BABYMONSTER, novo grupo da YG Entertainment, era uma das principais apostas para 2023, principalmente por ser um novo girlgroup na empresa em sete anos. Entretanto, “Batter Up”, lançada no último domingo (27), exemplifica mais uma vez que a empresa não sabe ousar e sempre vai apostar no seguro quando o assunto é girlgroup.
Sem muitos rodeios, a canção tem todos os elementos de uma música que facilmente poderia ser do BLACKPINK. De certo modo, a história então acaba se repetindo: quando 2NE1 chegou ao fim, BLACKPINK chegou com uma sonoridade similar e, agora que o grupo de Rosé tem sua cor própria e está num limbo entre o disband e renovação, surge um novo grupo idêntico.
Antes de seguir, é preciso deixar bem claro que a música está longe de ser ruim e fica nítido o talento do sexteto. Sério, todo mundo ali manda muito bem na dança e, vocalmente, elas são talvez um dos grupos mais interessantes nesses últimos cinco anos.
Só que, apesar disso, a estreia das meninas não deixa de ser uma baita decepção criativa. Na música, todos os elementos sonoros e estrutura, como refrão sem muitos vocais e um drop mais empolgante ao fim, nós já ouvimos outras 500 vezes, de 2NE1 ao BLACKPINK.
Já o videoclipe é um copia e cola de outros MVs sem tamanho. Os enquadramentos, cenário e figurino são um aglomerado de tudo, menos originalidade. Fora o quão datada a produção parece.
A real é que a YG parou em 2012. É muito importante, sim, que uma empresa consiga deixar sua marca em todos os lançamentos – você consegue saber, por exemplo, que um artista é da SM Entertainment de olhos fechados – mas há um certo limite para que isso não se torne uma armadilha.
Para girlgroups, YG virou uma paródia de si mesma. É uma falta de comprometimento artístico tão grande que chega a ser desrespeitoso para as meninas que, infelizmente, são atreladas a tudo, menos a uma identidade própria e, principalmente, para os fãs que tanto aguardavam essa estreia.
Mercadologicamente, a decisão de se repetir tem sentido se você pensa como um CEO que tem que cumprir as expectativas dos acionistas. Pensem comigo: se no cinema, Marvel lança o mesmo filme desde “Homem de Ferro” e lucrou bilhões. Na música, YG lança a mesma canção desde 2NE1 e lucra da mesma forma. A questão que fica é: até quando isso vai dar certo?
Para sempre. O k-pop conseguiu mascarar toda a mediocridade das músicas ao reforçar o sentimento de idolatria. Os idols se tornaram maiores que a própria música, então enquanto os fãs continuarem gastando para garantir o photocard mais cobiçado e comprar as 80 versões de um álbum para ir em fansigns, pouco importa se as canções são, de fato, arte.
No fim, as meninas do BABYMONSTER são vítimas de um gênero que se entende muito mais como Indústria do que como Arte. É um descaso criativo da YG que não acontece pela primeira vez aqui e, infelizmente, não tem data para acabar.