Dividido em duas linhas do tempo (anos 80 e dias atuais), Sunny dedica um olhar sensível sobre sete mulheres durante sua juventude e vida adulta.
Duas linhas do tempo paralelas separam sonhos e amizades em Sunny, longa de Kang HyeongCheol (o mesmo de Swing Kids), que foi lançado em 2011. Ambientado tanto nos anos 80 quanto nos tempos atuais, o filme acompanha um grupo de sete amigas durante seus dias de escola e suas vidas adultas, mostrando de forma sensível a importância das amizades e de se protagonizar a própria vida.
Assim como a história, que ocorre em dois momentos, o encontro entre as personagens também se dá em dois períodos diferentes. O primeiro é durante a época da escola, quando Im NaMi entra no colégio e logo é adotada pelas outras seis meninas em seu grupo de amigas – que mais para frente, com a chegada da novata, passa a se chamar Sunny, como o título do filme.
O arco dos anos 80 se desenvolve de forma muito leve, na maior parte do tempo, e foca principalmente na construção da amizade entre essas sete meninas, para mostrar mais para frente como este laço se torna essencial, mesmo após ser esquecido por anos. Elas se envolvem em brigas com um grupo de rivais, descobrem o amor, se envolvem em problemas com família, escola e se divertem como qualquer jovem da época.
Munidas de toca fitas, discos de vinil e roupas de marcas internacionais, o filme parece escolher uma abordagem de tempo focada no consumo jovem. Diferente de alguns filmes coreanos de época que já revisamos aqui – como O motorista de táxi e O barbeiro do presidente, as marcas de tempo parecem mais presentes em detalhes da ambientação, como cenografia, figurino e trilha sonora, do que no próprio roteiro. Os hits estadunidenses, por exemplo, são maioria no filme, que já começa com Time After Time, da Cindy Lauper.
Sob o nome de Girls’ Generation, o grupo rival apresenta uma entre as muitas brincadeiras sobre o futuro, que aparecem no roteiro. Em discussão sobre o nome que o próprio grupo deveria ter, inclusive, JangMi sugere que passem a se chamar “Wonder Girls“, fazendo alusão aos maiores grupos da segunda geração do K-Pop – que na época ainda não sonhava em existir -, e a suposta rivalidade existente entre ambos.
Reencontrando sonhos perdidos
O segundo encontro do grupo acontece 25 anos após os dias de escola, quando NaMi, por acaso, descobre ChunHwa no hospital com uma expectativa de vida de dois meses. A pedido da líder, NaMi sai a procura das outras para uma reunião, encontrando mulheres, em sua maioria, infelizes e completamente longe de onde suas versões mais jovens desejavam estar.
A reunião, por sua vez, traz reflexões que podem emocionar até quem não está passando exatamente pela mesma fase das protagonistas – que neste período já devem ter seus 40 e poucos anos -. Principalmente porque, nesse momento, o filme mostra diferentes lados de realidades enfrentadas por muitas mulheres, como a de deixar de viver a própria vida e sonhos, para viver pela família; a de manter aparências; se encaixar na sociedade; alcançar expectativas alheias ou, simplesmente, sobreviver quando não há esperança.
Nem todas as personagens vivem momentos de extrema dificuldade nessa parte do filme, mas, definitivamente, todas precisam passar por momentos de recuperação e reconexão. Processos que só conseguiram enfrentar com a ajuda uma das outras, por mais “sessão da tarde”, que a ideia soe. E sessão da tarde nem é lá um comparativo negativo, na verdade resume bem o que o filme pretende: contar uma história que diverte, emociona e passa aquela sensação de nostalgia, mesmo que você nem tenha vivido naquela época.
Sunny poderia ser só mais um filme sobre amizade, mas vai além e mostra a experiência de mulheres que tentam, desde jovens, conduzir as próprias narrativas. Por isso, “amizade” traduziria apenas parte do significado da história ou do sentimento final do filme – onde as sete estão finalmente juntas outra vez, cumprindo uma promessa feita 25 anos antes, no último dia em que se viram e em que tudo mudou.
Assista Sunny no Viki!
Texto por Bea @ Equipe de redação da K4US
Não remover sem os créditos
www.k4us.com.br