Unindo performances de ídolos de K-pop famosíssimos com um estúdio de dança muito bem estruturado, o Studio Choom vem servindo vídeos bem produzidos desde o início de seu canal no YouTube e trouxemos alguns fatos interessantes que podem explicar o destaque que ele vem ganhando e como funciona tudo isso.
E não poderíamos começar a falar desse canal sem entrar na própria história do entretenimento da Coreia do Sul, já que o canal pode ser novo, mas vem de uma “família” muito poderosa por lá.
COMO SURGIU O STUDIO CHOOM?
Cheil Jedang, o conhecido CJ group, que hoje é dono do canal de televisão Mnet, foi originalmente uma empresa parte da Samsung desde 1953 focada no ramo alimentício. Com seu excepcional crescimento, a CJ se separou nos anos 90 para se tornar independente, investiu em outros ramos, incluindo no de entretenimento, e criou a CJ ENM. Essa subsidiária fundou e administra a Mnet desde 1995 através de sua divisão chamada CJ E&M.
A Mnet, já muito conhecida pelo público k-popper, possui diversos programas de entretenimento que recebem nossos artistas preferidos, como MCountdown, Show Me The Money, Produce 101 e uma das maiores premiações musicais da Coreia do Sul, o MAMA Awards. Um dos seus principais canais de variedade no YouTube é o M2, focado em mostrar um lado mais exclusivo e próximo dos idols de K-pop, e de onde surgiu a ideia do Studio Choom.
Criado inicialmente em fevereiro de 2019, o Studio Choom começou como um quadro de colaboração entre k-idols e grupos famosos de dança dentro do canal da M2, e o próprio nome “Choom”, que significa “dançar” em coreano, já indicava a proposta dos vídeos.
Por ser um canal de relevância da Mnet, desde o início a M2 conseguiu trazer grandes artistas. Chung Ha foi quem estreou as colaborações com grupos de dança no antigo quadro do Studio Choom, “Dance The X”, o que causou bastante impacto na audiência pelo estilo inovador de cenário, gravação e apresentação. Em entrevista para a CJ ENM, Lee Ju Ri, a produtora e idealizadora do projeto, disse que sua intenção era alcançar não só o nicho dos dançarinos convidados, como também que se popularizasse dentre os artistas famosos, seus principais públicos-alvo.
Para atrair mais audiência, TXT, que tinha acabado de debutar, MOMOLAND, PENTAGON, GFRIEND, (G)I-DLE, MAMAMOO e Stray Kids vieram na sequência, trazendo ainda mais destaque ao quadro com outros “Dance The X”, além de novos subquadros como o “BE ORIGINAL”, apresentação de um grupo/solista obrigatoriamente dançando sua música original, com a opção de trazerem seus próprios dançarinos. E também havia os “COVERS” que podiam ser feitos por um grupo ou solista com música aberta.
Não demorou muito para o quadro virar um grande sucesso, possuindo milhões de visualizações já nos primeiros vídeos, o que motivou a M2 a criar um novo canal no YouTube especialmente para o Studio Choom, administrado pela Ju Ri.
Toda essa história fortaleceu o projeto, mas ainda assim não era uma garantia para se tornar um hit concreto. Então o que aconteceu?
O QUE AS CÂMERAS NÃO MOSTRAM
Apesar das apresentações coreanas geralmente entregarem gravações incríveis, acompanhando a energia das performances nos palcos, o Studio Choom adotou seu próprio estilo de planejamento e execução das filmagens, com o objetivo de potencializar a visão e impacto das apresentações, elevando o nível do destaque nas coreografias.
Segundo Ju Ri, eles já começaram com um bom suporte da Mnet em questão de equipamentos e puderam melhorá-los à medida que o projeto também ganhava mais notoriedade. E a qualidade dos vídeos não é à toa. Para se ter uma ideia, a câmera principal do estúdio é uma ARRI Alexa, a mesma utilizada nas gravações do filme Duna, entre muitas outras produções de Hollywood. O jogo completo com as lentes custaria hoje “míseros” 475 mil reais.
Somado a isso, temos todo o processo por trás do alinhamento das filmagens, design de iluminação, storyboard, preparação dos convidados, gravação e pós-produção, o que acaba sendo o grande diferencial e demanda muito tempo.
Tudo começa no convite do estúdio para o solista ou grupo meses antes. Uma vez que os artistas confirmam, inicia-se a pré-produção. E o mais interessante não é só gravar, mas tentar conciliar com os idols e equipe de cada empresa o que pretendem evidenciar nessa performance.
Ju Ri, inclusive, menciona com admiração sobre como foram as primeiras gravações com o TXT. Eles estão sempre determinados a deixar tudo perfeito em cada take, então foram diversas tomadas até alcançar o que pretendiam. O que geralmente levaria em torno de 3 a 4 horas de filmagem, levou quase 12.
Além da qualidade, outro ponto que impacta desde o início na popularidade do Studio Choom é a uniformidade do seu conteúdo, pois em comparação com a concorrência, o estúdio traz o mesmo assunto, a dança, em formatos diferentes e claros, enquanto que outros canais que já serviam apresentações de idols do K-pop, trazem um conteúdo muito diverso e que às vezes nem mesmo se conversa, podendo dispersar a audiência que chegou com os vídeos de dança. A exemplo disso, temos o 1thek Originals, criado na mesma época, que lança de tudo um pouco, e seu quadro 1theKILLPO não é o primeiro a ser lembrado no segmento.
Vemos então que quanto maior a facilidade para encontrar os conteúdos de interesse nesse nicho, maior o tempo que o telespectador vai gastar no canal, para só então criar uma conexão com a marca. Dessa forma, apesar de ajudar bastante no aspecto dos vídeos, não é a complexidade no jogo de luzes, no figurino ou efeitos especiais que vão trazer relevância a um canal, mas sim saber vender o formato.
O passo a passo com demais fatores importantes para promoção do Studio Choom foram explicados pelo Shorty Awards:
- Tentar intrigar os fãs de K-Pop eliminando outros componentes que distraem como decorações comuns de palco ou iluminações sofisticadas, fazendo com que os fãs se concentrem mais apenas nas performances.
- Montar um palco grande e simples, colocando apenas pontos de iluminação e variando as cores de fundo, onde os cantores de K-pop possam se apresentar focando apenas em sua dança.
- Com definição 4K 60FPS, o público pode assistir ao desempenho dos artistas com mais nitidez.
- Enfatizar a simetria do desempenho com o logotipo exclusivo do STUDIO CHOOM no centro.
- Criar Mise-en-scène com ângulo de câmera e iluminação para maximizar os movimentos de dança na tela.
- Selecionar artistas de K-Pop com forte apelo performático, como TWICE, ITZY, Stray Kids, MAMAMOO, TOMORROW X TOGETHER e muito mais.
SE É TÃO RELEVANTE, ENTÃO POR QUE ALGUNS IDOLS NÃO FORAM LÁ?
Por não ser literalmente uma “parada obrigatória” no K-pop como já acontece com um stage no Music Bank, Inkigayo e MCountdown em si, a ida dos artistas ao Studio Choom acaba sendo opcional. Dependendo do grupo ou solista, ele pode simplesmente não precisar ou até mesmo não querer se promover lá, o que causa uma imprevisibilidade na agenda do estúdio. É quando entramos no campo nebuloso das polêmicas entre empresas.
Não é de hoje que a Mnet tem uma relação instável com empresas como YG, SM, entre outras, então não é difícil que algum grupo/artista deixe de participar de algum programa da emissora por conta de questões mal resolvidas, o que acaba respingando no Studio Choom. Tudo isso se deve a diversos escândalos relacionados à Mnet e até mesmo envolvendo o MAMA Awards, então é tudo uma questão de como está a relação com cada marca ou grupo no momento. Vale dar uma procurada.
É perceptível o empenho em cada quadro do Studio Choom, que trouxe uma roupagem bem atual e, ao mesmo tempo, profissional e artística aos vídeos de dança que a gente já gostava. Saber trabalhar as luzes e filmagens das mais variadas formas traz a dramaticidade e dinamismo necessários para cada apresentação ser ainda mais espetacular. Então se autointitular como o “canal mais original especializado em dança de K-pop do mundo” faz até bastante sentido.
Conta pra gente quem você gostaria que passasse por lá.