“O Amor Mora ao Lado” acabou de chegar na Netflix e já me surpreendeu ao apresentar uma figura meio mítica: um Jung Hae In que protagoniza romance, humor e piadas. Sei que não é a primeira vez que o querido participa de algo que não seja a representação audiovisual da tristeza, mas, em minha defesa, é difícil separar Hae In de tramas estilo depressão e coisas para baixo e a prova é essa lista.
Minha ideia inicial era trazer produções com o ator que tivessem esse tom leve e descontraído que o novo k-drama explora, mas, sendo sincera, foi uma tarefa quase impossível. Dando um spoiler rápido: sim, elas existem, só que acompanhadas de militância, quebra de tabus e, como esperado, tristeza. Fica evidente que ele é talentoso, viu? Aliás, arrisco dizer que Hae In escolhe a dedo em qual trabalho atuar, porque é tanta pedrada reflexiva protagonizada pelo príncipe que me vejo cada vez mais certa de que ele faz tudo com muita intenção.
Então, nada mais justo que apreciar o trabalho do ator na hora de decidir em qual projeto se aventurar, né? Por isso, separa seu kit maratona e dá uma conferida nessa lista. Queria poder afirmar que os lenços não são necessários, mas eu mesma chorei em todas as recomendações que vou dar. Faça o que eu digo e não o que faço.
Something in the Rain (2018)
Aos 35 anos, Yoon Jin Ah (Son Ye Jin) vive à margem das expectativas sociais para uma uma mulher sul-coreana: não se casou, ainda mora com os pais e está em um cargo mais alto no emprego. Ciente das cobranças ao redor, Jin Ah quer agradar o tempo todo, especialmente a mãe, a ponto de se tornar uma pessoa insegura e conformada.
As coisas começam a mudar quando Seo Joon Hee (Jung Hae In), irmão mais novo da melhor amiga de Jin Ah, volta do exterior e encontra o caminho para o coração da mulher. O problema? Ele é 11 anos mais novo e precisa enfrentar o tabu de se envolver com uma mulher mais velha.
Para quem ama tramas mais lentas que dão destaque ao casual, ao ordinário, aqui está um banquete. No decorrer dos 16 episódios, assistimos Jin Ah e Joon Hee se apaixonarem lentamente e isso é trabalhado de forma intimista, sem pressa, colocando os personagens em situações onde precisam refletir sobre o que querem e como querem.
Esse é um dos trabalhos de Jung Hae In que mais gosto. Aqui, a trama é desenvolvida com bastante cuidado e atenção aos detalhes, talvez ao ponto de muitos considerarem demorado demais, inclusive, mas que, ao meu ver, funcionou certinho para trazer de forma realista as questões sociais para a história e explorar a química entre o casal protagonista (que é imensa). Você pode assistir na Netflix.
One Spring Night (2019)
Quando a bibliotecária Lee Jeong In (Han Ji Min) acorda atrasada para o trabalho depois de uma típica noite sul-coreana de bebedeira, a farmácia é a primeira parada da protagonista. Na busca por um remédio para curar a ressaca, Jeong In conhece o próximo interesse amoroso de sua vida, o farmacêutico Yoo Ji Ho (Jung Hae In).
Parece uma história simples, certo? Com grande potencial para uma comédia romântica leve e despretensiosa. Ou era o que eu pensava nos 30 minutos iniciais do primeiro episódio. A verdade é que a vida de Jeong In é mais complexa do que a primeira impressão transmite. Imersa na confusão de um relacionamento falido com um homem lixo e o desejo de recomeçar com Ji Ho, a bibliotecária sabe onde quer chegar, mas não tem ideia de como ir.
Além disso, com Jung Hae In no elenco é óbvio que vem pedrada e aqui ela se dá na forma de um personagem que é pai solteiro e entende o estigma que carrega com a situação. Isso o torna mais reservado e cauteloso, características que casam bem com a personalidade determinada de Jeong In. Ela não desiste, viu?
Novamente, aqui está um k-drama mais lento e intimista, dando luz a questões sociais e culturais da Coreia do Sul e explorando a rotina, o comum, de uma forma delicada e sensível. Você pode assistir na Netflix.
D.P Dog Day (2021)
A rotina de Anh Jun Ho (Jung Hae In) muda quando, após se alistar no exército, é recrutado para fazer parte de uma equipe militar responsável por investigar e prender militares procurados pelo crime de deserção. Obrigado a servir, Jun Ho precisa deixar os valores pessoais de lado e endurecer o coração enquanto trabalha com histórias de bullying, doenças mentais e outras formas de injustiça.
“Esses homens se juntaram ao exército para defender que tipo de país?”
D.P Dog Day, 2ª temporada
Disponível na Netflix, “D.P Dog Day” é uma obra-prima sensata e agridoce e, para mim, é exatamente essa sensatez que faz a série ser impecável. Isso e o fato do trabalho dos atores acompanhar essa atmosfera, claro. Portanto, não embarque nesse k-drama se você espera finais felizes. Por aqui, recebemos mães desoladas com os destinos de seus filhos, personagens LGBTQIAPN+ fadados a uma realidade terrível, a justiça não sendo justa e lágrimas, muitas lágrimas.
Menção honrosa
Sintonizada em Você (2019)
Quando cliquei em “Sintonizada em Você” pela primeira vez, na Netflix, estava certa que iria assistir uma série. De acordo com a sinopse, a produção acompanha as idas e vindas de Mi Soo (Kim Go Eun) e Hyun Woo (Jung Hae In) de 1994 a 2005. Parece o material perfeito para um k-drama, né? Contudo, estava diante de um longa metragem. E um muito bom, por sinal.
Em 1994, 1997 e nos anos 2000, Mi Soo e Hyun Woo se esbarram em contextos diferentes de vida, ensaiando o romance que esperei desde o início do filme, sem nunca chegar até lá. No entanto, no último encontro de Mi Soo e Hyun Woo, em 2005, quando ambos estão estabelecidos em empregos que gostam, toda a trajetória de falsos começos e paradas inesperadas encontra um ponto final. E é aqui que você pega os lenços!
“Sintonizada em Você” é mais uma produção com jeitinho Jung Hae In: intimista e sensível. Pode parecer bizarro, mas mesmo com uma trama apoiada em uma passagem de tempo tão grande, a história se desenvolve naquele ritmo lento, com apreço pelo mundano da vida e dando destaque ao quotidiano.
Se isso te desestimula, aconselho reconsiderar. O realismo da relação do casal protagonista é incrível e dá vontade de namorar depois de ver eles interagindo. Ademais, esse filme também faz um ótimo trabalho em traduzir o fato de que estar em um relacionamento está muito além do aspecto físico da presença do outro, mas envolve um punhado de atitudes que nos tornam vulneráveis, como confiar, compreender e perdoar.
E aí, por onde você vai começar nessa lista?