O coreografo Jay Kim do famoso studio de dança coreano 1MILLION, esteve no Brasil, e nos concedeu uma entrevista exclusiva!


Em fevereiro/2018 o bailarino e coreografo Jay Kim, integrante da famosa 1MILLION esteve no Brasil realizando um workshop. Nossa equipe teve o prazer de obter uma entrevista exclusiva com o artista.

Nessa matéria, conhecemos a essência de sua arte e toda sua motivação para continuar dançando. Conhecemos um jovem rapaz que dá tudo de si até atingir limite físico, que teve altos e baixos na vida até encontrar o que realmente lhe deixava realizado. Recebemos de presente respostas puras e de alma despida.

Com vocês, o inspirador…. Jay Kim!

 

ENTREVISTA COM JAY KIM

Iniciamos a entrevista questionando-o sobre desde quando a dança é presente em sua vida, e quando surgiu o interesse pela arte. Recebemos uma resposta pura, demonstrando logo de início o quanto Jay é uma pessoa simples e cheia de histórias para contar.

Jay explicou: “Quando estava no sétimo ano do ensino fundamental, vi uma pessoa fazendo b-boying no acampamento da escola e acabei me apaixonando pela dança. Passava o dia ensaiando com os amigos e quando vi, já tinha passado muito tempo. Neste processo, quando fui para uma etapa mais profissional, fiz mais uma escolha e agora estou aqui.”

K4US: Quando começou a dançar, acreditamos que tenha tido modelos e inspirações. Quem eram os dançarinos/bailarinos que admirava? E como se sente sabendo que hoje é inspiração para milhares de pessoas em todos os continentes?

Jay Kim: Por um bom tempo, eu não tive um modelo de inspiração. Podemos dizer que eu me concentrava muito em mim mesmo. Sempre dancei pensando em como este passo será para mim, como serei visto, e quem sou eu. E outros coreógrafos sempre diziam que eu tinha um coração puro e que isso era muito forte. Eu penso que sempre deve dançar com um pensamento honesto e correto então, espero que outros coreógrafos ou dançarinos concordem comigo neste ponto e fico muito emocionado em saber que vão surgindo outras pessoas que pensam como eu.

Questionamos o coreógrafo sobre sua visão cultural da dança, e somos surpreendidos com uma resposta que nos leva a reflexão inclusive sobre o comportamento das pessoas.

K4US: Você já colaborou com artistas coreanos e chineses, e há algum tempo vem fazendo turnês por diversos países, conhecendo diversas culturas. Em algum desses lugares, se deparou com alguma particularidade na dança devido à cultura local?

Jay Kim: Acredito que o ambiente cultural influencia em certos pontos na dança. Um ambiente social como Alemanha, por exemplo, possuem filmes e novelas que, para o pessoal mais jovem, é muito pesado de assistir, tendo dificuldades em concordar. Como normalmente o comércio fechas às 22 horas, esse pessoal não tinha onde gastar as suas energias e por isso que surgiu o “boom” pelo K-POP, que dançando, eles se sentiam realizados e a energia também era muito boa. Neste ponto, se formos analisar, acredito que sim. Recebe influências culturais.

Decidimos, então, nos aprofundar na parte profissional e entender como Jay Kim costuma trabalhar. Percebemos que Jay leva o assunto muito a sério, colocando sua alma e essência em suas criações.

K4US: Como é o processo de criação de uma coreografia? O que você leva em conta na hora de criar os movimentos?

Jay Kim: A ordem que eu faço a coreografia é primeiro ouvir a música, depois leio a letra ou assisto o video clipe da música. Então eu vejo o assunto e analiso se é uma música compatível com a minha história ou sentimento. Depois ouço a música mais uma vez pensando algo mais geral e no desenvolvimento, e só então começo a pensar em passos mais detalhados. Por último vejo num âmbito mais geral se os passos estão de acordo com o estilo da música e o que está sendo representado, vejo a desenvoltura, e depois de fazer a correção, se for preciso, ensaio com outros dançarinos ou coreógrafos e faço as performances.

K4US: Qual foi sua criação/coreografia que mais te agradou após finalizada? E qual foi a mais desafiante?

Jay Kim: Quando trabalhei com o ex-membro do EXO Luhan, acho que foi o mais difícil e também quando saiu o resultado, fiquei muito contente. Os outros dançarinos e coreógrafos que trabalhei junto se esforçaram muito e também porque foi o primeiro trabalho que participei como coreógrafo e diretor principal então ensaiei toda madrugada durante 1 mês ainda dando continuidade para outros projetos pessoais o que foi muito cansativo seja no cansaço físico quanto psicológico.

Assista a coreografia criada por Jay Kim para o MV “Roleplay” do Luhan:

Não podíamos deixar de citar o 1MILLION, a família a qual Jay Kim faz parte e que tanto interessa dançarinos e fãs de kpop pelo mundo todo.

K4US: Como você se juntou ao 1Million? Nos conte sua história dentro da academia de dança.

Jay Kim: Eu fiz a minha primeira coreografia quando estava no exército. Vi, por acaso, o anúncio de audição da Brain Dance Studio (O antigo One Million Dance Studio) e por sorte terminei o meu serviço militar. Após ser aprovado, participei, mas por várias coisas que não deram certo acabei tendo que sair. Após isso, passei mais ou menos 1 ano sozinho e fui procurar novamente o pessoal da One Million falando que queria começar novamente e eles me receberam novamente de braços abertos e recomecei como estudante, passo a passo. Daí tive uma ótima oportunidade de assistir uma palestra de um grande coreógrafo e então, comecei.

Confira uma das coreografias que Jay criou para o 1MILLION:

K4US: Use 3 palavras para definir o que a dança significa para você hoje.

Jay Kim: É o portfólio da minha vida. Se pensar em 3 palavras, não consigo pensar bem… T_T

Tentamos fazer um bate volta com o artista, mas ele deixou claro que não consegue resumir a dança em 3 palavras, pois é difícil resumir uma vida inteira em 3 palavras.

Seguimos a entrevista interessados em saber sobre as realizações de Jay.

K4US: Aos seus olhos, qual a sua maior conquista como bailarino e coreógrafo?

Jay Kim: Acredito que seja auto-estima. Antigamente era muito introvertido e era do tipo que me segurava muito, mas acredito que melhorei bastante nessa parte.

Naturalmente, ficamos curiosos sobre suas impressões sobre o Brasil e então, demos um novo rumo a entrevista.

K4US: O que passou pela sua cabeça quando foi confirmado que viria ao Brasil para realizar um workshop?

Jay Kim: Sendo um país que visito pela primeira vez e também por ser muito longe, tive várias preocupações desde o tempo de vôo e tudo mais. Mas por outro lado, estava muito ansioso porque já tinha ouvido dizer que era um país de fortes paixões.

 

Jay ministrando aulas do Workshop “Expression” no Brasil. Reprodução: Storyvent

 

K4US: Vimos no seu instagram que na legenda de uma das fotos você perguntava “quem quer o meu abraço?”, obtendo muitas respostas amorosas. Também vimos vários vídeos emocionantes com abraços em grupo, uma característica forte da sua personalidade. Como é sua relação com seus alunos, amigos, família, etc.?

Jay Kim: Acredito que é difícil dizer que mantenho amizades com todos os alunos, já que quando estava no OneMillion, tinha bastante alunos que vinham de outros países e era difícil manter uma relação mais profunda. Mas, normalmente, com relação a familiares e amigos, tenho uma relação muito profunda e longa com amigos. Por isso torcemos sempre um pelo outro, quando temos dificuldades nos apoiamos um no outro, reerguemos um ao outro e temos uma relação muito boa assim.

K4US: Sendo um nome respeitado e um grande observador da cena, poderia nos dizer o que o mundo da dança tem de melhor e de pior?

Jay Kim: Se falar sobre pontos positivos, é que posso encontrar muitas pessoas e também que posso transpassar sinceramente os meus sentimentos ou histórias. Assim, o ambiente de trabalho é mais livre e tem também as vantagens de que não sou exposto aos problemas de hierarquia como acontece normalmente nas empresas.

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K4US: Qual frase você leva consigo como filosofia de vida?

Jay Kim: Ao invés de dizer uma frase, eu sempre tento trabalhar com estas três palavras: momento, imersão e entrega. Especialmente porque eu acho que essas palavras são a parte mais importante da minha dança. E sempre tento abordar meu trabalho com todo o meu coração.

Infelizmente, a entrevista teve que chegar ao fim. Jay parece ser uma pessoa cheia de boas mensagens para passar e realmente muito envolvente, desde sua personalidade, até à forma como usa as palavras.

K4US: Agradecemos seu tempo dado a essa entrevista. Existe alguma mensagem em especial que gostaria de deixar aos brasileiros que admiram seu trabalho?

Jay Kim: O Brasil é um país lindo. Há trocas de sentimentos… Felicidade, tristeza e paixão. Em um aspecto específico, o Brasil tem um lado mais humano entre todos os países que visitei, é um país cheio de vida. Então eu quero muito visitá-lo novamente, também conhecer muitos outros aspectos culturais do Brasil e dar uma chance às pessoas (conhecer mais pessoas).


Agradecemos imensamente à Storyvent por ter nos permitido a realização dessa entrevista, pois a experiência de receber respostas tão verdadeiras nos encheu de emoção.

Agradecimento especial ao excelente trabalho de Cho Hena pela tradução da entrevista do coreano para o português.

Esperamos que você, caro leitor ou leitora, tenha se divertido, se inspirado e se emocionado com Jay Kim, assim como nós. Não vemos a hora de tê-lo em terras brasileiras novamente.

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Entrevista pela equipe de redação da K4US.
Tradução kr-pt: Cho Hena
Produção do Workshop: Storyvent
Por favor, não retirar sem os créditos www.k4us.com.br