Das salas lotadas aos serviços de streaming, o cinema é uma das poucas artes que trazem maiores impactos – imediatos ou não – no cotidiano de uma pessoa. Para o bem ou mal, o cinema molda uma sociedade, como também reflete suas inúmeras facetas, e influencia outra arte tão potente quanto: a música. Seja puramente por estética ou para agregar alguma mensagem, os MVs de k-pop possuem grandes influências da sétima arte.

TWICE é um dos grupos que melhor trabalhou o cinema dentro de um universo único criado em menos de quatro minutos. Do clássico “Pulp Fiction” ao japonês “Love Letter”, o grupo da JYP se apoiou em filmes que tem como elemento ‒ não necessariamente o principal ‒ o amor em “What Is Love?”, canção lançada em 2018 como single do álbum homônimo.

Nesta mesma fórmula que traz um emaranhado de referências a obras clássicas e populares dos cinemas há outros dois videoclipes: “Get Out” e “Love Killa”, do AOA e Monsta X, respectivamente. O MV do AOA traz inspirações claras em obras como “Romeu e Julieta”, “O Profissional”, “Legalmente Loira” e “Bonequinha de Luxo”. Já o videoclipe do Monsta X tem “Clube da Luta”, “Drive”, “O Silêncio dos Inocentes” e “Psicopata Americano”, por exemplo.

Quentin Tarantino não foi homenageado apenas em “What Is Love?”, mas também referenciado com o seu “Kill Bill” em, pasmem, “Kill Bill”, das Brown Eyed Girls. Assim como o videoclipe do TWICE, neste MV das Brown Eyed Girls é bem claro e direto qual a sua principal inspiração. Do meu ponto de vista, é uma obra-prima.

As adaptações cinematográficas de histórias em quadrinhos também ganham força dentro do k-pop. Os vilões de Batman talvez sejam os mais referenciados, principalmente visualmente ‒ de MVs a programas semanais, como o Coringa de Heath Ledger para “Batman: O Cavaleiro das Trevas”, e Arlequina de Margot Robbie, em especial a versão apresentada em “Esquadrão Suicida”. A Mulher-Gato de Michelle Pfeiffer em “Batman: O Retorno” também serviu de referência, mas para um MV específico: “Tail”, da Sunmi.

O grupo da nação, Girls’ Generation já flertou com o cinema algumas vezes. A primeira vez foi com “Hoot”, uma verdadeira ode ao cinema de James Bond e aos filmes de espionagem. Já em Paparazzi” (é j-pop, sabemos) a homenagem fica para o grande clássico “Cantando na Chuva” e para a indústria cinematográfica como um todo.

Não somente por meio de referências diretas, o k-pop também se relaciona com o cinema a partir da criação de MVs com histórias dignas de telonas. O B.A.P. foi mestre em “One Shot”, que parece ser um ótimo curta-metragem com música, enquanto K.Will arranca até hoje reações de surpresa com a trama do videoclipe para a canção “Please Don’t…”, e Tomorrow X Together apresenta uma produção digna de Hollywood em “Eternally”.

TXT, inclusive, é um dos grupos que foi mais a fundo. O quinteto provou ser cinéfilo de verdade quando lançou “Nap Of a Star”, praticamente um curta-metragem que tem como principal influência “Viagem à Lua”, um dos primeiros filmes a serem feitos no mundo e o primeiro do gênero de ficção científica. Selo Isabela Boscov de cinefilia para eles.