No dia 25 novembro, a BlockBerry Creative (BBC) emitiu um comunicado informando que a integrante Chuu, do LOONA, não fazia mais parte do grupo. A empresa alegou que o motivo da expulsão da idol seria por “abuso de poder” com uso de linguagem violenta contra determinada funcionária da empresa. Chuu veio a público poucos dias depois, através de sua conta no Instagram, e negou todas as acusações.
Na última segunda-feira (19), o portal de notícias sul coreano Dispatch, publicou um dossiê sobre o caso. A matéria apresenta cláusulas do contrato, conversas entre a artista e integrantes da equipe da BBC e uma pequena entrevista exclusiva onde Chuu conta o seu lado da história.
Quando tudo começou
O LOONA debutou oficialmente em agosto de 2018, no entanto, a divulgação e promoção do grupo começou bem antes, através de um longo projeto o qual uma nova integrante era apresentada a cada mês. Logo, o projeto demorou mais de um ano para apresentar todas as 12 membros ao público.
Chuu se juntou a BlockBerry Creative em setembro de 2017 e passou por um curto período de três meses como trainee e, em dezembro daquele ano, foi apresentada como a décima integrante do LOONA. Durante quase um ano e meio até o grupo lançar o seu primeiro disco com as 12 integrantes, a BBC lançou 12 álbuns solos e três álbuns de units.
De acordo com a Dispatch, foram gastos 6 bilhões de wons (cerca de R$ 24 milhões de reais) no projeto de debut do LOONA, no entanto, a empresa esgotou a conta bancária mais cedo do que imaginava. Diante disso, esse foi o estopim para o começo do conflito.
O contrato e a divisão dos lucros e despesas
Chuu assinou um contrato exclusivo com a BBC no dia 4 de dezembro de 2017. Devido a maneira como o LOONA foi divulgado, cada integrante possui contrato com datas de assinatura e expiração diferentes.
No caso da Chuu, que foi o único detalhado durante a reportagem, o acordo entre as partes dividia os lucros em 7:3. Ou seja, 70% dos lucros obtidos ficavam para a BlockBerry e 30% para a artista. No entanto, as despesas foram divididas igualmente com 50% para cada lado. A reportagem aponta que este tipo de contrato é problemático, pois, geralmente, as despesas são divididas em diferentes proporções seguindo a proporção de 7:3.
Além disso, o contrato previa o sistema de liquidação pós-despesa. Isto é, 20% dos gastos que eram para ser pagos pela empresa, deveriam ser transferidos para as integrantes, incluindo Chuu. Em outras palavras, a dívida de cada uma crescia quando os gastos ultrapassavam 70% dos lucros obtidos. “Eu fiz as contas. Se as despesas fossem superiores a 70% da receita, a liquidação final seria negativa. Basicamente era um sistema que, quanto mais você trabalhava, mais endividada ficava. Era definitivamente um contrato de 70/30, mas poderia se tornar 90/10 ou 100/0 na prática”, contou Chuu a Dispatch.
Chuu vai à justiça
Em janeiro deste ano a artista preencheu uma injunção para romper o seu contrato de exclusividade com a BlockBerry. Chuu conta que foi alertada por uma membro do LOONA do fato delas não terem recebido ainda. “No último ano [2021], uma integrante perguntou ‘nós já não deveríamos ter recebido?’. Foi aí que me dei conta de que havia um problema”, contou a Dispatch.
O fato de que Chuu havia entrado na justiça contra a BBC só veio a público em março, quando a justiça decidiu a favor da artista. Segundo o novo contrato divulgado pelo portal de notícias, a divisão de rendimentos entre Chuu e a empresa foi alternada para a proporção 7:3, respectivamente. No entanto, se as despesas superarem os lucros, a empresa concordou arcar com 50% das dívidas.
Duas novas cláusulas foram adicionadas ao contrato, caso uma das partes sofresse danos, a parte afetada poderia requerer 50 milhões de won e, simultaneamente, também requerer o encerramento imediato do contrato.
Ademais, foi assegurado o direito de Chuu não comparecer às atividades do LOONA devido a sua agenda pessoal. De acordo com a cláusula do contrato, ela poderia ficar ausente por três, ou menos, atividades do grupo por mês, e, também, poderia ausentar-se três ou menos de atividades que envolvessem álbuns do grupo.
“Honestamente, a minha confiança na empresa acabou no ano passado. Eu também não queria participar do Queendom, mas eu não queria desistir do LOONA. Eu escrevi esse acordo complementar para continuar com as atividades em grupo”.
Chuu, ex-LOONA
A controvérsia de agenda nas filmagens de “Flip That”
No dia 25 de maio de 2022, a mãe de Chuu acionou a cláusula do novo contrato onde a empresa deveria pagar 50 milhões de wons à artista, caso uma das partes sofresse danos. O motivo do pagamento estaria relacionado ao atraso na filmagem do music vídeo de “Flip That” que interferiu diretamente na agenda individual de Chuu.
De acordo com o cronograma, as filmagens para o videoclipe começaram no dia 24 de maio, às 9h da manhã. No entanto, houve um atraso nas gravações e seria necessário filmar uma parte da coreografia com as 12 integrantes, com isso, a cena em grupo foi marcada para às 23h da noite.
Nas conversas divulgadas pelo portal, a mãe da artista se mostra descontente com o atraso, já que Chuu iria gravar um comercial no outro dia de manhã. Ao mencionar que iria acionar a cláusula, a CEO da BBC decide por pagar os 50 milhões de wons e, assim, Chuu terminaria de gravar as cenas em grupo.
A cantora foi liberada do set de filmagem às 3h da madrugada. Sobre o ocorrido, ela contou ao portal de notícias: “a filmagem do MV foi atrasada e eu fui reembolsada em 50 milhões de won. Entretanto, eu não pedi o dinheiro somente por conta daquele incidente. Houve múltiplos problemas acerca da agenda. Então eu fiz aquele tipo de aviso”.
O suposto “abuso de poder”
De acordo com as alegações da BlockBerry, Chuu foi expulsa devido “abuso de poder” e uso de linguagem violenta contra uma funcionária. Uma conversa de dezembro de 2021, entre a artista e um staff — que vamos chamar de B —, Chuu se mostra descontente com as alegações feitas por B de que ela não participaria das atividades do grupo. Do ponto de vista da BBC as palavras da idol foram maldosas.
No entanto, no dia 9 de junho, Chuu mostrou um spoiler da coreografia de ‘Flip That’ a um fã durante uma chamada de vídeo gerenciada pela empresa. Um funcionário, identificado como A, enviou um trecho do vídeo em questão para a mãe de Chuu com a mensagem “A coreografia não pode ser revelada ainda. O que faremos sobre isso?”.
Ao receber o texto, ela enviou uma cópia da mensagem para Chuu que logo encaminhou para outro funcionário, que vamos chamar de C, e escreveu: “Apenas isso (risada). Dizer algo sobre um spoiler de um segundo?”. Em seguida, Chuu afirmou que não participaria das promoções do comeback.
Ao ser perguntada pela Dispatch sobre o possível abuso de poder, Chuu respondeu: “C” era a única pessoa na empresa que eu conseguia me comunicar. Eu não estava expressando raiva, mas sim as minhas críticas de como a agência operava”.
Além disso, Chuu compartilhou com o portal uma conversa que teve com o Diretor D, enquanto eles discutiam termos sobre o contrato. Em uma das falas de D, ele pergunta à ela “Você terminou a escola primária, certo?”. Sobre a falta de tato de D ao perguntar sobre sua escolaridade, Chuu comentou: “O Diretor “D” me tratava como uma criança. Parecia que eu estava sendo menosprezada? A falta de confiança só foi aumentando depois disso, e isso machuca. Eu achei que deveria falar de forma mais agressiva para eles finalmente escutarem… Então houve momentos em que falei de forma mais dura. No fim do dia, eu sou somente humana, então cometi um erro”.
O conflito entre Chuu e BlockBerry Creative é mais intenso e complexo do que muitos fãs imaginam. Esse foi apenas um pequeno resumo, sem a tradução de todas as conversas disponibilizadas pela Dispatch, para o que todos possam entender e compreender o ponto de vista da artista em buscar justiça por seus direitos.
Desejamos a Chuu sucesso em sua nova caminhada.
Todo o conteúdo dessa entrevista foi traduzido e autorizado pelo portal Orbits Brasil.