Venda ilegal de ações? Kakao e HYBE em disputa? Lee Soo-Man processando a antiga empresa? Afinal, o que está acontecendo com a SM Entertainment?
Desde o começo de fevereiro, assistimos ao bate e volta dentro do mundo dos negócios envolvendo a compra e venda de ações da SM Entertainment pelas empresas Kakao e HYBE. A princípio, isso não parece algo tão assustador, certo?
Veremos.
Para você que chegou agora nesse rolê, tenha em mente que estamos em meio a uma disputa de gigantes: a HYBE é a empresa de entretenimento responsável por agenciar grupos gigantes do k-pop, como o BTS e o TXT, enquanto a Kakao Entertainment é uma subsidiária da Kakao Corp., uma das maiores e principais companhias de tecnologia na Coreia do Sul (e aquela que fez o app que os idols adoram).
O que desesperou fãs e agitou o mercado é o fato de que a parcela de ações vendidas deram ao comprador final o título de maior acionista da SM. O que isso significa? De modo bastante simplificado, comprar ações correspondem, dentre outras coisas, à quantidade de investimento colocado naquela companhia. Consequentemente, quanto mais dinheiro se põe ali, maior liderança se assume nas tomadas de decisões empresariais.
Ou seja, quando, inicialmente, a Kakao adquiriu em torno de 9% das ações da SM Entertainment, ela se tornou a segunda maior acionista da empresa (atrás apenas do pai da SM, Lee Soo-Man!) e, como tal, a segunda na linha de sucessão ao trono.
Brincadeiras à parte, a Kakao assumiu uma posição de destaque no quadro de decisões sobre os rumos da SM Entertainment, o que poderia, hipotericamente, implicar em alguns entraves e disputas de interesses com relação ao futuro do seu grupo fave, por exemplo (por isso o desespero).
Essa venda, no entanto, não agradou Lee Soo-Man, que considerou a transação ilegal, por entender que ela se deu por meio de métodos ilícitos, pois, segundo seus advogados, as negociações aconteceram sem sua participação. Lee Soo-Man, então, anunciou que pretende processar a SM Entertainment, sua própria filha.
Contudo, a briga não parou por aí. Dias após essa bomba, outro jogador apareceu na disputa: a HYBE. Quando ela surge, sabemos que vem coisa grande por aí. E, de fato, foi o que aconteceu.
Após grande especulação a respeito da possível compra das ações do próprio Lee Soo-Man, no último dia 22 fomos nocauteados com a confirmação desse fato. A HYBE, assim, adquiriu 14,8% das ações da SM Entertainment e se tornou a maior acionista da empresa.
E agora?
Assim como o mercado de ações, o futuro do k-pop é, também, especulativo. No decorrer dessa disputa, o diretor financeiro da SM, Jang Cheol Hyuk, publicou um vídeo de 15 minutos no canal oficial da empresa no YouTube, onde comentou sobre as razões pelas quais a SM é contra a aquisição das ações pela HYBE. Dentre elas, destaco algo que, na minha opinião, parece uma insegurança muito bem justificada: o monopólio dentro do k-pop.
Durante anos, nós, fãs mais velhos do gênero, vivenciamos o reinado das Big 3 (SM, JYPE e YG Entertainment) e o quanto esse triunvirato dificultava o acesso ao mercado de entretenimento para empresas menores. Com o sucesso estrondoso do BTS, especialmente, assistimos as Big 3 perder parte de sua influência nas diretrizes da indústria do k-pop e, hoje, sabemos da influência que a HYBE exerce no mundo do entretenimento sul-coreano. Agora, imagine essa poderosa liderando outra poderosa. Não parece exagero pensar no risco de um monopólio quando se analisa por essa perspectiva, certo? E se, anos atrás, já era difícil para grupos e empresas menores, imagine atualmente e possivelmente dentro desse cenário.
Porém, talvez esse medo seja apenas consequência de uma realidade ainda muito recente e, assim, pouco definida. Além disso, após o longo pronunciamento da SM, a própria HYBE soltou uma carta aberta pedindo desculpas aos artistas e funcionários da empresa e aos fãs que ficaram perturbados pelos eventos. Segundo o pronunciamento, esse é o início de uma nova era tanto para a HYBE, quanto para a SM Entertainment.
O que isso significa?
Sinceramente, só o tempo poderá mostrar com clareza. O que podemos ter certeza, por ora, é que mudanças, de fato, irão ocorrer.