Nesta quinta-feira (26), a menina dos olhos da Netflix fez seu tão aguardado comeback. Com sete episódios, a segunda temporada de “Round 6” trouxe novos personagens, mais detalhes sobre a trama, o retorno da querida boneca assassina gigante e aproveitou o embalo para reciclar outros elementos narrativos bem conhecidos para os fãs da série.

round 6

Já de início, a nova temporada engata no final da primeira, retomando a história de Seong Gi Hun (Lee Jung Jae), nosso querido jogador 456. Obcecado por vingança e movido pelo desejo de acabar com o jogo, Gi Hun utiliza o dinheiro da vitória para montar uma operação de desmonte da organização. Para tal, ele começa montando uma equipe liderada pelo agiota que o perseguiu na primeira temporada. Em seguida, por dois anos, o grupo buscou a porta de entrada para o jogo: o recrutador (Gong Yoo).

Paralelamente, quem também está envolvido em sua própria busca é Hwang Jun Ho (Wi Ha Joon), o policial infiltrado que aparece na temporada passada. Assim como Gi Hun, Jun Ho também mira nos idealizadores do jogo, principalmente porque entre os tais está seu próprio irmão, o Front Man (Lee Byung Hun), pessoa responsável por liderar a organização.

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Quando o encontro com o recrutador finalmente acontece, Gi Hun precisa adaptar seu plano original. Essa decisão o coloca, mais uma vez, no jogo. De volta à ilha, o jogador 456 tem apenas um objetivo: convencer os outros participantes a abandonarem a competição. Só que a tarefa não vai ser nada fácil.

Temporada com cara de filler

Acho que, a essa altura, todo mundo já sabe que “Round 6” vai ter uma temporada final que está prevista para o ano que vem. Apesar de não ter data exata, o espaço de tempo entre a segunda temporada e a próxima é bem pequeno e indica que as duas foram filmadas simultaneamente. Acho isso bem legal, só que aqui deixou a trama um pouco preguiçosa.

Pensei que a reciclagem de elementos narrativos fosse me incomodar, mas a verdade é a temporada conseguiu reinventar o jogo. Há novas dinâmicas, como outras brincadeiras e, o que provavelmente mais chamou a atenção de todo mundo, um sistema de votação em que os jogadores podem decidir parar o jogo a cada final de rodada. Essa ideia, aliás, foi uma forma bem inteligente de criar tensão para além da própria competição em si.

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O chato, então, ficou por conta da “encheção de linguiça” que a temporada decidiu usar e abusar. De subtramas completamente enroladas, como a busca incansável de Jun Ho pela ilha, a pouco exploradas, como a história da desertora norte-coreana No Eul (Park Gyu Young), além do excesso de tempo de tela para personagens insuportáveis e desnecessários como Thanos (T.O.P), dessa vez “Round 6” teve jeitinho de filler.

Os personagens, por sinal, podem não ser tão carismáticos quanto os da primeira temporada, mas imagino que isso esteja mais relacionado ao fato de sabermos que todos vão morrer eventualmente e, por isso, algum tipo de distanciamento já aconteça quase que de forma inconsciente. Ninguém quer sofrer da mesma forma de novo, né?

Ainda assim, a série encontrou espaço para colocar Hyun Joo (Park Sung Hoon) no meu coração. Não esperava encontrar uma personagem trans em uma série sul-coreana tão popular e a surpresa foi bem positiva. Só que não para por aí, Hyun Joo é impecável: liderou equipes, ensinou homem cis a manusear armas e metralhou muita gente. E ainda que a mulher seja interpretada por um ator, a dublagem aqui no Brasil ficou por conta da maravilhosa Zara Dobura.

Por isso, fiquei decepcionada quando senti que o enredo procurou a todo custo formas de preencher o tempo para preparar o território para a última temporada da série. Não vejo problemas com fillers, desde que não sejam tão vazios de conteúdo, até porque esse não é o objetivo deles, certo?

Imagino que aquilo que vem por aí acabe explorando melhor algumas das subtramas que a segunda temporada escolheu passar batido, ou pelo menos espero. E se o jogador 456 esperou dois anos para quebrar o sistema, posso ter esperança de um final redondinho, né?