Saúde mental é o tema da atualidade e nunca é tarde para falar dele. Atualmente, cresce o número de casos de pessoas que sofrem com doenças como depressão, ansiedade e síndrome do pânico. Mas por que isso acontece com frequência? Será que essas pessoas recebem o devido apoio? 

Para responder  essas perguntas trouxe exemplos de algumas organizações sociais atuantes na Coreia do Sul que buscam conscientizar as pessoas sobre a importância de ter um bom acompanhamento psicológico durante a vida, principalmente em períodos estressantes.

Como sabemos, a Coreia do Sul é referência em tecnologia e o sistema educacional está entre os melhores do mundo, mas esse sucesso foi e ainda é construído com base na competição seguida de exaustão mental. A sociedade sul-coreana é ensinada desde cedo a competir pelos melhores cargos, pela melhor faculdade, porque acreditam que somente dessa forma, poderão ser bem sucedidos.

Historicamente, há uma razão para esse comportamento enraizado. Durante os conflitos da ocupação japonesa e da Guerra da Coreia, o país se viu arrasado e sem perspectiva de crescimento. Somente a partir da década de 1970, com o “boom” das empresas de tecnologia que começaram a vir os primeiros frutos na economia e, consequentemente,  uma sociedade desigual. E ainda é assim nos dias de hoje.

Esse breve contexto nos faz refletir sobre algumas razões por trás do problema da saúde mental na Coreia do Sul. A sociedade, principalmente os mais velhos, ainda carregam as cicatrizes dos períodos sombrios do pós-guerra e não desejam revivê-los. Mas o século XXI veio para ser uma era de transformação e evolução em todos os sentidos, trazendo consigo temas que ainda são considerados tabus no país, mas que vêm ganhando destaque na mídia e nos k-dramas que tanto amamos. 

Nesse contexto, surgiram no país organizações sociais que buscam levar o tema da saúde mental para todos os campos da sociedade para que haja maior conscientização e implementação de políticas preventivas em ambientes escolares, de trabalho e familiares. Vem comigo conhecer um pouco do trabalho dessas organizações!

LifeLine International/LifeLine Korea

Desde 1966, a LifeLine International tem trabalhado para prevenir o suicídio, melhorar o apoio em crises e capacitar voluntários em todo o mundo.Com base no trabalho da Lifeline Austrália e de seu fundador, o falecido Reverendo Dr. Sir Alan Walker, a organização foi formada por sete países membros: Austrália, Nova Zelândia, África do Sul, Canadá, EUA, Coreia do Sul e Taiwan.

A LifeLine Korea atua principalmente como canal direto e de apoio para quem pensa ou já realizou tentativa de suicídio e tem como objetivo garantir que políticas de prevenção ao ato estejam disponíveis na sociedade, além de descriminalizar a prática do suicídio no país. 

O trabalho da organização na Coreia do Sul ainda tem um longo caminho a percorrer, mas só o fato de conseguir ser atuante e relevante em um país que ainda tem ideais baseados no Confucionismo (filosofia que sublinha uma moralidade pessoal e governamental, os procedimentos corretos nas relações sociais, a justiça e a sinceridade), já demonstra que parte da população deseja entender como prevenir o suicídio nos ambientes de trabalho, escolar e familiar, e saber como ajudar as pessoas que pensam ou tentaram praticá-lo.

KHDI – Korean Health Industry Development Institute

O Instituto de Desenvolvimento da Indústria de Saúde da Coreia realiza assuntos nacionais com os objetivos de promover a indústria de saúde nacional, fortalecer sua competitividade internacional e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida das pessoas, a fim de contribuir para o avanço da Coreia como um centro global de saúde biológica e digital. É uma organização independente, mas nos últimos anos tem trabalhado em conjunto com o Ministério da Saúde e Bem-Estar da Coreia na implementação de políticas públicas contra o bullying em escolas e no ambiente de trabalho, bem como políticas de práticas saudáveis de como lidar com a competição nesses ambientes.

A atuação do KHDI com o governo é vista de forma positiva, mas ainda não foi observado melhoras significativas, principalmente no ambiente escolar, onde há casos de isolamento social por parte de alunos e docentes vítimas de bullying. Se faz necessário contatos diretos com associações de professores e com os estudantes para entender a situação real e como o KHDI e o Ministério de Saúde e Bem-Estar podem atuar de forma efetiva. 

É interessante ver uma organização independente tendo essa atuação juntamente com o governo. É mais um sinal de que a saúde mental é pauta necessária para que as pessoas tenham também maiores entendimentos sobre elas mesmas e buscar ajuda necessária em momentos de crise. 

Espero que no futuro a sociedade sul-coreana entenda plenamente o quão importante é falar sobre esse assunto, conscientizar pais, alunos e empresas de que a competição pode ser saudável sem prejudicar a mente ou corpo de ninguém. E que mais centros de apoio à saúde mental possam alcançar mais pessoas em todo o mundo e não só na Coreia do Sul.