nuances ficam implícitas no enredo.

Seu lançamento fora do comum foi escolha do próprio diretor do k-drama, Kim Won Suk. Segundo ele, 16 episódios era muito para se assistir compulsivamente e afirmou “Quanto mais cuidado você assistir, maior será o prazer. Se tivéssemos lançado todos os episódios de uma vez, [pensamos] que as pessoas poderiam ficar tentadas a pular para a frente. Será legal assistir lentamente desde o começo, como saborear caquis secos”.
Outro detalhe interessante dessa divisão do drama em quatro partes é a relação com as estações do ano. Nessa primeira parte, na primavera, acompanhamos a juventude de Ae Soon e Gwan Shik, cheios de energia, esperança, sonhos e atrevimento, porém, à medida que o tempo passa e a realidade de suas vidas os atinge, decisões difíceis precisam ser tomadas e muitos desafios os cercam.

Para além do romance entre o casal principal, os primeiros episódios do k-drama focam muito na vida de Ae Soon e de sua mãe Gwang Rye, as dificuldades e desafios das duas transpassa a realidade retratada em tela, tocando em sentimentos que são universais quando o assunto é a relação mãe e filha. Prepare os lencinhos.
Aqui também fica escancarada as raízes patriarcais e machistas da Coreia do Sul. Ae Soon sonha em ser uma poeta, mas sem dinheiro, sem poder terminar seus estudos e correr atrás dos seus sonhos, a todo o momento ela é empurrada para o único destino possível para uma mulher: a servidão. Seja como esposa, como governanta ou ainda haenyeo, não são lhe dadas outras opções. Assim, vemos Ae Soon se dobrar e se desdobrar, se espremer e se esticar para caber nesse papel imposto a ela e ainda de alguma forma tentar buscar por sua felicidade.
Mais uma vez nas palavras do próprio diretor do Kim Won Suk, “Se a vida te der tangerinas” é uma “homenagem às gerações passadas que viveram tempos difíceis e uma canção de encorajamento para as gerações futuras”. E essa frase realmente define tudo o que o drama tem entregado até então.

No quesito produção, “Se a vida te der tangerinas” também tem mantido as boas impressões, uma vez que é evidente o cuidado tido na ambientação da história, que passa por diferentes eras da Coreia do Sul, desde os anos 1960 aos anos 2000.
Em relação à atuação, IU mais uma vez entrega tudo. Sua personagem é intensa e atrevida, sonhadora, que recebeu muitas rasteiras da vida, mas que se recusa desistir e a atriz é capaz de transmitir todos esses sentimentos em sua atuação. Park Bo Gum por sua vez dá vida a um personagem contido, mas mesmo sem muitas palavras dá para ver que o sentimento está ali por meio de suas ações. E como uma rocha que se mantém firme sob as tempestades, seu personagem se mantém firme e fiel ao lado da mulher que ama.
Com uma ótima primeira impressão, “Se a vida te der tangerinas” foi capaz de arrancar lágrimas e risadas, nos deixando imersos em seu universo e nos convidando a sentir. Eu espero ansiosamente pelas próximas sextas-feiras para saber qual será a próxima jornada que este k-drama me levará.
Confira o trailer.