Neste filme acompanhamos a história de Gye Choon (Youn Yuh Jung) e sua neta Hye Ji (Kim Go Eun), que vivem em uma pacata vila de pescadores. Gye Choon cuida de Hye Ji desde a morte do pai e o abandono da mãe da criança. Um dia no mercado, Hye Ji desaparece sem deixar rastros. 12 anos mais tarde, avó e neta se reencontram e enquanto Hye Ji, agora uma jovem adolescente, tenta se readaptar a vida que costumava ter, sua avó e os demais amigos da família passam a suspeitar da jovem. Será que ela é mesmo quem diz ser?
Canola é um drama familiar que a princípio segue o roteiro que se espera de um bom filme do gênero: uma família simples e feliz que passa por uma tragédia e/ou dificuldade e precisa contornar o problema e reacender o real significado de família. Porém, Canola surpreende entregando isso e mais, sem se esforçar tanto. Tocando em temas como a velhice e a arte como forma de expressão daquilo que muitas vezes não é possível se expressar com palavras, o filme encanta e deixa sua mensagem.
Seja pela ambientação ou pelo ritmo do seu enredo, Canola consegue levar a uma verdadeira imersão em sua história. Seja mostrando um pouco de uma realidade da Coréia do Sul através da protagonista Gye Choon que é uma “Mulher do Mar”, fazendo parte de um grupo de idosas que pratica a pesca subaquática sem o uso de equipamento de oxigênio, ou mostrando rituais e celebrações como a dança para o deus do mar, por exemplo. Além disso, é muito nítida a cultura de “lugar do interior” que o filme passa.
Enquanto ambienta o telespectador, Canola cativa com seu par de protagonistas. Gye Choon, uma senhora batalhadora que ama sua neta mais que tudo no mundo e finalmente a reencontra depois de anos, só pensa em aproveitar o tempo ao lado da adolescente e vê-la crescer feliz. Hye Ji, uma jovem que passou por eventos traumáticos muito cedo, retornando ao seu lar e tentando encontrar seu caminho na vida, mas que não consegue se desvencilhar das sombras do passado.
Em meio a tudo isso ainda, tem-se a arte. A única forma que Hye Ji encontrou de expressar o que carrega em seu coração e não consegue dizer: toda a sua dor, culpa e confusão. Com a ajuda certa, a jovem aos poucos vai encontrando sua voz através da arte e consegue trazer um pouco de luz a sua vida.
É nesse ponto que Canola traz seu plot twist e se torna ainda mais sentimental, com uma verdadeira lição de amor e de família, mostrando que muitas vezes quem está ao lado apoiando e verdadeiramente ama poderia ser um completo estranho e que nem sempre os laços sanguíneos são o que valem na definição de família. E completando essa lição ainda, Canola mostra o quão preciosa a vida é, como o tempo pode ser curto e algumas memórias podem ser esquecidas, mas aquilo que toca o coração com mais força sempre será lembrado.
Toda essa mensagem emocionante trazida por Canola compensa algumas lacunas presentes no enredo, além da confusão que algumas partes podem causar por detalhes que ficam subentendidos ou são explicados de forma muito rápida.
Impossível deixar passar também as atuações emocionantes de Kim Go Eun e Youn Yuh Jung, que realmente surpreendem com a química em cena. Entregando um relacionamento lindo entre neta e avó, jovem ou mais velho, com certeza quem assiste se emociona e consegue facilmente se identificar com as duas.
Se você procura por uma história simples, emocionante e fácil de encantar, Canola sem dúvida é uma ótima escolha. Lembre-se de separar alguns lencinhos para as lágrimas.
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