“Barbie”, filme de Greta Gerwig que chegou aos cinemas na última quinta-feira (20), celebra o legado de 64 anos da boneca mais famosa do mundo. A produção estrelada por Margot Robbie é marcada por uma diversidade de Barbies e Kens, o que décadas atrás sequer era algo cogitado pela própria Mattel. Para se ter uma ideia, a primeira versão asiática da boneca só foi lançada 22 anos após a original, na coleção “Dolls of the World”.
“Oriental Barbie” foi revelada em 1981 e, como seu próprio nome sugere, tinha como objetivo representar todo o Oriente – mesmo que cada um dos países dessa região tenham suas próprias características – enquanto as demais bonecas da coleção assumem sua própria nacionalidade, como a primeira lançada, a “Italian Barbie”. A denominação, inclusive, sugere um tom xenófobo da época, reforçando o terrível jargão de que “todo asiático é igual”.
A primeira Barbie asiática, entretanto, tinha sua própria nacionalidade. Na embalagem, ela se apresenta como de Hong Kong, enquanto conta um pouco do Oriente e costumes: “em todo Oriente, as pessoas fazem compras em mercados ao ar livre. (…) Nós usamos palitinhos ao invés de garfos e facas. (…) Venha visitar o Oriente. Eu sei que você irá achar exótico e interessante”.
O molde do rosto desta versão da boneca acabou servindo de base para outras duas amigas da Barbie: Miko e Kira. Ambas também foram descontinuadas. Kira, na verdade, foi substituída por Lea, que não teve um final trágico como de suas irmãs de plástico. Menos mal.
Ken também demorou para receber uma versão asiática. O namorido da Barbie foi ganhar um modelo totalmente dedicado a este mercado somente em 2010, mais de 40 anos após o lançamento do boneco original. A versão japonesa de Ken, ou Samurai Ken (acredite se quiser), como ficou popularmente conhecido, também fez parte da coleção “Dolls of The World”.
Menos estereótipos
Os erros cometidos no passado ficaram no passado. Ou quase isso. Se a primeira Barbie asiática tratava o Oriente como um local exótico, as representações mais atuais passaram a conversar melhor com a realidade – assim como toda a coleção de Barbie, que passou por um reposicionamento nos últimos 10 anos. Claro, ainda há erros – a versão Ken de Simu Liu está longe de ser uma boa representação, mas são inegáveis os avanços.
Hoje, a Ásia para o universo Barbie ocupa muito mais um lugar de celebração, principalmente graças a Renee, uma das principais bonecas da marca, que representa uma norte-americana, descendente de chineses. A própria marca, aliás, dedica hoje um espaço para celebrar a cultura e comunidade asiática em seu site, além de investir cada vez mais em modelos que fujam dos estereótipos. Não fez mais que a obrigação.
Em “Barbie”, o filme, o público irá conhecer diversas versões de Barbie e Ken, de diversas etnias. Ritu Arya, atriz inglesa descendente de indianos, será a Barbie Jornalista na produção, enquanto Simu Liu, ator sino-canadense, será apenas Ken. “Barbie” está em cartaz em todos os cinemas brasileiros.