Hoje (12), chega aos cinemas brasileiros o longa “Na Teia da Aranha”. Com distribuição da Pandora Filmes e uma história ambientada nos anos 70 da Coreia do Sul, o filme promete capturar a atenção do público com as nuances da comédia dramática, que é potencializada pelo seu protagonista cinesta que deseja filmar do seu jeito em meio a censura.

Com a direção de Kim Jee Woon, nome por trás de sucessos como “Medo” (2003) e “Eu Vi o Diabo” (2010), a produção traz um elenco recheado de estrelas para dar vida aos personagens, tendo nomes de peso como Song Kang Ho (Parasita e Memórias de um Assassino), Krystal Jung (ex-integrante do grupo de k-pop f(x)), Lim Soo Jeong (Melancolia), Oh Jung Se (Tudo bem não ser normal) e Jeon Yeo Been (Vincenzo). 

Em “Cobweb” (거미집), título original, acompanhamos o diretor de cinema Kim Yeol, que passa a sonhar com um final alternativo do filme que acabara de gravar. Mesmo com uma estreia promissora no ramo, Yeol, agora desacreditado e cansado de viver nas sombras do renomado diretor Shin – com o quem ele já havia trabalhado antes – fica obcecado com a ideia de regravar o final do seu novo longa. Segundo ele, por estar a frente de sua própria produção, pode surpreender a audiência, criar uma verdadeira obra prima e provar seu valor no cinema.

Então, com apenas dois dias para regravar o final, o cineasta se vê numa jornada cômica e tumultuada para transformar os seus sonhos em realidade. Tarefa nada fácil na Coreia nos anos 1970, visto que o país passava pelo período de regime militar, com censuras, repressão e controle sobre qualquer forma de expressão. No decorrer da trama, as adversidades transbordam mesmo nos meios das pequenas conquistas do diretor, que mesmo assim, luta para seguir em frente.

Na Teia da Aranha
Foto: Cortesia/Pandora Filmes

Dado o início das gravações do filme de Kim Yeol, começamos a perceber as diversas tramas que envolvem seu elenco e a forma como há uma aproximidade entre os personagens que interpretam, como um verdadeiro emaranhado de fios. Quanto a “Na Teia da Aranha”, ainda que não tenha uma grande reviravolta central, seus pouco mais de 130 minutos são recheados de cenas cômicas, que não deixam de ter toques de tensão e carga dramática necessárias.

De certa maneira, isso é algo que prende o espectador, e faz com que ele queira desvendar as verdadeiras motivações de cada personagem. Também, abre uma grande curiosidade no público se a equipe de Yeol vai conseguir finalizar as gravações do filme mesmo com tantos conflitos e dificuldades.

“Fazer cinema alguma vez foi fácil? Tudo parece insuficiente, todos atrapalham, e depois de todo esse esforço os críticos acabam com você.” – Na Teia da Aranha

Foto: Cortesia/Pandora Filmes

A história também nos mostra a metalinguagem do cinema ao falar sobre os processos de criação e produção do filme com paixão, em especial, ao cinema coreano clássico. O uso e diálogos sobre plano sequência – quando a cena é gravada sem cortes, gerando um efeito mais imersivo com certo grau de dificuldade – são um suspiro para os amantes do cinema e carregam tensão. Dessa forma, a linguagem cinematográfica é utilizada para enriquecer os debates sobre a censura vivida na época.

Somado a isso, o filme transmite uma fotografia marcante entre as cenas que representam a obra de Yeol, deixando-as em preto e branco, e as cenas fora dele, isto é, a “realidade” do personagem, são mostradas em cores. Quando as cenas em preto e branco, carregam muita tensão, evidenciada pela trilha sonora, os diferentes ângulos de câmeras trabalhados e os elementos do gênero thriller. Já nas partes coloridas, há alívios cômicos, pois somos trazidos de volta para a obsessão do protagonista em criar uma obra prima e os conflitos que se desdobram no set de filmagem.

Por isso, ficamos pensando ao longo de toda a trama: será que o diretor Kim Yeol realmente é um visionário ou será que tudo não passa de uma vontade de provar o seu valor? O final realmente é tão revolucionário e cheio de aranhas como ele promete? Ai vocês vão precisar descobrir assistindo, porque não daremos spoilers por aqui! 🧐

Pode-se dizer, portanto, que as relações e camadas desse filme mostram uma verdadeira teia de aranha, que vai se revelando aos poucos. Então, se você está buscando alguns toques de comédia, mas ama um suspense, não deixe de checar “Na Teia da Aranha” em um cinema por perto!

7/10

Na Teia da Aranha

Título original: 거미집

Ano de lançamento: 2023

Direção: Kim Jee Woon

Roteirista(s): Shin Yeon Shick

Elenco: Song Kang Ho, Krystal Jung, Lim Soo Jeong, Oh Jung Se, Jeon Yeo Been.

Duração: 135