Esperei ansiosamente por esse k-drama. Acompanho os trabalhos do Gong Yoo com muita fidelidade. Gosto bastante dele, acho que é um ator impecável e que, no maior estilo Jung Hae In de ser, parece escolher seus papeis a dedo. Com “The Trunk” não foi diferente. A trama desenvolve a relação complicada entre seus personagens e, em oito episódios, fica evidente que o foco não são grandes cenas de ação ou uma história cheia de estímulos. O destaque é o aspecto psicológico

“The Trunk” inicia apresentando um Hae Jeong Won (Gong Yoo) solitário e disposto a tudo para reatar com esposa Lee Seo Yeon (Jung Yun Ha), uma mulher distante emocionalmente que empurra o marido para um arranjo inusitado: uma agência especializada em casamentos arranjados. Por um ano, Jeong Won permaneceria casado com uma pessoa indicada pela empresa e, encerrado o prazo, Seo Yeon voltaria para o marido. 

A escolha de Seo Yeon é uma mulher que, na sua opinião, não é compatível com o marido e, portanto, o casamento seria um fracasso antes mesmo do início. Só que ela estava errada. Noh In Ji (Seo Hyun Jin) parece ser exatamente o que Jeong Won precisa e vice-versa. Carregando um enorme baú misterioso, In Ji chega, basicamente, metendo os dois pés na porta de Jeong Won, com a certeza de que esse seria só mais um trabalho e não a confusão que encontrou.

E o motivo dessa bagunça toda? A necessidade de controle da esposa. Claro, há toda uma construção para o comportamento errático de Seo Yeon, algo que é revelado conforme a história anda. Ao mesmo tempo, a relação entre Noh In Ji e Hae Jeong Won vai tomando novas formas, algo esperado quando duas pessoas solitárias e machucadas se encontram. Os dois se tornam o local seguro um do outro. 

Para Jeong Won, In Ji é o apoio que precisava para enfrentar seu passado, alguém que o faz repensar escolhas e, ao mesmo tempo, o recebe em um espaço de conforto e acolhimento. 

Já para In Ji, a história é um pouco mais complexa. Seu passado a persegue de várias formas. Uma de suas relações teve um fim traumático e, há cinco anos, ela tenta reparar os estragos deixados. Além disso, há Eom Tae Seong (Kim Dong Won), ex-funcionário da agência de casamentos que persegue In Ji há anos. 

A história de Tae Seong cria uma segunda via para “The Trunk”, a do mistério policial. Por incrível que pareça, funciona. O roteiro usa e abusa da quebra na linha do tempo, em que um episódio pode trazer o passado e o próximo volta ao presente. Não há como prever, só assistindo para saber.  

E com uma trama tão pesada no sofrimento dos personagens, talvez não seja tão estranho que quem rouba a cena é Lee Seo Yeon, a antagonista. A personagem de Jung Yun Ha é muito interessante. Ouso dizer que é minha preferida. Há uma complexidade imensa na sua personalidade, que mistura uma ambiguidade moral que te faz questionar o tempo todo se a mulher é digna de pena ou não, se merece nossa simpatia ou não. 

Apesar dos pontos altos, que são vários, não consigo deixar de comentar sobre algumas conveniências que o roteiro trouxe, especialmente com relação ao passado de In Ji e Jeong Won. Quando o episódio chegou, achei tudo um pouco forçado e, para ser bem sincera, desnecessário, mas tá tudo bem. A série continua incrível e você deve assistir!  

Aliás, no final, o sentimento que fica é que as mulheres deixaram Gong Yoo no chinelo, viu? Mas isso é segredo!