Enfim é fevereiro e está de volta um dos eventos mais aguardados pelos brasileiros: o carnaval.

Você sabia que o Carnaval é uma festividade de origem grega, datada entre os anos de 600 a 520 a.C., através da qual os gregos realizavam seus cultos em agradecimento aos deuses pela fertilidade do solo e pela produção? O evento foi adotado pela Igreja Católica em 590 d.C. e até os tempos atuais a data continua a ser decidida conforme o calendário cristão.

Já o carnaval moderno foi estabelecido no século XX pela sociedade inglesa na era vitoriana, sendo responsáveis por acrescentarem à festividade desfiles e fantasias. 

Comissão de frente da G.R.E.S União dos Amadores

O Brasil foi um desses importadores e a festividade foi muito bem recebida nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Recife. E no outro lado do mundo, na Ásia, o Japão se inspirou no nosso Carnaval, particularmente o do Rio de Janeiro, criando o “Asakusa Samba Carnival (浅草サンバについて)”.

ORIGEM

Realizado desde 1981 entre os meses de agosto e setembro, com exceções de 2011, por conta do Terremoto de Tohoku, e, entre os anos de 2020 a 2022, por causa da pandemia do Covid-19, o evento é considerado uma das maiores festividades de verão do Japão, e, principalmente, o maior evento de samba realizado fora do Brasil.

A festividade se iniciou como uma tentativa de reviver o distrito de Asakusa na cidade de Tóquio, que era um famoso centro de entretenimento até o fim da Segunda Guerra, quando passou a enfraquecer com o estabelecimento de outros distritos com a mesma finalidade como Shibuya e Ikebukuro.

Além disso, a festividade ligada ao samba e ao carnaval não ocorre apenas em Asakusa. Em novembro, ela acontece em Okinawa, e em Kobe no início de julho. Inclusive, o festejo desta última foi adicionado ao tradicional “Festival de Kobe”, incentivado pela imigração brasileira à região, ainda no início dos anos de 1970.

Mestre-sala e porta-bandeira da G.R.E.S. Nakamise Bárbaros

ASAKUSA SAMBA CARNIVAL

O “Asakusa Samba Carnival” não é apenas um desfile, é  na verdade um concurso sério, e conta atualmente com 16 escolas de samba que disputam elementos como desfile e alegorias (carros alegóricos). As equipes participantes ainda contam, cada uma, com uma “Rainha da Bateria”, que normalmente usam as fantasias mais luxuosas.

O concurso é dividido em duas Ligas:

• A S1 – que é a liga principal, em que as escolas que participam têm um número maior de membros e contam com alegorias (carros alegóricos);
• E a S2 – é a liga secundária, nela as escolas têm um número reduzido de membros e não são permitidos desfilarem com alegorias.

O desfile é realizado num curto percurso, sendo uma caminhada da Estação Tawaramachi à Estação de Asakusa, passando por ruas próximas do Templo mais antigo de Tóquio, o Templo Sensoji. O tempo total do evento tem duração média de 5 horas, entre às 13h e 18h.

Imagem Trajeto do concurso disponibilizado pela AESA

Assim como no Brasil, as escolas têm uma própria associação, a Associação das Escolas de Samba de Asakusa (AESA), que é  responsável pela organização e realização do evento, além de enviar representantes para o congresso carnavalesco em terras tupiniquins.

As escolas mais antigas datam de 1980, sendo elas “G.R.E.S. Nakamise Bárbaros” e “G.R.E.S União dos Amadores”. Enquanto a mais recente, a escola “G.R.E.S. Acadêmicos da Glória”, foi criada em 2017.

Dentre elas, uma se destaca, a escola “GRES Liberdade”. Criada em 1991, é considerada uma grande força no evento por ter sido a primeira a ter um samba-enredo composto por um carioca, o Noca da Portela, outras escolas ainda contam com o samba-enredo cantado em português. Além de também serem pioneiros em importarem as fantasias brasileiras, iniciativas do ex-componente Marcello Sudoh. Hoje a maioria das fantasias já são importadas.

Vídeo com trechos do desfile de 2019

Além do concurso e do desfile propriamente ditos, o público tem a oportunidade de conhecer um pouco dos dois países, já que há barracas gastronômicas de ambos, sendo encontrado até mesmo a nossa típica caipirinha. 

O ano de 2023 marcou a volta do evento, que reuniu mais de 30 mil pessoas para prestigiar os mais de 3 mil membros das escolas de samba que desfilaram, uma vez que as alegorias e o concurso foram suspensos, com a promessa de retornarem em 2024.

Apesar do carnaval lá não ter ligação com a data comemorativa cristã e, por isso, não ser realizado na mesma época do nosso, ele ainda é regado a muito samba, fantasias e a alegria que vêm contagiando os frequentadores há mais de 40 anos. E aí, já imaginou sambar pelas ruas de Tóquio?!