Há exatamente nove anos, rolava um dos acontecimentos mais emblemáticos do k-pop: Jessica Jung deixava o Girls’ Generation. A saída da cantora do grupo foi um verdadeiro caos, com ar de uma suposta expulsão e fãs clamando pela artista em um fanmeeting do grupo que acontecia na China praticamente ao mesmo tempo.
Tudo começou em agosto de 2014, quando Jessica Jung anunciou que sua marca Blanc, futuramente Blanc & Eclare, estaria expandindo seu leque de produtos, indo além dos óculos, apostando em roupas, maquiagens e acessórios. Na época, tanto SM Entertainment quanto as próprias integrantes, incluindo Taeyeon, apoiaram publicamente a empreitada da cantora.
Realmente, tudo parecia estar nos conformes. Jessica, aliás, tinha acabado de renovar seu contrato para mais três anos, assim como as demais integrantes, e o foco para os próximos anos seriam as atividades individuais de todas elas. Definitivamente nada preparou os fãs e o público em geral para o que estava por vir no final de setembro, até porque as meninas estavam com agenda cheia e se preparavam para um comeback dedicado ao mercado japonês.
Forçada a sair?
No dia 30 de setembro daquele ano, veio a notícia. Por meio do Weibo, a própria Jessica anunciou que estava deixando o grupo e que estava devastada com toda a situação. Tudo logo nesse começo dava a entender que a decisão foi totalmente unilateral — Jessia alegava que foi forçada a sair — enquanto fotos das demais oito integrantes a caminho de um fanmeeting na China surgiam nas redes sociais e, posteriormente, os fãs chineses clamavam por Jessica com as oito no palco. Foi um caos.
O posicionamento inicial da SM Entertainment foi culpabilizar única e exclusivamente Jessica. Mas não demorou muito para ela se defender e explicar detalhe a detalhe o que realmente teria acontecido. Ela afirmou em uma nova carta, ainda no dia 30, que no dia 29 de setembro foi “convidada a se retirar”.
Segundo Jessica, tudo estaria de comum acordo com a empresa e as meninas, mas, no início de setembro, “as integrantes repentinamente mudaram sua opinião e tiveram uma reunião”. Jessica afirmou na época que chegou a ser “intimada” pelas oito a escolher entre sua marca ou o grupo. Bizarro.
“Contudo, no início de setembro, apenas um mês depois do lançamento da marca, as integrantes repentinamente mudaram sua opinião e tiveram uma reunião, onde me disseram para ou parar com as atividades da marca BLANC ou parar com as atividades como membro do Girls’ Generation. Eu expliquei que tinha recebido permissão da empresa, que eu nunca negligenciei as atividades com o Girls’ Generation, e que não poderia simplesmente acabar com a marca após apenas um mês de lançamento da mesma”, disse.
Um fato curioso é que na época, até que tudo começasse a ser confirmado, uma boa parcela de fãs acreditava que a primeira publicação da cantora era fruto de um hacker. Justamente porque todo cenário pré-estabelecido era benéfico para ela e o grupo: renovação de contrato de três anos, lançamento de “Divine” e preparativos para a coletânea japonesa “The Best”. Não havia qualquer indício de que todos esses problemas, de fato, existiam.
Hiatus que deu errado?
Quando a SM Entertainment confirmou a saída da cantora do grupo, a empresa destacou que Jessica, inicialmente, iria entrar em hiatus apenas por “motivos pessoais”. Ambos os lados estavam de acordo e tentariam ao máximo garantir que o grupo continuasse a trilhar o melhor caminho, tanto que um novo álbum com todas as nove integrantes estava garantido.
A nota da SM também leva a entender que a empresa não estava satisfeita com a forma que tudo estava sendo levado, já que Jessica não estaria mais dando prioridade ao Girls’ Generation, por isso foi tomada a decisão de sua saída. Entretanto, a nota não deixa claro que foi uma decisão conjunta, o que leva a crer ter sido unilateral, partindo da SM.
Segundo um insider coreano, tudo realmente estava sendo preparado para que a cantora fizesse uma pausa enquanto membro do SNSD. Naquele mesmo ano, em dezembro, o grupo tinha um show marcado no Tokyo Dome, no Japão, que estaria sendo tratado como a despedida da cantora. Todo o planejamento também envolvia o lançamento de “Catch Me With You Can”, com Jessica, que acabou sendo regravada sem ela e lançada “às pressas”.
Apesar de ter saído do grupo, Jessica ainda permaneceu na SM por quase um ano. Somente em agosto de 2015 que tanto a cantora como a empresa resolveram romper oficialmente o contrato, desta vez em decisão conjunta.
Até hoje, tudo que Jessica disse é tratado como verdade porque nenhuma das oito meninas do Girls Generation se posicionou claramente sobre todo esse caos, então rumores tomaram conta da internet. As mais famosas são de que Taeyeon teria sido a pivô da saída de Jessica, e de que ambos os lados, restante do grupo e cantora, se odiavam.
Monetizando o caos
Enquanto as oito integrantes do grupo ficam caladas, Jessica fala até hoje sobre sua saída de forma indireta. Nos últimos três anos, ela lançou dois livros, “Shine” e “Bright”, com personagens e situações coincidentemente próximas do que ela teria passado. Pra se ter uma ideia, em uma das passagens de um dos livros, Jessica, aliás, chega a narrar a saída da protagonista do livro, Rachel, do grupo fictício chamado Girls… Forever.
“Eu chamei Girls Forever de minhas irmãs. Mesmo com todos os ciúmes mesquinhos e brigas, eu nunca, nunca pensei que elas voltariam contra mim assim. Dói de uma forma que ainda não consigo processar completamente, uma forma que sei que vai me esmagar completamente se eu me permitir atravessar o choque e sentir toda a força de sua devastação”, escreve Jessica em um dos trechos de “Bright”.
Apesar de algumas confirmações, no fim, tudo que envolve a saída de Jessica do grupo ainda é tratado como um dos maiores mistérios do k-pop. Pelo menos a cantora ainda faz um enorme sucesso na China, tanto que ela foi uma das vencedoras do reality show “Sisters Who Make Waves”. Juntas ou separadas, os fãs continuam sendo mimados por ambos os lados. Apesar dos pesares, todo mundo venceu.
Texto por José | Revisão por Fran | Equipe de Redação da K4US
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