A arte coreana vai muito além da música, k-dramas e filmes. A literatura do país é magnífica e tem obras que fazem você abrir seus olhos, além de conhecer temas novos. Por isso, hoje iremos recomendar cinco livros de autores coreanos que você precisa conhecer.

Pachinko

Não podemos começar a lista sem falar de um dos livros mais famosos da literatura coreana atualmente. Pachinko foi escrito pela Min Jin Lee e acompanha a história de Sunja, uma coreana que com seus descendentes vivem no Japão no século XX, uma época marcada na história do país por conta da colonização japonesa e as divisões das duas Coreias.

A obra inicia mostrando a história de Sunja que, ao se apaixonar por um rapaz rico, e também casado com outra mulher, acaba engravidando dele, porém recusa a oferta de ficar com o homem e resolve casar com um pastor que estava no vilarejo e iria para o Japão. Sunja acaba indo embora junto do pastor e assim começa o drama de toda a geração da família.

 “A história falhou conosco, mas não importa”

Pachinko

Pachinko vai além de um romance mal resolvido, nele é mostrado as dores e desafios que os imigrantes coreanos enfrentaram no Japão. Um exemplo é o fato de que, durante o século XX, os descendentes de coreanos que nasceram no território japonês não eram reconhecidos como japoneses ou coreanos. Por mais que seja uma obra fictícia, a autora fez pesquisas profundas sobre o assunto da imigração coreana para criar os personagens, por isso a leitura é essencial para quem deseja conhecer um pouco sobre a história entre os dois países e compreender o motivo de a fala “todos os asiáticos são iguais” ser ofensiva aos orientais.

O livro ainda conta com uma adaptação de k-drama da Apple TV, estrelado por atores renomados como Lee MinHo e Youn Yuh Jung.

As coisas que você só vê quando desacelera: Como manter a calma em um mundo frenético

Escrito por um mestre zen-budista-sul-coreano, Haemin Sunim, o livro é perfeito para as pessoas que procuram apoio em pequenas coisas para não enlouquecer com a sociedade atual em que vivemos. 

Em vez de se deixar tomar pela emoção sem qualquer autoconsciência, você vai se questionar e sentir o que há ali. E, à medida que fizer isso, se dará conta de que a emoção negativa não é uma realidade fixa.

As coisas que você só vê quando desacelera

A obra é dividida em oito capítulos sobre a vida, desde emoções como amor até pensamentos sobre o futuro. Neles são explicados o motivo de praticar a atenção plena em cada momento que vivemos, pois dessa forma podemos ver para além do que sentimos.

A leitura é calma e relaxante e os capítulos não precisam ser lidos em ordem. A proposta de Haemin é que a pessoa possa usar o livro como uma forma de escape nos momentos em que sentir emoções negativas, abrindo no capítulo em que deseja e ler as palavras de sabedoria do monge.

Sete Anos de Escuridão

Mais uma obra da nossa querida Jeong Yu-jeong, a mesma é autora de O Bom Filho, livro de suspense que já falamos aqui no site.

Aproveite e leia também

6 Livros de autores asiáticos e descendentes para amar!

Em Sete Anos de Escuridão, Jeong apresenta a história de Sowon, um rapaz de 18 anos, órfão, que mora em Seoul como nômade e que tem apenas um único desejo: esquecer o seu passado! Há sete anos, o pai de Sowon foi acusado de ser um assassino brutal e o menino ficou conhecido como “o filho do psicopata”, que paga pelos crimes que seu pai cometeu. Porém, a trama vai além da vida de Sowon, o rapaz recebe um manuscrito anônimo que decifra o que aconteceu sete anos atrás.

O mundo referiu-se aos acontecimentos daquela noite como ‘a tragédia do lago Seryong’. Meu pai foi chamado de assassino psicopata e eu fiquei conhecido como ‘seu filho’. Naquela época, eu tinha onze anos.

Sete Anos de Escuridão

Se você gosta de suspense e drama, o livro é uma ótima pedida de leitura. Nele podemos acompanhar três pontos de visão, o lado de Sowon e o que ele passa na sociedade atualmente, o lado do manuscrito que mostra trechos da história brutal de Choi Hyonsun, pai de Sowoon, e por fim o lado de Yongje, pai da menina assassinada por Hyonsun. Com essas três visões temos conhecimento amplo do que aconteceu, além de acompanharmos o desespero, perda de juízo e até atos atrozes de cada personagem.

Assim como em O Bom Filho, o livro contém cenas pesadas e descrições detalhadas de assassinato e violência, o que não é indicado para todas as pessoas. 

Por favor, cuide da Mamãe

Precisamos falar sobre esse livro! Escrito por Shin Kyung-Sook, a obra mostra um momento delicado na família Park.

Park Sonyo tem 69 anos e vai para Seoul junto do marido para encontrar seus cinco filhos. Porém, ao chegar na estação de metrô da capital coreana, o marido a perde de vista e Sonyo desaparece misteriosamente.

Por que nunca levei em conta os sonhos de Mamãe?

Por favor, cuide da Mamãe

Com uma narração um pouco diferente do que estamos acostumados, o livro conta com cinco narradores diferentes, um para cada capítulo. Dessa forma podemos conhecer um pouco sobre a forma que os personagens conheciam Sonyo e como estão lidando com o desaparecimento da mulher. Além de mostrar como uma mulher, e idosa, pode ser tratada na sociedade coreana e como é a política pública da Coreia sobre a população mais pobre e rural. 

O livro nos faz refletir sobre como nós, leitores, tratamos as nossas mães e deixa o grande questionamento: será que realmente conhecemos nossas mães? Será que sabemos sobre todos os sacrifícios que elas fazem para nos educar e criar? A leitura é realmente muito gostosa e reflexiva sobre a vida, nossa relação com as nossas mães, e principalmente como não agradecemos os cuidados e carinhos que recebemos da pessoa que mais nos ama no mundo.

Atos humanos

Mais uma autora que já falamos aqui na K4US, Han Kang é dona de um dos livros mais conhecidos atualmente, A Vegetariana, mas hoje iremos falar sobre sua outra obra, Atos Humanos.

Em 1980 aconteceu uma oposição contra a ditadura de Chun Doo-hwan. Conhecida como Revolta de Gwangju, a luta da população foi contida pelo exército sul-coreano, que acabou se transformando em um grande banho de sangue com centenas de pessoas mortas, feridas e até mesmo desaparecidas. 

Nossos corpos estavam empilhados uns sobre outros, em cruz. O corpo de um homem desconhecido estava em cima da minha barriga; atravessado em um ângulo de noventa graus, sobre a barriga do homem, o corpo de um jovem desconhecido, também atravessado em um ângulo de noventa graus.

Atos humanos

Han Kang entrega em Atos Humanos uma reconstrução desse momento trágico que aconteceu no país. É possível entender como a violência da Revolta afetou muitas pessoas com a narração da obra. Nele conhecemos sobreviventes, uma mãe enlutada, um espírito de uma vítima da Revolta e um estudante que procura reconhecer o corpo do amigo no meio de uma pilha de cadáveres. Com uma linguagem gráfica da violência cometida pelo exército, podemos acompanhar na escrita dramática os sentimentos de cada narrador, e até podemos sentir o mesmo que eles viveram naquele momento, desde o luto, a tortura e o trauma que permaneceram nas vítimas.

O livro contém cenas fortes de violência, além de uma narrativa sofrida que pode provocar gatilho para quem tem depressão. Sendo assim, é uma leitura não recomendada a todos os públicos. Porém, vale a pena conhecer a obra para entender uma das histórias mais tristes que ocorreram na Coreia do Sul, assim como relembrar que tivemos um ato militar idêntico no Brasil em 1960, para ter em mente que precisamos compreender o passado para evitar que ele se repita no futuro.

Essas foram algumas das nossas indicações de livros escritos por autores coreanos, o que achou? Compartilhe com os amigos que precisam conhecer essas obras e boa leitura!